Capítulo 10

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Faz tanto tempo que eu senti pela última vez como era ser desejado por alguém, não que Janeanne estivesse me desejando, mas ela me beijou e disse que me acha bonito, o que mais isso poderia significar? Estou com o meu braço por cima dos seus ombros enquanto caminhávamos em direção a praia, não conversávamos sobre nada o silêncio já nos bastava naquele momento e aproveitar a sua companhia era tudo o que eu queria.

As dores nos meus pés só aumentavam e eu me sinto sonolento logo que colocamos os pés na areia. Ela sorria como uma criança que acabará de ganhar um brinquedo novo e corre chutando a areia, não posso evitar, estou rindo junto a ela.

– Só não vá chutar areia nos seus olhos! – Grito para ela e me sento na areia respirando mais aliviado agora que os meus pés estavam descansando.

– Talvez eu chute e você terá que cuidar de mim. – O frio cresce em minha barriga e eu sinto as minhas bochechas quentes, começo a pensar em Janeanne deitada sobre a minha cama enquanto o meu corpo está sobre o seu, a maneira como ela era direta me pegava tão desprevenido... Afasto aquele pensamento inapropriados da minha cabeça e ela vem em minha direção. – Vamos ali na beira sentir a água? – Eu queria tanto ficar sentado aqui mas também queria aproveitar o tempo que tínhamos, com um sorriso grande nos lábios ela estendeu a mão para mim e eu agarrei me levantando com a mochila na costa.

Enquanto nos aproximávamos da água percebo que nossas mãos ainda estavam juntas mas agora entrelaçadas enquanto balançavam para a frente e para trás seguindo o impulso dos braços de Janeanne. O meu corpo se arrepia logo que os meus pés entraram em contato com a água e ela sorrir olhando para mim.

– Você não vem muito a praia, não é?

– Não tenho tempo, todas as horas ou minutos que me sobram eu uso dormindo. – Sorrio nasalado e olho para as nossas mãos juntas. – Obrigada por hoje, acredite eu nunca me diverti tanto assim.

– Sério? Mas só tomamos sorvete e viemos a praia. – Ela se vira ficando de frente para mim e eu sinto o meu coração dando cambalhotas em meu peito.

– Isso é suficiente para mim. – Minha mão livre coloca um de seus cachos para trás de sua orelha e a vejo corar com o gesto. – Gostei mais de estar na sua companhia do que do sorvete.

– Uh Felix, você também não precisa exagerar tanto, aquele sorvete estava dos deuses. – Um sorriso ladino cresce em meus lábios enquanto ela ainda me olhava e piscava com aqueles lindos e longos cílios.

– As vezes acho que conheço você... – Vejo toda a felicidade se esvaindo do seu rosto e me pergunto se disse algo errado, sua face se tornou séria e talvez um pouco assustada mas o que eu tinha dito de tão ruim? – Eu disse algo errado?

– Não, não, não. – Ela se apressa para me tranquilizar e eu consigo respirar aliviado. – Só acabei me lembrando de uma coisa mas já passou.

O vento suave e o som das ondas me deixavam relaxado naquela noite, Jane e eu estávamos deitados sobre a minha mochila observando o céu estrelado sobre nossos olhos, o momento era tão simples mas tão feliz que eu não queria sair dali.

– Posso chamá-la de Jane? – Apesar do apelido me causa estranheza, ela vira-se para me encarar e assente em seguida. – Acho Janeanne um nome lindo e diferente mas é bem grande. – Estou começando a me acostumar com aquele sorriso.

– Hm eu não gosto do meu nome por esse mesmo motivo, mas quando você diz... – Os seus lábios se comprimem e ela interrompe o que ia dizer.

– Não vai concluir a frase? – Pergunto e mais uma vez naquela noite eu a vejo corar.

– Ainda é um pouco cedo para concluí-la.

Já se passavam das uma da manhã, Jane e eu agora estávamos dentro de um táxi indo deixá-la em casa mas eu não quero que ela vá, posso passar mais dez horas ao seu lado ouvindo-a falar, eu não me importo.

– Jane, acho que chegamos. – Digo para ela que estava deitada sobre as minhas pernas e se levanta em seguida, fico boquiaberto com o tamanho de sua casa, eram três pisos com certeza tomados por coisas luxuosas. – Uau, você mora mesmo aqui?

– Sim, essa é uma das nossas casas... – Uma das? Com certeza o seu pai é criminoso. Saio do carro para lhe acompanhar até a porta enquanto o motorista do táxi ainda me aguardava e me sinto minúsculo perto da imensidão que era a entrada daquela casa.

– Obrigada pela noite de hoje Jane, espero que possamos repetí-la algum dia.

– Me dê o seu número, podemos marcar alguma coisa quando você não estiver tão ocupado. – Ela retira o seu celular de última geração do bolso e eu digo o meu número para que ela possa salvá-lo. – Mando uma mensagem para você já já. – Ela sorrir e me da um beijo na bochecha e eu arqueio a minha sobrancelha lembrando que fizemos muito mais do que dar um beijo na bochecha hoje.

Decidi não dizer nada ao lembrar do taxímetro contando, ela entra em sua casa e eu entro de volta no carro. Vai ser difícil não ficar ansioso enquanto espero por uma mensagem sua.

Estava sentado mais uma vez sozinho na sala de aula enquanto comia o meu sanduíche quando Jane e suas amigas entraram, o meu coração começou a bater tão depressa que eu conseguia senti-lo, ela me causava pânico.

– Hmm Felix o que você tem aí? – Ela vem na minha direção e puxa o meu sanduíche analisando o que tinha dentro dele. – Ew, onde você achou isso? No lixão? – Ela arremessa o sanduíche em minha carteira e eu cerro os meus punhos reunindo todas as minhas forças e coragem para enfrentá-la.

– A sua mãe que fez para mim. – Ela me olha com ódio e em seguida vira a cadeira onde eu me sentava. Eu acabo amassando a mão e um grito de dor me escapou no mesmo instante.

– Com certeza ela viu que você era um menininho feio... – Eu queria jogar a cabeça de Jane contra a parede diversas vezes até ela me implorar para parar, mas minha mãe ficaria tão triste.

In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora