Capítulo 12

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Quanto mais tempo eu passava ao lado de Jane, mais queria saber sobre ela, mas ela era um livro selado com um cadeado cheio de códigos à serem desvendados. Sempre que pedia para que ela me contasse algo sobre a sua família ela sempre dizia que eles eram pessoas difíceis de lidar e quando as perguntas eram sobre ela, sempre dizia que não se sentia confiável para respondê-las.

Eu entendo que ela não é obrigada a responder, mas se estamos tentando ter algo, por que não nos conhecemos? Ela sabe tanto sobre mim e já conhece a minha família e eu nem sei o nome da sua mãe.

– Por que tá dormindo olhando para o notebook bobão? Não tinha trabalho hoje? – Olivia se sentou a minha frente na mesa de jantar, eu estava tão concentrado procurando alguns apartamentos no notebook que nem notei quando ela entrou na cozinha.

– Estou de folga hoje.

Olivia fazia muito bem o trabalho de irmã mais nova, estava sempre encrencando comigo e arrumando motivo para brigarmos mas a mamãe nunca engolia as suas desculpas esfarrapadas.

– Aquela escola onde você estudava vai ser demolida, sabia? 

Por alguns instante o meu corpo trava, vivi tantos momentos ruins naquele lugar que fiz questão de apagá-lo e bloqueá-lo nas minhas memórias, haviam coisas que não mereciam ser lembradas e aquele lugar era uma dessas coisas. Por mim poderiam construir um cemitério sobre aquela escola que eu ainda acharia pouco.

– Como você soube disso?

– O irmão mais velho da minha melhor amiga estudava lá, ela me contou.

– Legal.

É tudo o que digo antes de fechar o notebook e subir para o meu quarto, os olhos de Olivia me seguiram até que eu finalmente sumisse de vista. Pouco me importa o que fazem com aquele lugar, por que ela tinha que tocar nesse assunto? Estava muito bem mantendo aquela escola esquecida nas profundezas da minha cabeça.

Estava sentado sozinho em uma das mesas do refeitório comendo o meu lanche, as crianças daqui tinham bastante dinheiro e sempre compravam os seus lanches na cantina da escola, mas eu trazia o meu próprio lanche.

Quando me levanto para voltar a sala de aula, Jane passa por mim e esbarra em minha lancheira fazendo com que ela caia no chão e se parta.

– Da próxima vez eu jogo você no chão se entrar no meu caminho mais uma vez... – Ela diz e sai andando rindo com as suas amigas.

Algumas coisas eu nunca saberei sobre Jane e uma delas é o porque de descontar toda a sua raiva em mim, sei que pareço muito um menino frágil, mas não sou e um dia ela terá tudo o que merece.

Sempre que lembro-me dos momentos naquele lugar sinto vontade de vomitar, o meu coração acelera e as vezes sinto como se estivesse vivendo aquilo tudo de novo. Pego o meu celular e ligo para Janeanne que demora a atender.

– Já estava com saudades? – Ela brinca quando atende e um sorriso escapa pelos meus lábios. Sempre estou com saudades dela, parece ser a única pessoa que me faz bem e é capaz de me entender.

– Sempre estou, o que está fazendo?

– Só tentando ajudar os meus pais com algumas coisas, porque? – Ouço um suspiro seu do outro lado e me contenho para não perguntar que coisas eram aquelas.

– Estive olhando alguns apartamentos para alugar e pensei em visitar alguns, quer me acompanhar?

– Claro, me manda o endereço.

Tomo um banho rápido, visto-me com uma bermuda, uma blusa branca sem estampas e calço os meus tênis, estava fazendo um pouco menos do que trinta graus lá fora e tinha que me vestir adequadamente para suar a vontade.

Quando o uber para em frente ao prédio em que iria ver o apartamento, não avisto Jane, então desço do carro e envio uma mensagem para ela.

– Felix! – Viro-me rapidamente na direção em que ouço o meu nome ser chamado e vejo Jane correndo em minha direção enquanto desviava de algumas pessoas que passavam por ali. Ela avança em mim com um abraço envolvente em meu pescoço e por alguns segundos eu não tenho a mínima ideia do que devo fazer, mas então as minhas mãos rodeiam a sua cintura e eu a aperto contra o meu corpo. – Obrigada por me salvar dos meus pais, estou devendo você mais uma vez.

– Já posso cobrar o favor então? – Pergunto quando o seu rosto se afasta e ela olha diretamente em meus olhos ainda com os braços no meu pescoço e assente que sim. – Então eu quero você me beije.

Ela ergue as sobrancelhas cheias de surpresa e depois um sorriso nasce em seus lábios. Jane se inclina em minha direção e logo estamos nos beijando enquanto algumas pessoas passavam por nós e olhavam com estranheza, mas eu não me importei e com certeza ela também já que parecia me puxar ainda mais contra o seu corpo. As coisas estavam prestes a sair de controle e minha única saída é interromper aquele beijo.

– Vamos entrar? Ainda temos que ver outros apartamentos. – Ela assente e entramos no prédio de mãos dadas, tenho certeza que ela não havia percebido isso, parecia algo tão natural para ela estranhar. Se aquilo era ir com calma, estou ansioso para saber o que é ir com pressa.

O apartamento era bem grande, a sala e a cozinha eram pintados em tons de cinza, preto e branco, o dois quartos eram marrom claro e o banheiro branco e preto. Haviam mais dos apartamentos para olhar mas aquele já havia me ganhado somente pela planeta de cores e Jane também adorou, soube pelo brilho nos seus olhos ao olhar cada cômodo...

In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora