Capítulo 16

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Estou trabalhando desde as quatro horas da manhã, sinto o meu estômago se enrolar com alguma outra coisa dentro de mim e me inclino para frente com a mão sobre a barriga, quando foi a última vez que comi algo? Involuntariamente o meu corpo se encolhe mais uma vez e eu me abaixo no chão tentando aguentar aquela dor que já estava sentindo a alguns dias.

– Felix? – ouço a voz de Mary quando ela vira o corredor e me encontra naquela posição. – Querido, o que você tem? – quando ela se abaixa em minha frente, sinto sua mão tocar o meu rosto e eu finalmente consigo olhá-la.

– Estou com dor no estômago, mas já vai melhorar.

Tentei ser positivo em relação, mas não adiantou, a dor continuou a ponto de eu não conseguir ficar de pé. Mary me levou para uma consulta rápida onde fui medicado e alguns minutos depois um alívio rápido me preencheu.

– A quanto tempo você vem sentindo essas dores? – a doutora Hillary me perguntou e eu tentei me lembrar de quando aquilo começou a acontecer.

– Já tem um tempo, mas quando bebi na semana passada a dor piorou.

– Sua família tem histórico de doenças crônicas? Ao que indica você está sofrendo de gastrite, mas temos que fazer alguns exames para saber o tipo.

– O meu pai tem gastrite crônica...

– Você vai fazer endoscopia e aí dependendo do resultado eu passarei seus medicamentos e uma lista de alimentos que você deve ficar longe, tudo bem? – eu assenti. – Mas por enquanto, evite café, refrigerante, alimentos com muita gordura e doces em exceção. Gastrite precisa se tratada para que não evoluída e se torne algo mais sério, é a doença que atinge a maioria das pessoas.

Eu concordei e sai do consultório com um atestado médico para o resto do dia, quem diria, seria atendido dentro do hospital onde eu trabalho. Mary aproveitou o horário de almoço para me dar uma carona até em casa e no caminho ela me contava sobre o quanto sofreu com a gastrite da adolescência, principalmente porque vivia em uma situação estressante todos os dias.

Já estava de saco cheio da palavra gastrite sendo mencionada, podia jurar que meu estômago estava voltando a dor só de pensar.

– Chegou cedo hoje... – Olivia disse enquanto descia as escadas.

– Estou de atestado.

– O que aconteceu? – mamãe rapidamente apareceu na sala. – Você tá bem?

– Apenas suspeita de gastrite, tenho que fazer um exame para saber direito. – caminho em direção a cozinha e lavo as minhas mãos, quando olho para a porta vejo mamãe e Olivia me encarando. – O que foi?

– Você fala como se não fosse nada demais, já pedi para você tomar café da manhã antes de sair, almoçar no intervalo e parar de comer essas porcarias congeladas e rápidas, mas você nunca me escuta, não é?

– Mãe eu não vou morrer por isso, relaxa. – me arrependo no mesmo momento em que termino a frase, era óbvio que se não né cuidasse poderia morrer por aquilo.

– Não vai? Deus queria que você nunca sinta as coisas que o seu pai passou quando teve que se operar por causa de uma úlcera gástrica Felix.

– Desculpe, eu me expressei de forma errada, vou ter mais cuidado com a minha alimentação a partir de agora, prometo.

Tento tranquiliza-la mas como mãe, sei que aquilo não adiantaria para ela. Depois de tomar um bom banho e tirar o cheiro de hospital de mim, visto-me com um conjunto de moletom e meus chinelos, desço para a cozinha e preparo algo leve para comer.

Estava sentado na sala assistindo um programa idiota que achava parceiros e parcerias para as pessoas quando alguém bate na porta de casa, Olivia levanta-se num salto que se eu não tivesse tirado minha perna do caminho ela com certeza levaria junto. Ouço ela suspira frustrada quando abre a porta e em seguida olha para mim.

– É a sua namorada, idiota.

O meu coração se acelera, não falo com Jane desde o nosso pequeno desentendimento na semana passada, estava tentando dar espaço a ela depois de forçar tanto a barra depois daquela bebedeira. Juro, o meu estômago começou a arder quando pensei na possibilidade de vê-la cara a cara, estava envergonhado pela forma como agi. Finalmente levantei do sofá e fui até a porta que Olivia deixara aberta para mim.

Lá estava Jane, o meu coração deu uma cambalhota dentro do peito quando vi os seus lindos cachos iluminados pelos últimos raios de sol do dia. Ela sorrir para mim com aqueles lindos lábios agora preenchidos por um batom rodado e os seus olhos apertados pelas lindas bochechas fartas me fazendo cócegas na barriga.

– Oi, podemos conversar? – eu rapidamente concordo e então fomos para o meu quarto para termos mais privacidade. Assim que ela se senta em minha cama e eu fecho a porta do quarto, ela fala: Os meus pais vão passar o final de semana na casa de praia e eu andei pensando no que você disse e decidi que é hora deve conhecê-los.

Por sorte eu estava apoiado contra a porta se não eu tinha caído de bunda no chão.

– Vamos na sexta-feira de manhã e se você topar, pode viajar com a gente e conhecê-los. Já os avisei sobre você, disse que estávamos saindo, nos conhecendo e que você queria muito, muito, muito conhecê-los.

– Muito, muito, muito? – as minhas sobrancelhas estão erguidas com essa declaração e ela parece se divertir com a minha reação.

– Você ainda quer conhecê-los?

– S-sim! Claro que sim, só não pensei em passar um final de semana inteiro com eles – bufei. – você ao menos preparou o terreno para mim, disse que sou legal, gentil e enfermeiro?

– Claro sim, por isso eles toparam levar você junto, na mente deles você ganha o mesmo que um cirurgião plástico. – acabo rindo e vou em sua direção, finalmente toco Jane depois de dias, ela estava tão cheirosa e suas mãos tão macias.

Quando finalmente ela se levanta da minha cama e me abraça, sinto o cheiro do seu cabelo que eu tanto amo e aperto o seu corpo contra o meu.

– Senti a sua falta, achei que não ia querer me ver tão cedo.

– Pelo visto se enganou, andei pensando em você todos os dias. – ela confessa e se afasta de mim deixando um beijo no canto da minha boca.

Na quinta-feira de manhã, como havia marcado, eu estava no hospital junto a minha mãe para fazer a endoscopia, precisava de um acompanhante comigo já que ficaria sobre efeito da anestesia por algum tempo. Quando finalmente entro na sala de exame, a enfermeira me pede para beber algo num copinho branco, em seguida me pede para abrir a boca e espirra algo em minha garganta, vejo-a colocar um equipamento esquisito em mim que me mantém de boca aberta quando deito na maca e depois disso não lembro-me de nada mais.

De repente estou na sala de espera ao lado da minha mãe novamente, olho para ela e em seguida pego o meu celular que estava em suas mãos.

– Que horas o pai vai chegar? – as palavras simplesmente saem da minha boca e juro tê-la visto arregalar os olhos por alguns instantes mas em seguida ela me manda ficar de bico fechado.

In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora