Capítulo 06

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Na manhã seguinte acordo por volta das onze da manhã quando mamãe bate na porta do meu quarto para me trazer o café da manhã.

– Conseguiu descansar? – Cheguei as cinco e vinte oito da manhã depois de quase oito horas de cirurgia.

– Um pouco, ainda estou muito cansado. – Pego a xícara de café quente e entorno um pouco. – Obrigada pelo café, daqui a pouco tenho que ir até a secretaria para entregar alguns documentos.

– Nem acredito que você já está se formando, foram longos quatro anos não foram? – Gostava de sentir o orgulho que minha mãe tinha de mim, tive a sorte de nunca ser pressionado por ela para estudar para uma profissão específica.

– Foram, mas valeu a pena. – Se me arrependo por cada noite sem dormir por causa do trabalho? Sim, claro que sim, mas todo esse sacrifício que faço deixando a minha vida de lado para salvar outras vale a pena.

Faltava pouco para me formar então deixei alguns currículos no hospital onde já trabalho, preenchi formulários e enviei para outros, queria muito poder ter a sorte de continuar no hospital onde já estou. Já estou familiarizado com alguns enfermeiros como a Mary por exemplo, é uma mulher de quarenta e sete anos de idade que ama o trabalho que faz, mesmo quando está exausta, ela está sorrindo e agradecendo a Deus pelo dom que ele lhe deu.

Depois de enviar os meus currículos, tomei um banho e desci as escadas vendo Olivia sentada com o seu namorado na sala de estar, os dois estavam assistindo um filme na televisão e ela me olha assim que me ouve descendo as escadas.

– Olha só, ainda tenho um irmão eu acho. – Os meus olhos reviram tanto que começo a achar que estão presos atrás da minha cabeça.

– Nem com o Sebastian aqui você consegue me deixar em paz. – Digo passando por ela e indo na direção da cozinha.

Quando abro a geladeira para pegar a jarra com suco de maçã, o meu celular toca e eu suspiro, estava fazendo estágio ainda mas o pessoal do hospital já me tratava como um funcionário de lá. Corre de volta para o meu quarto, troco de roupa e vou correndo para a ponto de ônibus.

Haviam muitos pacientes, crianças com catapora, dor de barriga e vômito, tento ajudá-los ao máximo possível e agradeço ao universo por ter mais enfermeiros desta vez.

– Tudo bem? – Mary chega ao meu lado quando abre a cortina, termino de dar injeção no meu paciente e respiro fundo assentindo que sim. – Conseguiu descansar?

– Sim, finalmente. – Jogo o lixo no cesto, Mary e eu ouvimos uma gritaria no corredor e nos entreolharmos, às pressas saímos da sala onde estávamos e posso ver um homem louco gritando com uma funcionária do hospital, quem diabos ele pensa que é? Atrás dele estava uma mulher e quando ele finalmente sai da frente vejo que era a mesma garota que esteve aqui noite passada e o idiota era o seu namorado.

Ricky olha em minha direção furioso e eu me pergunto o que ele faz de tão bom para que eles continuem juntos.

– Aí está você, seu panaca! – Ele gritando dando passos largos em minha direção e a sua namorada tenta puxado pelo braço mas faz uma feição de dor, o seu pulso ainda estava torcido e ela estava fazendo força para controlar aquele troglodita.

– Pare de gritar, você está em um hospital. – Digo firme e olho para Mary atrás de mim. – Chame os seguranças, por favor. – Ela assente e sai correndo e quando me viro, Ricky me acerta um soco no rosto.

– É você quem anda enchendo a cabeça da minha garota com bobagens, não é? Com toda essa historinha de relacionamento abusivo e agressão, nunca lhe ensinaram que em briga de marido e mulher ninguém se mete a colher?

Passo a palma da mão pela minha bochecha quente e olho para o rapaz a minha frente, logo atrás dele estava ela, chorando como um bebê.

– Qual o seu nome? – Pergunto para ela que arregala os olhos e seu namorado me puxa pelo colarinho do meu uniforme.

– Não me ignore seu filho da puta metido, quem você pensa que é?

– É Janeanne! – Ela diz e Ricky olha em sua direção.

– Janeanne você precisa de ajuda? – Agarro os pulsos de Ricky em meu colarinho e quando a vejo assentir que sim, retribuo o soco que ele me deu, ele cambaleia para trás com a mão na boca e os seguranças finalmente chegam e o carregam para fora.

– Eu sinto muito, sinto muito mesmo. – Ela vem em minha direção e toca o meu rosto com sua mão gelada, sinto um pequeno arrepio com o contato, ela percebe e retira a sua mão do local machucado. – Eu tentei conversar com ele sobre as agressões mas ele ficou tão chateado, perguntou quem estava fazendo a minha cabeça contra ele e ameaçou me bater se eu não contasse. – Ela ainda soluçava de tanto chorar. – Me perdoe.

– Você não mora com ele, mora? – Ela nega e eu respiro aliviado. – Quer que eu a acompanhe para uma delegacia? Você precisa denunciá-lo.

– Eu sei, irei fazer isso mas agora me diga o que posso fazer por você? É culpa minha toda essa situação no seu trabalho, me sinto péssima.

– Não precisa fazer nada por mim.

– Por favor doutor. – Ela me chamou mesmo de doutor? O meu coração vacilou ao bater um pouco mais forte.

– Quer jantar comigo? – Nós dois arregalamos os olhos, eu pela minha coragem de chamá-la para sair e ela com certeza por me achar um esquisitão, mas me surpreendo mais uma vez quando a vejo concordar.

In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora