Capítulo 28

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As vezes tenho a sensação de vazio me perseguindo e me perguntava o que estava faltando em minha vida, tinha um bom emprego, um lar para chamar de meu, uma garota legal e liberdade mas ainda assim me sentia vazio.

As coisas ao meu redor estão girando, observo a garrafa em minha mão e percebo que já estava pela metade, viro o resto do líquido inclinando a cabeça para trás e quase sou levado ao chão pela tontura. Não sei o que deu em mim, de repente comecei a beber tudo o que via pela frente e Mady me acompanhava mas não bebia nada.

– Que tal parar um pouco? – ela diz tentando tirar a outra garrafa da minha mão e eu recuo para o lado resmungando um "não". – Felix por favor, você já bebeu muito.

– Não posso me divertir? Que droga! – minha voz sai alta num grito e percebo que joguei a garrafa no chão, ela se estilhaçou diante dos meus pés e de Mady.

Ela estava me olhando cheia de raiva nos olhos e eu não a culpo, fiz besteira, sei que fiz.

– Que bagunça... – ouço Hyunjin falando quando ele entra na cozinha e agora eu estou morrendo de raiva. – Melhor saírem, podem acabar se machucando com os cacos. – Machucando... eu vou machucar você com esses cacos.

Mady sai na frente e quando tento andar, tropeço nos meus pés e quase caio no chão mas por sorte Hyunjin me segura.

– Me larga! – grito o empurrando para longe e ele arqueia a sobrancelha para mim.

– Qual o seu problema? Estou tentando ajudar você!

– Não preciso que me ajude. – rebato e sinto o meu estômago se corroer.

– Tudo bem aqui? – desta vez é Jane quem entra na cozinha, ela me olha com curiosidade e em seguida olha para Hyunjin atrás de mim.

Um grunhido de dor escapar por entre os meus lábios e eu aperto o meu estômago sentindo aquela dor infernal mais uma vez. Cambaleio para o lado e Jane agarra o meu braço me fazendo ficar de pé.

– Está com dor? – não respondo, ponho-me de pé firmando os joelhos e empertigando a coluna. Ver Jane assim tão de perto ainda me causava faíscas no coração, faíscas que a qualquer momento poderia se colidir com alguma outra coisa dentro de mim e causar uma grande explosão.

Eu não respondo, os seus olhos se dirigem para a minha mão posicionada sobre meu estômago e ela tira as próprias conclusões.

– Vem.

Ela me puxa e eu a sigo, nos passamos pelos convidados no meio da sala e em seguida subimos as escadas para o segundo andar, o que ela estava fazendo? Jane entra no quarto de Changbin, pega sua bolsa que estava sobre a cama e enfia a mão dentro procurando por algo.

– Quantos comprimidos você precisa tomar?

Olho para a cartela de remédio em sua mão e percebo que era o mesmo que eu precisava usar nas vezes em que sentia dores no estômago.

– Dois. – digo e ela aperta a cartela e os dois comprimidos caem na palma da minha mão.

Vou até o banheiro, enfio o comprimido na língua e ligo a torneira pegando água com as mãos em forma de concha e bebendo em seguida. Olho para a porta do banheiro e Jane está lá parada observando os meus movimentos, enxugo a boca com a manga da camisa e me viro em direção a porta olhando para ela.

– Como sabia sobre o meu problema?

– Olivia. – ela diz e eu me repreendo mentalmente por não ter pensado naquilo antes.

– E você anda com o remédio na bolsa? – ela assente. – Por qual motivo?

– Também tenho o mesmo problema.

Mas uma vez me repreendo por não ter pensado naquilo. O que você achou? Que ela andava com aquilo na bolsa para quando você tivesse alguma crise e ela estivesse preparada para lhe medicar? Idiota.

– Não devia exagerar tanto na bebida, na verdade, você não é de beber tanto assim, o que aconteceu?

– Aconteceu que você está com ele. – aquilo simplesmente escapa pela minha boca, o álcool realmente me deixava como um idiota. – Está aí toda feliz e sorridente com ele atrás de você o tempo todo.

– Ok, precisa que eu chame um táxi para você?

Ela vira-se saindo do banheiro e adentrando o quarto novamente, Jane pega o celular e eu me aproximo tomando o aparelho de suas mãos, por um instante juro ter visto um sorriso divertido crescendo nos seus lábios.

– Eu não quero um táxi. – digo enfiando o seu celular no meu bolso.

– Está com ciúmes?

Quero tanto xinga-la de todos os nomes possíveis por estar com aquele sorriso vitorioso nos lábios, é claro que eu estava com ciúmes, o que mais seria? Jamais senti nada tão intenso com outro pessoa como sentia com Jane, todas as vezes que a vejo sinto que vou infartar, o meu coração salta com toda velocidade e quase não consigo respirar.

– Não... – deixo a minha mentira bem evidente e ela enche o peito de ar e em seguida libera. – Não estou com ciúmes, apenas não gosto de como ele age perto de você.

– Eu avisei a você que seguiria em frente da mesma forma que voce.

– Eu não estou com ciúmes de você, não tenho motivos para sentir ciúmes, estou com a Madyson e você sabe.

– Claro, se você se sente melhor pensando assim, por mim tudo bem. – ela diz e se aproxima de mim chegando tão perto a ponto de sua respiração estar colidindo contra o meu rosto.

Ela desliza a mão para a parte de trás da minha calça e enfia a mão em meu bolso pegando o celular.

– Se gostasse tanto dela como diz, não estaria se embebedando tanto agora e não estaria morrendo de ciúmes por perceber que meu relacionamento com Hyunjin não é um fracasso como o seu e o de Madyson.

Novamente estou furioso, ela vira-se de costas tentando sair do quarto mas eu sou mais rápido e agarro o seu cotovelo a puxando em minha direção novamente.

– Você não sente nada por ele... – mesmo ainda tomado pelo álcool, digo sem pestanejar.

– Não o amo, mas estamos nos divertindo muito se quer saber. – ela vocifera olhando diretamente nos meus olhos. – não estou com ele para provar a você que consigo seguir em frente.

– Eu não estou com a Madyson para provar a você que consigo seguir em frente. – rebato usando suas próprias palavras e ela rir.

– Jura? Vocês já transaram? – quase me engasgo com a minha própria saliva e ela parece ter a resposta que precisava.

Odeio não ser tão confiante quanto ela, odeio como ela está sempre tão segura de si a ponto de falar qualquer coisa sem expressar nenhuma emoção.

– Deve ser por isso que você está tão frustrado – quero enfiar minha cabeça na parede. – talvez devesse tentar dar uma rapidinha com ela.

– Você é tão...

– Tão? – ela pergunta num tom desafiador e eu engulo minha resposta, pensei em dizer suja, baixa, mesquinhe, desmiolada, desbocada mas não digo. Sua mão desliza pelo tecido da minha blusa e brinca com os botões, estou quase perdendo os sentidos quando sua mão sobe pelo meu pescoço e suas unhas deslizam pela minha nuca.

– Boca suja... – digo quase num sussurro e ela sorrir.

– Se você não gosta dela então porque ainda estão juntos?

– Eu gosto dela.

– Não, não gosta, você só não quer admitir que se apaixonou por mim.

In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora