Capítulo 11

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As três da manhã eu saio do hospital cambaleando de sono e morrendo de fome, não tenho forçar para andar até o ponto de ônibus, queria poder me deitar aqui no chão e acorda na minha cama, mas infelizmente milagres não existem.

Reuno todas as poucas forças que me restam e caminho para o ponto de ônibus tirando o meu celular do bolso para checar se havia alguma mensagem de Jane mas não tinha nenhuma, ela disse que me mandaria uma mensagem a dias atrás quando a deixei na porta de sua casa mas não mandou, devo me preocupar? Não, com certeza não, ela vai achar que estou desesperado ou tentando acelerar as coisas.

Entro no ônibus quase vazio e me sento ao fundo, três pessoas com a mesma aparência cansada que a minha se sentavam nos bancos e eu percebo o quanto cada um dos seres humanos luta para sobreviver, trabalho é trabalho não importa os benefícios que eles tragam, todos serão dependente do seu esforço.

O meu celular vibra em mim mão e o meu coração acelera com a possibilidade de ser Janeanne, mas era apenas uma mensagem da operadora me avisando para que eu renove a minha promoção ou o meu número será cancelado, bufo enfiando o celular no bolso e encosto minha cabeça na janela do ônibus.

...

Meus dias tem sido como todos os outros, cheios de estresse, cansaço e infelicidade, Jane finalmente me mandou uma mensagem e disse que queria conversar comigo. 

A minha mente já estava cheio com toda a responsabilidade que tinha no trabalho e pensar que Jane poderia querer me falar algo sério só deixava tudo pior, não conseguia me concentrar e percebi isso quando ao invés de aplicar os medicamentos no meu paciente, eu estava olhando para um ponto fixo no chão.

Mary estava preocupada comigo e acabou me liberando mais cedo, eu agradeci tanto por isso, assim podia saber logo o que de tão sério Jane tinha para me falar. Na frente do hospital eu envio uma mensagem para ela perguntando onde ela queria me encontrar e ela responde:

Jane: na sua casa.

Na minha casa? Por que na minha casa? Não podia ser em algum lugar onde teríamos mais privacidade? Envio o meu endereço para que ela possa por no uber e pego um ônibus para casa.

Logo quando chego, aviso minha mãe sobre nossa visita e ela começa a perambular de um lado para o outro tentando arrumar quaisquer coisa que estivesse fora do lugar. Corro para tomar um banho rápido e tirar o cheiro de hospital, arrumo a pequena bagunça do meu quarto e quando termino de vestir meu moletom a campainha ecoa pela casa.

– Oi! – Mamãe diz prolongando o som do "i" e eu tento não bater a minha cabeça contra a parede. – Você deve ser a Jane, entre, Felix já está descendo.

Eu finalmente desço as escadas e ela olha em minha direção exibindo um grande sorriso, nesse mesmo momento eu me sinto honrado por ser uma das pessoas que já pode receber esse sorriso.

– Você chegou rápido. – Ela diz vindo em minha direção me abraçando e eu retribuo finalmente sentindo o seu perfume.

– Sou bem competitivo as vezes, quer comer alguma coisa?

– Não, não, eu comi antes de sair de casa.

– Bom então, vamos para o meu quarto. – Digo e seguro a sua mão e enquanto subimos ouço mamãe gritar:

– Juízo Felix!

Reviro os olhos e vejo Jane dar um sorrisinho de cabeça baixa, abro a porta do quarto e quando ela entra eu me sinto exposto. Faz muito tempo desde que estivesse sozinho em meu quarto com uma garota.

– Seu quarto é legal.

– Não tanto quanto o seu, com certeza. – Digo ao me lembrar da imensidão que era a casa onde ela vivia, seu quarto com certeza são três ou quatro do meu com uma suíte ainda. – Você disse que queria conversar comigo, aconteceu alguma coisa?

Ela suspira e se senta na minha cama e eu faço o mesmo sentando ao seu lado.

– Não é nada ruim, você e eu estamos... Nos conhecendo e eu queria que as coisas fossem com calma, acabei de sair de um relacionamento desastroso, você sabe.

– Sim, sim eu entendo isso, com certeza eu entendo. – Ela rir ao notar o nervosismo na minha fala e mentalmente eu me dou um soco por ser tão idiota assim. – Então era só isso o que você queria conversar?

– Bem, sim.

– Tem certeza? – Insisto e ela assente que sim.

Ao olhar para ela percebi que havia algo ali, algo que ela não queria que eu soubesse e se ela preferia assim, por mim tudo bem. Mas aquilo me deixou com uma pulga atrás da orelha.

– A sua mãe é uma graça.

– É sim, e a sua mãe? Como ela é?

– Ah, puxa... É uma mulher bem difícil de agradar. – Ela solto um longo suspiro e brinca com os dedos. – Desde muito pequena ela tenta me moldar para ser como ela.

– E foi assim que nasceu uma rebelde. – Arrancar sorrisos de Jane estava se tornando a melhor sensação para mim.

– Me rebelei a alguns anos atrás quando eu fiquei bebada numa reunião importante que eles fizeram lá em casa, não foi de propósito mas eu estava de saco cheio de receber ordens deles.

– Alguns pais são um saco.

In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora