11 | Leal a você

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O coração de Hermione quase parou de bater. Fosse congelada de terror ou de alguma outra emoção, ou pelo toque do polegar em seus lábios, seu corpo estava completamente imóvel.

Diante dela, ela só conseguia ver o cinza claro dos olhos dele ficar turvo de raiva enquanto suas pupilas se dilatavam.

— Você... você disse que tinha acabado — gaguejou Hermione, finalmente conseguindo dizer as palavras. — Você disse que não estava mais lutando. Isso quer dizer que não há mais mortes, eu presumo. — Mas ela não conseguia olhar nos olhos dele.

As palavras saíram dela, mas ela não acreditou nelas. Ela sabia muito bem que concordar em fazer Magia de Sangue com Draco Malfoy era se tornar cúmplice de um assassinato. Ela não sabia de tudo, mas certamente estava ciente de que as razões dele para querer a varinha da herança de seu avô eram nefastas. Se ele planejasse se livrar do assassino de sua mãe, o que o impediria de se vingar de outros bruxos de quem não gostava?

Malfoy ainda olhava para ela. Ele nem sequer se mexeu.

— Granger — começou ele, enquanto o canto de sua boca se erguia em um pequeno sorriso. — Que observação astuta. Você costuma ser uma aluna muito boa — ele fez uma pausa. — A melhor. — As pontas dos dedos dele, que estavam pousadas no queixo dela, desceram sedutoramente até o pescoço. — Uma ouvinte tão boa.

Um calafrio a percorreu. Em seu interior, uma emoção inegável estava implorando para se manifestar. O elogio fez algo com ela. Desejo.

Ele continuou.

— Eu disse que parei de lutar em nome da minha família. — Malfoy se inclinou; a mão dele agarrou sua clavícula. — Isso é tudo. Eu não disse nada sobre o que faria por você. — Suas palavras ecoaram suavemente em sua pele, dando-lhe arrepios.

Por você. Hermione exalou. Um milhão de pensamentos passavam por sua mente. Principalmente – Quando foi a última vez que alguém se ofereceu para fazer algo por ela? Sua língua passou brevemente pelos lábios secos. Ela mordeu a pele nervosamente; ela sabia que seus olhos de aço a estavam perfurando. Mas ele não precisava fazer nada por ela. E certamente não isso.

— Você não deveria – quero dizer, você não precisa — ela disse sem fôlego. Recuperando o autocontrole, ela se atreveu a olhá-lo nos olhos. — Eu posso cuidar de mim mesma. Quanto a Ron, você já fez... o suficiente.

Uma voz no fundo de sua cabeça queria acrescentar a palavra "dano", mas a palavra nunca se concretizou. Que não houvesse dúvidas, era verdade: Hermione era dona do feitiço das trevas sem varinha que Malfoy fez para ela. Embora ela pudesse ter deixado que ele a destruísse, ela o reivindicou e deixou que ele a definisse. Não apenas porque tinha de fazê-lo, mas, no fundo, porque havia uma parte dela que quase parecia tê-lo desejado que existisse. Ela desejou que o feitiço tivesse sido dela.

Um sorriso frio se formou nas feições de Malfoy.

— Dificilmente. — Porém, em uma rápida mudança de comportamento, ele tirou a mão dela. — Mas se você diz, eu acredito em você.

Hermione finalmente se afastou e voltou para seu guarda-roupa, desenterrando o Livro da Sabedoria Eterna. Ela precisava se distanciar dele para poder pensar com clareza. Quando foi a última vez que ela ouviu essas palavras? Eu acredito em você. Ela não pôde evitar o aumento de sua frequência cardíaca.

Ela carregou o pesado livro dourado para a cama. Sentada com as pernas cruzadas sobre o cobertor, ela segurou o texto no colo, abrindo a página novamente para o ritual Sanguis Aqua.

— Eu acho — os olhos de Hermione brilharam sobre as palavras em inglês antigo e latim, — que ainda farei isso com você. Eu sei que disse -

— Granger - eu — Malfoy interrompeu. Ele levou a mão à cabeça. — Eu não sei como dizer isso, mas — ele suspirou profundamente. — Você foi forçada a fazer o indescritível contra a sua vontade. — Sua voz ficou subitamente mais pesada. — Não é a mesma coisa, mas eu sei como é.

Heartlines and Bloodlines | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora