20 | Memórias de Azkaban

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Parecia tão real.

Os sinuosos corredores de pedra do Ministério eram intermináveis. Todas as portas pareciam iguais, altas e de madeira com correntes medievais. Cada sussurro frenético de — Alohomora — era inútil; todas as portas verificadas estavam trancadas. Ela podia sentir o aperto nos pulmões e a dor nos pés enquanto continuava a busca desesperada. Havia uma urgência – uma voz interior a instruiu a continuar.

Ela tinha que encontrá-lo.

Havia uma última porta no final do corredor – seria sua única esperança. De fora de seu corpo, ela podia ver a cena. Ela ergueu a varinha uma vez e acionou os movimentos do feitiço. A porta em arco se abriu.

A sala estava escura como breu. Não foi apenas devido à ausência de luz, mas um encantamento bastante pesado foi lançado propositalmente para cobrir a sala. O que quer que estivesse escondido não era para ser encontrado. Pela luz brilhante de sua varinha, ela podia ver o reflexo de algo brilhante logo à frente. Barras de metal.

Uma jaula, grande o suficiente para acomodar alguém pequeno.

— Mãe? — A voz era tão pequena. Mal atravessou a magia espessa da sala.

Ela correu em direção ao recinto. Agora iluminado pela luz que ela trouxe, ela podia vê-lo: uma criança pequena, com cerca de três anos de idade. Pele pálida, cabelos loiros cacheados. Olhos redondos e cinzentos manchados de lágrimas.

Era o filho dela.

— Não... — Ela tentou alcançá-lo, mas a magia a mandou de volta, empurrando-a com força oposta. — Socorro! — Ela chorou, mas não havia ninguém que pudesse ouvir.

.

— Hermione... estou aqui.

Os olhos de Hermione piscaram ao ouvir sua voz calma.

Draco estava inclinado sobre ela na cama, acariciando seus cabelos levemente. Embora seu quarto estivesse escuro, a luz da lua entrava apenas o suficiente pela janela para revelar seu olhar de aço, aqueles olhos cheios de preocupação. Aqueles mesmos olhos prateados.

— Um pesadelo — ela gaguejou, percebendo que estava sem fôlego, como se realmente estivesse correndo. —Sonhei que o Ministério levou nosso filho, um menino, e o trancaram numa jaula. Ele estava escondido.

Draco desceu a mão até a boca dela. Seu polegar roçou levemente seu lábio como se quisesse acalmá-la. Ele então segurou o queixo dela na mão.

— Não se preocupe, é apenas um sonho — disse ele sombriamente.

Alcançando o braço de Draco e puxando-o em volta de si, Hermione se acomodou nos cobertores mais uma vez. Ainda não era de manhã; ainda faltava cerca de uma hora até que o alarme dela tocasse.

— Só estou preocupada — ela sussurrou. — A varinha de Theo foi confiscada, mas consegui fazer com que Harry confirmasse que não havia nada suspeito em sua história. Acho que foi uma tentativa de prendê-lo. Se o Ministério está atrás de você, quem pode garantir que não irá atrás do nosso bebê?

Draco a puxou para mais perto de seu corpo. Ele beijou o topo de sua cabeça.

— Eles não vão — disse ele. — Vamos nos certificar disso.

Hermione sentiu-se reconfortada mais uma vez pelo calor do corpo dele. O familiar aroma amadeirado dele desacelerou as batidas angustiadas de seu coração.

— Está na hora — ela começou hesitante, — acho que devo ir ao seu cofre. Se a varinha for tão mortal quanto você diz, então poderemos precisar dela.

Heartlines and Bloodlines | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora