Everi e Chamada por sua mãe novamente

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CLÃ ROOCO

Everi Caminhava lentamente pelo enorme corredor que levava a ala de sua mãe. Estava no quarto de seu pai com Violet quando a criada de sua mãe apareceu dizendo que ela a estava esperando.

Odiava essas convocações, pois sua mãe não se importava com o que ela pudesse estar fazendo, ter que parar tudo e ir atendê-la e no momento Everi não queria sair de perto do seu pai. Pior ainda para ir ser criticada por sua mãe, pois, esse era o prazer de Maisa criticar tudo e todos.

Quando criança, Everi costumava ter pesadelos com aquele corredor e com o monstro que havia no final e sempre ria dela. Sempre ouvia, como era feia, como era magra demais, como era baixinha e após como era muito alta.

Acordava sempre chorando e era consolada por seu pai ou pela dona Davina que a enchiam de amor e carinho.

Everi se lembrava de estar com dez anos e estar voltando de uma visita à ala de sua mãe por esse mesmo corredor. Ela estava triste e revoltada.

Naquele dia tinha se arrumado muito para a visita, seus cabelos foram penteados e amarrados com lindos laços brancos que combinavam perfeitamente com o vestido que ela usaria, porém, sua mãe ainda a criticou imensamente. Seu cabelo não estava brilhando o suficiente, o vestido a tinha deixado gorda, sua postura estava incorreta e tantas outras falhas que ela sentia prazer

em lhe falar no curto tempo que durou a visita semanal.

Everi chorava enquanto corria pelo corredor voltando ao seu quarto. Os soluços sacudiam seu corpo.

Entrou correndo pelo quarto e quase caiu ao bater nas costas de seu pai que a estava esperando.

Com grande agilidade ele se virou e a segurou impedindo sua queda. Seu pai sorria, mas ao fitar seu rosto e notar suas lágrimas seu rosto se fechou. Com os polegares ele enxugou suas lágrimas e a abraçou.

Ao se afastar a pegou pela mão e a levou para se sentarem na cama.

- O que aconteceu, minha pequena princesa? - Everi deu um pequeno sorriso apesar da tristeza ao ouvir o apelido.

- Por que a mãe é assim pai? Ela não me ama, não importa o que eu faça, sempre está errado! - perguntou ansiosa, seus olhos cheios de lágrimas novamente. E viu o olhar do seu pai se desviar para além da janela, ele suspirou lentamente, se voltou para ela e começou a dizer.

- Sua mãe pequena, se tornou uma pessoa amargurada e as pessoas que se deixam dominar pela amargura não tem controle sobre suas emoções. Ela se tornou pessimista, infeliz e pior ainda, pessoas amarguradas não gostam de ver os outros felizes; por isso, falam coisas que machucam. Sua mãe se fechou tanto na sua tristeza que não consegue ver a preciosidade que você é. Não chore pelas coisas que ela diz e não viva sua vida tentando agradá-la ou ter sua admiração. Ela tem problemas, você não! Entendeu? Eu te amo minha filha. - Eles se abraçaram. Dentro de Comarc seu coração se apertava. Lhe era excruciante ver a tristeza de sua pequena.

Comarc saiu do quarto da filha revoltado com Maisa que estava tentando destruir a alegria de Everi, revoltado com ele mesmo pelas escolhas do passado que apesar de se passarem mais de duas décadas as consequências ainda o atingiam e o mais triste era que atingia quem ele mais amava também.

Conforme o tempo passava, Everi tentava bloquear as palavras de sua mãe, entretanto elas ainda a machucavam e a faziam chorar.

Já com doze anos estava ainda pior, seu corpo estava mudando muito rápido e às críticas

de sua mãe pioraram, ela a ridicularizava pelas mudanças, e isso a estava deixando muito insegura.

Até que um dia, dona Davina a levou a uma planície, repleta de flores e borboletas e a perguntou se elas eram iguais, logo, Everi respondeu que não, então a dona Davina explicou que o Criador é tão sábio que suas criações, embora parecidas, todas têm um diferencial que as torna únicas e especiais.

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