Embate e descobertas

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—Kyle, quem é essa? — Fechou os olhos e se encolheu, ela conhecia aquela voz.   

— Hian, essa e Violeta… ta é Violeta, a curandeira que está cuidando de Hope. Violeta esse é o Senhor do Clã Donald, Hian e o pai de Hope. Agora o tipo de monstro que ele é vou deixar você decidir no final. — Ele terminou rindo, riu tanto que segurava a barriga.    

— Não tem graça! — Hian e Violet falaram ao mesmo tempo, com as mãos na cintura, a pose parecida dos dois só o fez rir mais.    

— Fora! — Hian apontou a porta para ele, que saiu deixando os dois no escritório.

Violet se recriminava, mas como ela poderia saber que aquele homem era Hian. Ela se lembrava dele tão diferente… Lindo, bem cuidado, cabelos escuros, penteados, alto, musculoso, olhos vivos e verdes, bem-vestido e sua postura demonstrava força, controle, vitalidade... Ela o viu segurar no encosto da cadeira até seus dedos ficarem brancos. Enquanto respirava fundo.  

  — Você não deveria estar cuidando dela? O que faz aqui? Não te dei autorização para entrar em meu escritório, espero que isso não se repita. Ela percebeu que ele não iria perguntar pela filha e seu controle se foi. Como folhas em um redemoinho, suas emoções se agitaram dentro dela.   

— É por cuidar dela que estou aqui, como percebi que você não daria o ar da graça onde estava, tive que invadir seu covil. E só para constar, voltarei aqui sempre que for necessário. Eu não tenho medo de você como muitos aqui demonstram. Cuidarei de Hope por Everi, pois pelo visto você não se importa.   

Ela percebeu que falara demais, deu as costas para ele e foi em direção à porta. Ela nem o ouviu se mexer, mas de repente ele estava ao seu lado segurando seu braço, o olhar dele era frio.    

— Como você ousa dizer que não me importo!. — Ele gritou. — É por me importar que não consigo vê-la daquele jeito. Ele a soltou, andava pelo cômodo passando a mão pelo cabelo. — Fico aterrorizado com medo de chegar lá e ela está… está…     

Violet o viu socar a parede e se encolheu. Ele estava sofrendo e perceber isso a acalmou, sua raiva esfriou.    

— Hope Significa Esperança. E é por ela que eu estou tentando prosseguir. — Ele parou com as duas mãos sobre a mesa, a cabeça baixa. Ao vê-lo tão vulnerável, ela se aproximou.

— Desculpe, não deveria ter julgado você antes de conhecê-lo. Passei a noite com Hope, seu estado mexeu comigo. Contudo, tenho boas notícias, a febre cedeu e ela vai ficar bem.    Ao ouvir essas palavras, Hian levantou a cabeça, seus olhos brilhavam. Ele olhava fixamente como se estivesse procurando uma confirmação.    

— Olha, não quero fazer se sentir culpado. Vou te contar o que descobri, o que farei e o que preciso que você faça para que ela fique bem.    

— Sente-se então. — Ela escolheu uma poltrona perto da lareira. Era impossível se sentar próximo à mesa, e seguindo o seu exemplo, ele sentou na outra poltrona perto dela.  

  — Fale o que tiver que falar. Vou ouvir sem interromper, e farei o que você pedir para que ela melhore.    

— Bom, você já conversou com a Evelin? — Ela o viu franzir a testa.    

— A babá? — Ela confirmou com a cabeça.    Ele buscou em suas lembranças e nada.     — Não, mas o que tem isso haver?  

  — Tudo! Veja bem, pelo que entendi, ela era muito nova e sem experiências quando começou a cuidar de Hope. Além disso, ouviu muitos conselhos e muitos como posso dizer… — Parou pensando - Intromissão, ela é uma jovem insegura, tímida e amedrontada. E ouvir algumas coisas a deixou com medo de você.     — Mas eu nunca fiz nada a ela! — Violet percebeu que ele não entendia.    

— Vou te dar exemplos OK. Sua tia Beca antes de ir embora disse à Evelyn. — Cuide bem dela, Hian está transtornado, não sei do que será capaz. Outra criada disse. -Eu não queria estar no seu lugar, crianças se machucam e se ela se machucar o senhor Hian vai te culpar. Sua prima Ariel veio visitar a viu chorando e falou: -Ela está com cólica de chá de erva-doce para ela, não a deixe chorar tanto se Hian escutar nem quero estar aqui. E Aila, ela também falou. — Logo, logo ela vai começar a comer, cuidado, crianças engasgam com qualquer pedacinho se você não souber ajudar, ela pode morrer e não sei o que Hian faria. Outra pessoa disse que criança não pode pegar friagem para não adoecer…    

— Já sei, se ela adoecesse, eu iria ficar bravo. — Completou passando a mão pelos cabelos.    Ele não conseguiu ficar mais sentado.          

— Eu entendi que ela está com medo de mim, contudo não compreendi o que isso tem a ver com a doença da minha filha.    

— Hian crianças precisam de estímulos para se desenvolverem. Precisam brincar, cantar. Precisam estar em meio a outras pessoas que conversem com elas para poderem aprender a falar.   Com medo dela se machucar, Evelin a manteve sempre no berço e quase sempre deitada. Hope nunca foi estimulada a andar. Evelin é muito calada e como só ela ficava com Hope, sua filha também não foi ensinada a falar, pois ninguém falava com ela.    

— Eu não sabia! — Hian Acreditava que Evelin por ser mulher sabia o que fazer e estava cuidando bem de sua filha. — Mas porque ela não engorda? E a febre? A diarreia?    

— Hian, a Hope Só toma líquidos.    

— O quê?  

  — Calma! — pede percebendo a mudança no semblante dele e continua — Com medo dela engasgar, Evelyn a alimenta praticamente com leite e alguns caldos. E isso não é o suficiente. Infelizmente as crianças a partir do sexto mês já têm que ingerir comidas sólidas e uma variedade razoável para ficarem fortes. A mastigação também auxilia na fala.    

— Você está me dizendo que minha filha está passando fome. — O tom de voz dele era letal. Um tremer passa por ela.    

— Não! Ela só não está recebendo o que precisa na idade dela. — mais uma vez tentou acalmá-lo. — A febre e a diarreia acho que são devido aos dentes que estão nascendo. — Ela não iria falar que por falta de nutrientes isso também ocorria.    

— Graças a Deus consegui baixar a febre dela. Agora temos que nos juntar para estimular ela. Ajudar Hope a recuperar o tempo perdido, e se Deus quiser logo ela vai estar correndo por aí.    

— Eu não quero mais a Evelyn perto da minha filha! Você pode tomar conta dela, faça o que achar que precisa.    

— Olha, por mais que ela tenha errado, foi por inexperiência, por medo. Hope só a conhece basicamente e não será bom para a criança ficar com uma desconhecida do nada. Eu vou ficar com elas e assiná-la o que for preciso. A culpa não foi só dela, alguém aqui deveria ter percebido que algo estava errado. — Violet era justa e não ia deixar Evelin levar toda a culpa. Ao testemunhar as mudanças no semblante dele em tão pouco tempo entendeu o medo da jovem.    

— Tudo bem, mas fique de olho nela. Quero que Hope fique bem, mas não gosto disso. — Falou ríspido, com a testa franzida em sua direção.    

— Vou cuidar dela. Deus me trouxe para cá de novo com um propósito, não se preocupe, Ele está cuidando de tudo. — Engoliu em seco, respirou fundo. — Preciso que você venha ver ela. — Despistou ao perceber que falara demais de novo.    

— Ela não me conhece, não farei falta, sou um péssimo pai! Você tem razão, a culpa também é minha, deveria saber o que acontece com a minha filha. — Passa as mãos sobre o rosto e vai até a janela

— Confio em você já “Ele” não sei. “Ele” deixou a mãe dela morrer independente do quanto pedi. — Violet sentiu seu peito apertar, notando a frieza em sua voz.    

— Você é o pai dela, ela precisa de você. Não se culpe, esqueça o passado, ou melhor, olhe para ele e aprenda, faça diferente.     Com essas palavras, o deixou no escritório e voltou pensativa para o quarto de Hope.   

“Não era só a pequena que precisava de cura.”



#algumas informações pra vcs


Vcs sabiam disso????
O que estão achando gente???
Me falem desse primeiro encontro 😜

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