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Any Gabrielly

Me apresso a entrar na grande caixa metálica, para fugir do seu olhar de pena e compaixão, enfie ele no lugar mais profundo do seu corpo. Quando foi para me barrar tantas vezes dizendo que o elevador estava quebrado para que desse tempo da vagabunda ir embora ele não tinha pena nem remorso.

Quando as portas voltam a se abrir paro em frente a minha antiga casa e suspiro, um suspiro de alívio por mais estranho que pareça. Ponho a chave na fechadura e giro, a porta não abre, filho da puta. Ele trocou a fechadura e agora? Como vou pegar minhas coisas?

– Droga, droga, droga! – Digo, chutando a porta em minha frente.

– Está treinando para jogar futebol? – Uma voz vinda do elevador me assusta.

– Que merda garoto, poderia avisar que estava atrás de mim, não é? – Questiono.

– Você iria se assustar igual, estava tão distraída colocando sua raiva para fora que se eu sussurrasse no seu ouvido mesmo assim se assustaria. O quê faz? Mais precisamente, o quê a porta fez para você? – Josh questiona, levando as mãos ao bolso da calça.

– Meu ex namorado mudou a fechadura da porta. – Mostro a chave agora inútil em minhas mãos.

– E por isso estava tentando abri-la a chutes? – Ele se encosta no arco de metal, onde fica o botão para chamar o elevador.

– Estou com raiva ok?!

– Percebi.

– Olha garoto, se não vai me ajudar, não preciso de plateia para ver meu fracasso. Vá visitar seu amigo.

– Que eu saiba o corredor é público.

– Quer saber? Fique aí, fique assistindo a minha derrota e sorria, pelo menos minha desgraça serve de divertimento para alguém.

Me viro e chuto novamente a porta mas dessa vez, machuco meu pé. – Que droga! – Encosto minha testa na madeira invenizada e suspiro cansada.

– Eu posso ajudar.

– Como? Sabe fazer mágica? Ou irá abrir a porta com os dentes? O dentista do panfleto que anotou seu número ficará bravo com você.

– Para quem estava brava, chutando  a porta sem sucesso você está bem engracadinha.

– Estou com pressa, solto piadas quando isso acontece, é involuntário. – Declaro.

– Eu sei como ajudar você.

– Como? Trabalha no chaveiro?

– Não, sei algo mais prático. Se afaste. – Faço o que me pediu e Josh chuta a porta uma única vez, a abrindo com facilidade. Na minha mente se eu a chutasse, iria causar o mesmo efeito. Quem eu estou querendo enganar? Não conseguiria nada.

– Eficaz. – Olho para o interior do apartamento e vejo caixas de comida tailandesa sobre a mesa, duas taças e roupas jogadas no chão. – Podemos perceber que ele me amava, essa cena comprova suas palavras. – Dou passagem para que Josh veja, ele observa calado a deplorável cena que estava presenciando.

– Quer que eu fique aqui com você? Caso ele apareça? – Questiona simples.

– Não, aquele late mas não morde, pode ir para a casa do seu amigo.

– É que... – Ele parece tentar achar as palavras corretas.

– O quê foi?

– Ele me convidou para assistirmos o jogo de futebol mas teve que sair e só me avisou quando as portas do elevador se abriram nesse andar.

ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora