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Any Gabrielly

Estou sozinha em casa, são quase quatro da manhã e a chuva cai do lado de fora, os raios são a única fonte de luz que ilumina o apartamento.

A cada minuto sinto que as paredes se aproximam e que aquilo me sufoca de uma forma inexplicável. Sinto minhas mãos suadas e minha cabeça gira, estou tremendo e encolhida no chão da sala, vendo as paredes cada vez mais se aproximando de forma que pareça me sufocar.

Acordo assustada consequentemente acordando Josh, levo uma das mãos ao peito sentindo meu coração acelerado e minha mãos trêmulas.

– Any o quê houve? – Josh pergunta, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.

Envolvo meus braços envolta do seu tronco e sem dizer nada Josh me abraça. Me trás para perto de si, me deixando entre sua pernas, deito minha cabeça em seu peito nu, tentando normalizar minha respiração.

– Estava tudo se fechando Josh, as paredes estavam se fechando. – Digo entre soluços.

– Hey, calma, foi só um pesadelo. Estou aqui. – O abraço com mais força enquanto Josh acaricia meus cabelos, de forma que seus dedos vão e voltam sobre os fios e de certa forma isso me acalma.

Meu coração está acelerado, sinto um aperto no peito e uma angústia.

Ficamos por longos segundos assim, não gosto de incomodar as pessoas com meus problemas mas estar abraçada a Josh após ter um pesadelo seguido de uma crise de ansiedade é bom.

– Não me solta, por favor. – Peço entre soluços, me prendendo ao seu braço.

– Não irei, se acalme Any, quer uma água? – Pergunta, acariciando meu rosto.

– Depois, não saia de perto de mim. – Peço, como se Josh fosse um porto seguro em meio a escuridão.

– Não vou sair.

Josh me arruma sobre seu colo e abraçada em seu tronco tento me acalmar. Foram longos minutos assim, até ouvirmos os trovões do lado de fora e o som sendo desligado e carros indo embora. Olho a hora em meu celular e já se passam das quatro da manhã.

Com certeza não irei dormir tão cedo, quando isso acontece perco o sono e muitas vezes preciso trabalhar em poucas horas e me sinto duas vezes mais cansada quando tenho uma dessas crises.

Levanto meio desajeitada, Josh acaricia meu rosto e diferente das outras pessoas, não vejo pena em seus olhos, vejo preocupação. Fecho meus olhos ao sentir seu toque suave, acariciando minha bochecha com os nós da mão.

– Você sempre teve essas crises? – Pergunta depois de um longo tempo me observando enquanto acariciava meu rosto.

– Desde que parei de fazer terapia por causa do incêndio. – Respondo baixo sem abrir os olhos ainda aproveitando o carinho gostoso que faz em minha bochecha.

– Por quê parou?

– Não conseguia pagar. – Respondo, abrindo os olhos.

– Estou aqui, para o que precisar. – Essa fala me pegou de surpresa. – Não exite em me ligar.

Josh pega meu celular e vira a tela para que colocasse a senha. Vejo que digita algo e quando me devolve o celular e seu número está gravado na área de emergência.

– Não pense duas vezes antes de me ligar ok? – Não respondo. – Any, me diga que sim, não descansarei até que me prometa.

– Eu prometo. – Digo pegando o celular e vendo seu contato na área de emergência. – Desce comigo? Preciso beber água. – Peço, não quero descer no meio daquela gente sozinha.

– Fique aqui, eu pego para você. – Diz se levantando.

Quando Josh já não está mais no quarto me sento de pernas cruzadas, essa foi a primeira vez em anos que uma crise durou tão pouco tempo. Já fiquei horas sentindo essa mesma sensação mas parece que dessa vez ela veio mais intensa, de forma que não conseguia lidar como das outras vezes.

Depois de algum tempo você acaba se adaptando, mas eu nunca tinha tido uma crise tão forte após um pesadelo terrível. Deve ser estresse, estou pilhada com tudo que está acontecendo na minha vida e isso é um dos motivos pelo qual essas crises se tornaram tão fortes.

Em poucos minutos Josh retorna com um copo de água em mãos e também chocolate e sorrio quando o mesmo balança o alimento alegremente ao fechar a porta.

– Lá embaixo ainda está um caos. – Se referi a festa. – Vi Sina e Noah discutindo e Heyoon e Lamar afastados. Acho que deu ruim. – Diz me fazendo rir.

– Nada fora do comum. – Josh me entrega o copo de água e bebo um gole generoso.

– Achei que você ficaria melhor com isso. – Ele entrega o chocolate e sorrio.

– E acertou.

Abro a barra e destaco um dos quadrados o levando até a boca, quando minhas papilas gustativas sentem o doce do chocolate me jogo para trás, caindo sobre o travesseiro.

– Está melhor?

– Estou. – Respondo baixo.

Josh não diz mais nada, só me observa comer a barra de chocolate. Destaco um quadrado do doce e levo até sua boca, o mesmo sorri e abre a boca, pegando o pedaço com os dentes.

– Você não disse nada para ninguém sobre o que viu, não disse?

– Não, sei que é algo complicado.

– Obrigada por entender. – Sorrio ladino.

– O quê quer fazer? Acho que perdeu o sono e chocolate não irá ajudar a dormir. – Diz e eu concordo.

– Não sei, quando estou sozinha tento fazer de tudo para melhorar e isso me deixa cansada, acabo dormindo.

– Quer olhar TV?

– Não é uma má ideia. – Suspeirei, encarando a tela refletindo nossos reflexos, sentados sobre a cama.

Josh procura pelo controle e o acha na segunda gaveta ao seu lado, liga a TV e seleciona algo para vermos.

– Desenho animado? – Pergunto com o cenho franzido.

– Melhor coisa para se ver na madrugada. – Diz arrumando os travesseiros.

Me arrumo sobre a cama e Josh deita se ao meu lado, destacando outro quadrado do chocolate. O desenho que Josh colocou me fez rir, faz alguns anos que não vejo Tom e Jerry,  um gato e um rato convivendo na mesma casa, o meu desenho favorito de todos.

– Vem cá. – Josh diz de braços abertos.  Me deito em seu peito e volto a comer meu chocolate sentindo os dedos de Josh acariciarem meus cabelos em um cafuné gostoso.

Foram alguns minutos até ouvirmos Heyoon e Lamar andarem pelo corredor, os dois riam e conversavam sobre algo que não entendi. também ouvi Shivani e Bailey conversarem indo até seus quartos e Sina e Noah aos beijos até o quarto.

– Espero não ouvir as molas da cama pelo resto da madrugada. – Josh diz me fazendo rir.

Estou deitada ao seu lado, meu corpo está colado ao seu, estamos deitados de barriga para cima e o braço de Josh está em volta do meu pescoço, ainda estamos olhando ao desenho animado e percebo que estou tranquila, minha mente não está a mil pensamentos por minuto e meu coração não parece ter trabalho, me mantendo viva durante uma maratona.

Pela primeira vez em alguns meses, essa noite em claro não está me afetando, o sono se foi como das outras vezes mas ao invés de me sentir sozinha e fechada em um quarto sem janelas, me sinto bem, pois Josh está comigo. Ter alguém ao meu lado me ajudou muito, sempre lidei com isso sozinha, achando que se pedisse ajuda seria fraca e estaria enchendo o saco.

Não disse nada a minhas amigas por isso, não que eu não confie nelas, pelo contrário, mas não quero que sintam pena de mim e me trate indiferentemente por causa disso.

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕

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