Chance

056

Any Gabrielly

O final da noite se resumiu em Heyoon chorando pelo personagem do filme que morreu no final e eu, rindo do seu sentimentalismo.

– Sério Any, não tem graça. – Me repreendi, secando a lágrima que estava no canto do seu olho.

– Você anda muito sentimental Heyoon, é a TPM?

– Não ando sentimental, esse filme era triste, só isso.

– Ok, acho que podemos ir nos deixar apesar de ser cedo, amanhã será agitado no café e preciso estar descansada para o turno da manhã.

Me levanto, pegando a caixa vazia de pizza e minha taça. Assim que coloco a caixa no lixo e a taça na pia sigo até meu quarto, troco de roupa e vou até o banheiro escovar meus dentes, quando volto vejo Heyoon na cozinha, ela circula a boca da taça com o dedo indicador e parece pensativa.

Não irei atrapalhar seus pensamentos para lhe dar boa noite, sigo até meu quarto e assim que fecho a porta, me encosto na mesma, encarando o vestido que está sobre a cadeira para não amassar.

Suspiro cansada e caminho até minha cama, a desfaço e me deito em baixo das cobertas, olho para o teto e logo depois para a pelúcia de emoji que Josh me deu, que fica ao lado da minha cama. Sorrio para a pelúcia e me viro de lado, de costas para a janela e fecho os olhos e em poucos minutos adormeço.

[...]

– Any, você vai se atrasar. – A voz de Heyoon adentra o quarto.

Acordo sentindo a luz do sol no meu rosto, que droga, esqueci de fechar a cortina. Meio sonolenta me levanto, sentando sobre o colchão e respirando fundo, minhas costas doem, só de imaginar que ficarei o dia todo andando de um lado para o outro com uma bandeja em mãos já quero chorar.

– Hoje vai ser um bom dia Any, acredite. – Digo a mim mesma, olho para meu celular que agora toca por causa do alarme e choramingo, me jogando sobre o colchão, afundando meu rosto no travesseiro.

Suspiro e me levanto, vou até o banheiro e lavo meu rosto, a água fria me ajudou a acordar e com isso fico mais disposta. Já ouço as panelas e o liquidificador na cozinha, isso significa que Heyoon voltou a sua dieta.

Sucos detox e frutas congeladas, credo.

Depois que estou pronta olho para minha cama, eu só quero me deitar nela novamente no final da noite e dormir novamente até que todo o cansaço do meu corpo saia de mim.

Assim que chego na cozinha Heyoon prepara panquecas com mirtilos, ela detesta comprar mirtilos, diz que é chato ficar escolhendo a embalagem que contém os melhores mirtilos. Heyoon nem percebi quando me aproximo e por isso leva um breve susto, quase deixando as panquecas caírem.

– O quê deu em você? E que paciência surgiu em você para comprar mirtilos? Você detesta comprar essa fruta.

– Estou com vontade de comer panquecas com Mirtilos. – Diz simples e arqueiro minhas sobrancelhas. – Eu não estou grávida Any, vire essa boca para lá. Vi una receita na TV e pareceu gostosa, resolvi fazer.

– Ok, eu já vou indo.

– Não vai tomar café da manhã?

– Não estou com fome. – Digo sorridente. – Até mais tarde.

Saio do apartamento em direção ao elevador, neses últimos dias Josh não falou muito comigo e fiquei preocupada mas preferi não interferir, se ele precisar sabe que pode contar comigo, não importa a hora. Quando ele se sentir a vontade para me dizer eu sei que irá.

Quando as portas do elevador se abrem caminho até meu carro, ligo o mesmo e coloco uma música animada, acordei feliz e quero escutar música indo até o trabalho, nada me faz ficar de mal-humor hoje. Nem os clientes insuportáveis que trocam de pedidos em cima da hora, quando já estão prontos.

Estaciono meu carro na vaga de sempre, o café já está aberto e confiro em meu celular se errei o horário mas não, o horário está correto. Dou de ombros e entro no café, assim que entro encontro Shivani limpando algumas mesas, sempre fizemos isso, por mais que estejam limpas, sempre limpamos para não haver nenhum tipo de sujeira.

– Bom dia meninas! – Digo sorridente e ambas me olham confusas.

– Viu um passarinho azul? – Shivani questiona, nego com a cabeça indo até a cozinha.

– Então o que houve? – Sina parece mais curiosa do que Shivani.

– Apenas uma maré de sorte vamos dizer sim. Como há tempos ruins, há tempos bons. Estou feliz e não é pois aconteceu ou vai acontecer algo, apenas estou me libertando. E por isso estou feliz.

As duas se olham e dão de ombros, voltando ao trabalho. Não disse mais nada, vou até a cozinha e coloco meu avental e começo a preparar os pedidos de sempre já que alguns clientes pedem sempre a mesma coisa e isso de certa forma facilita o fluxo de clientes.

E novamente aquela música está na minha cabeça, como quando eu lembrasse dela, instantaneamente lembrasse de Josh. Eu não consigo explicar a ligação da música com Josh, só uma frase que disse a ele parece remeter a música. Afasto isso dá mente, já estou pilhada com esse encontro e ficar pensando na música que me lembra ele não ajuda, me deixa mais ansiosa e confusa.

– Já temos clientes, ele quer... – A interrompo.

– Um hambúrguer com fritas e refrigerante médio? – Questiono e a mesma ri.

– Exatamente.

– Nossa que previsível. Ninguém pedi algo novo desse cardápio, é sempre a mesma coisa. – Digo fazendo cara feia e Sina ri.

– Se eles preferem assim. – A mesma me entrega o papel e sai da cozinha me deixando sozinha, finalizando o pedido que já havia começado.

Assim que termino entrego para Shivani que sai pela porta as pressas, já que o cliente é daqueles impacientes e que se não tem seu pedido na hora que quer, faz um barraco desnecessário na frente dos outros clientes para chamar atenção.

Pareço uma idiota, olhando o relógio de uma em uma hora, acabo esquecendo desse jantar por alguns minutos mas logo lembro, e volto a ficar nervosa.

– Não podemos transar aqui dentro. – Diz ofegante.

– Por que? – Pergunto subindo os beijos molhados até sua mandíbula.

– Porque eu quero que seja especial.

Mordo meu lábio ao lembrar dessa frase, que droga Any, reaja, não fique no mundo da lua, pensando nessa frase, por mais que ela cause borboletas em seu estômago.

Afasto isso da minha cabeça e volto ao trabalho pensando que se me distrair, as horas passam mais rápido e assim posso ir para casa o mais rápido possível para me arrumar e não me atrasar.

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