Any Gabrielly
A casa está repleta de fumaça, o alarme toca a todo vapor e estou no andar de cima, em baixo da cama assustada, ouço alguém subir as escadas de pressa, é a minha mãe.
– Vem querida, precisamos sair daqui de pressa. – Diz ao me tirar de baixo da cama e me pegar no colo.
– O bubble! – Grito, meu ursinho de pelúcia que havia ficado em baixo da cama.
Minha mãe se apressa em pegar a pelúcia, assim que me alcança, abraço o urso com todas minhas forças e escondo meu rosto da fumaça.
O alarme de incêndio faz minha cabeça doer junto com a quantidade de fumaça presente na casa. Quando chegamos ao andar de baixo, minha mãe me entrega para meu pai e a única coisa que consigo pensar é na Kiara, nossa cachorrinha mas me tranquilizo quando vejo minha mãe sair com o anialzinho no colo logo após nós dois sairmos da casa.
Um estrondo é ouvido e bombeiros correm para nos tirar de perto da casa em chamas o mais breve possível e o gás da cozinha explode, o barulho foi tão alto que meus ouvidos doeram. Deitada no peito do meu pai tremo de medo do que possa acontecer.
Uma pequena menina de apenas dez anos não sabe ao certo o que está acontecendo mas senti a perda, tudo que viveu nessa casa se foi, as lembranças todas queimadas pelo fogo. Uma discussão que resultou em um descuido que levou nossa casa às chamas.
Até hoje lembro do cheiro da fumaça e como meu nariz ardia ao inalar a fumaça, sinto o calor que senti ao passar pela cozinha naquela noite fria. Fazia menos dois graus as oito da noite e eu estava de pijamas e pantufa de ursinho, as únicas coisas que me restaram, as pantufas e o ursinho de pelúcia que estava agarrada quando tudo aconteceu. Era quase véspera de Natal, uma data tão importante que trás memórias boas que para mim me assombram, pois lembro de ver nossa árvore em chamas, os presentes nela já tinham virado pó assim como o espírito natalino.
Em uma pequena cidade de Las Vegas, onde tudo vira fofoca, esse desastre não ficaria de fora das bocas e línguas soltas da cidade. Como há pessoas ruins também há pessoas boas, recebemos doações até nos estabilizarmos. Ao mesmo tempo que isso é ruim, é bom, pois meus pais estavam discutindo demais e isso os uniu novamente.
Perdemos coisas matérias mas não nos perdemos, na dificuldade nos reerguemos e ficamos mais fortes. Depois de dois meses com ajuda dos vizinhos reconstruimos a nossa casa, ganhei vários brinquedos já que os que iria ganhar se foram com o fogo.
O Natal é uma época de renovação, mas para mim me trás lembranças ruins do pior dia da minha vida. Foram anos de terapia para que voltasse a amar o Natal mas nada adiantou, depois que saí de casa e comecei a morar sozinha, os problemas vieram e não cosnegui passar diversos natais com minha família e isso piorou a situação.
Pois com eles conseguia esquecer desse fatídico dia mas sozinha, sozinha eu lembrava de tudo. Quando minha relação com Tyller começou a não ir muito bem, precisei de terapia pois quando brigávamos, sonhava com fogo, o clarão amarelo em meus olhos e acordava assustada e ele nem ligava.
– Any, está tudo bem? – Josh me tira dos meus devaneios.
– Estou sim. Algum problema? – Questiono ao lhe olhar já que estou sentada na espreguiçadeira na beirada da piscina.
– A Pizza chegou. – Me informa e assinto. – Está tudo bem mesmo? – E pela primeira vez vejo que alguém de fora está preocupado comigo, eu reconheço quem senti pena de mim e quem não senti e não vejo isso em seus olhos.
– Está. – Me levanto respirando fundo e jogando todas as memórias ruins para longe e sorrio. – Vamos, tomei apenas um café e meu estômago está reclamando por estar vazio. – Digo ao passar por Josh mas o mesmo segura meu braço de forma leve, de forma que não me machuque, meu rosto está próximo ao seu e seu olhar encontra o meu.
– Se precisar conversar estou aqui. – Sua voz baixa de certa forma me trás uma tranquilidade e segurança.
– Obrigada mas não é nada demais. – Informo com um sorriso simples.
Quando chegamos a cozinha vejo Shiv devorando um pedaço de Pizza ao lado de Bailey e isso me faz sorrir.
– Até que enfim vocês chegaram, achei que tinham se perdido no caminho! – Exclamo brincalhona os fazendo rir.
– Tive que abastecer e paramos em um fliperama. – Justifica e acho fofo que Shiv ficou envergonhada.
– Faz sentido. – Sina diz fazendo todos rirem.
– Bom, chega de lenga-lenga, estou com fome e o cheiro dessa Pizza está me torturando! – Noah exclama, caminhando até as enormes caixas de Pizza e pegando uma fatia do alimento.
– Sem cerimônias. – Bailey diz ao pegar uma fatia de Pizza.
– Nem nos esperaram não é? – A voz de Heyoon atrás de mim faz todos olharem para a entrada da cozinha.
Heyoon está parada com as mãos na cintura enquanto Lamar está atrás da mesma, com as mãos no bolso.
– Onde vocês estavam? Ficamos esperando vocês mas como não apareceram pedimos Pizza, estava com fome. – Sina explica e Heyoon parece desconcertada, não precisa ser um gênio para saber o que andavam fazendo.
– Ok, ainda tem uma fatia para mim? Apesar de preferir uma salada no almoço. – Heyoon é aquelas pessoas saudáveis, que come saladas com grãos, uma comida bem vegana, coisa que eu abomino.
– Se demorasse mais trinta minutos Bailey teria comido toda a pizza. – Shiv diz na hora que o mesmo pegava sua terceira fatia.
– Eu o perdoo, fazer academia da muita fome. – Heyoon diz simples. Bailey vive na academia, tem os braços tornificados e repletos de veias por quase morar na academia.
Ele joga futebol mas canta nas horas vagas, quem o vê já sabe que é jogador pela sua cara de bravo e seu jeito. Já Shiv é totalmente o oposto, tem o rosto mais doce que já vi, está sempre sorrindo e mostrando para todos que não haverá dia ruim que estragará sua felicidade, apesar da dificuldade que passa em manter seu pequeno apartamento.
– Mas isso não significa comer tudo e me deixar sem uma fatia. – Heyoon diz ao caminhar até a enorme caixa de Pizza e pegar uma fatia.
Depois que comemos, ficamos conversando na cozinha, Josh se sentou ao meu lado e ficamos conversando com todos e pude perceber sua aproximação, sua perna grudada a minha e seu braço que ficou atrás de mim, sustentando seu corpo sobre a bancada da cozinha, e novamente me sinto atraída por ele sem ao menos dizer ou fazer nada.
Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕
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Chance
RomanceO que pode acontecer se você beijar um completo estranho para fazer ciúmes em seu recém ex namorado? Um constrangimento eminente talvez mas Any não pensou nisso quando beijou um completo desconhecido na porta do elevador do seu antigo prédio. Fanfic...