A sala da delegada Juliette Freire na unidade de Homicídios de São Paulo parecia uma feira livre de tantas vozes diferentes que se misturavam no mesmo ambiente. Após saber da chegada da nova delegada e sobre sua tomada de decisões, todos queriam dar pontos de vistas e até pitacos em como a investigação deveria ser conduzida.
Por conta da barulheira, Juliette se viu obrigada a pedir silêncio por três vezes, mas acabou sendo ignorada. As falas paralelas cessaram quando a delegada, já impaciente, pegou sua arma deu com o cano por três vezes na porta do armário de aço onde ficava guardado alguns arquivos antigos, provocando um barulho terrível.
- Será que agora eu posso ser ouvida ou tá difícil, meu povo? Que moído é esse? – Juliette começou a falar. Irritada. – Assim não dá para trabalhar não!
- Não, o que não da pra trabalhar é a gente atrasando o serviço desse jeito! - Gizelly reagiu. - A gente vai perder um tempão nesse remanejamento de funções!
- A Bicalho tem razão. - Babu se manifestou.
Logo a voz de Babu foi coberta pela de Thelminha, Bianca, Marcela, Gizelly e Sarah. Juliette suspirou aborrecida e se viu obrigada a chocar a arma mais uma vez contra o armário de aço para que se calassem e lhe dessem a vez de falar.
-Chega! Isso aqui não é o São João de Campina Grande pra estar esse fuzuê todo! Essa zoeira! Daqui a pouco vem um e me puxa pra dançar quadrilha, é?! Ninguém consegue escutar ninguém, pela misericórdia! - Bronqueou deixando todos sem graça. - Um por vez! Bicalho, pode falar, qual a sua sugestão?
Gizelly refletiu um pouco. A princípio gostou da ideia de viajar ao lado de Marcela, era uma ótima oportunidade de passarem um tempo juntas. Desejava muito aquele momento, principalmente após o ocorrido no escritório da doutora, mas seu lado profissional entrou em ação. Aquilo poderia ser prejudicial ao caso. O tempo que perderia na estrada poderia estar trabalhando ativamente na investigação.
- Sugiro que o pai da vítima, o senhor Jorge, dê a notícia a sua ex esposa pessoalmente, já que não é possível convocá-la por telefone. Um guarda pode acompanhá-lo em uma das viaturas.
- E por que a senhorita não pode viajar até Amparo para dar a notícia e sim um guarda?
- Por que posso contribuir aqui. Sei que não levaria mais que algumas horas, mas cada minuto é importante em uma investigação. Deve saber disso.
Juliette fez um gesto afirmativo.
- Sei exatamente o mato que lenho, detetive Bicalho, por isso quero que vá e análise você mesma a cara da mãe da vítima quando souber sobre o assassinato. A reação dela é importantíssima e pelo mesmo motivo deve levar doutora Marcela. - A médica. - Li alguns artigos sobre seu estudo de feições faciais e leitura de linguagem corporal, fiquei impressionada com sua competência, doutora Marcela. Tenho certeza que irá contribuir bastante com a detetive Bicalho.
- Acredita que a mãe da vítima é realmente suspeita?
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Perícia do Amor - Gicela
CasualeGizelly Bicalho, 27 anos, é uma competente e mal humorada investigadora que trabalha na divisão de Homicídios da Polícia Civil de São Paulo. Sua única família é sua irmã caçula, Manoela. Gizelly e sua equipe estão sendo pressionados pelo governo e i...