– Então, Emma, o que a traz hoje aqui? – Lily Page olhou para sua amiga sentada do outro lado da mesa no consultório.
Emma se inclinou para frente, apoiando as mãos na mesa e devolvendo o olhar. Seu semblante mostrava preocupação.
– Lily, você soube que eu entrei no cio recentemente?
A médica assentiu.
– Sim, o povo daqui não fala de outra coisa. É o assunto principal das rodas de conversas nos últimos dias – Lily revirou os olhos, pois nunca gostou da tendência para fofocas dos cidadãos de Storybrooke – Mas, e daí? Foi por isso que você chegou aqui com essa cara preocupada? – instigou ao perceber o jeito hesitante de sua paciente.
Emma concordou com a cabeça.
– De certa forma, sim – verbalizou também – Lily, eu tomei supressores duas semanas atrás, não deveria ter entrado no cio.
A médica arregalou seus expressivos olhos.
– Como assim? Digo, eu estranhei que você tenha entrado no cio, porque pelo nosso planejamento isso só aconteceria daqui a seis meses. Mas imaginei que havia se esquecido de tomar os supressores.
– Pois é, não esqueci.
– Que merda, Emma! – Lily exclamou incrédula.
– Esperava que você soubesse me explicar o que aconteceu – Emma se assustou com a reação da amiga.
Lily sacudiu a cabeça em desânimo e ficou por um momento pensando enquanto olhava para o grande livro sobre a anatomia ABO, deixado ao seu lado esquerdo em cima da mesa.
– Bem – ela voltou a olhar para Emma – Há uma explicação para isso no caso dos lobos, mas eu nunca soube de relatos envolvendo alphas híbridos.
– Que explicação? – Emma começou a ficar mais nervosa.
– Quando um lobo alpha acasalado percebe que outro invadiu seu território para roubar-lhe o parceiro, ele espontaneamente entra no cio, mesmo que ainda não esteja na época, buscando reafirmar sua reivindicação.
– Merda – desta vez foi Emma quem soltou o impropério – Isso não parece nada bom.
Lily assentiu concordando.
– Aquele cara novo na cidade está atrás de Regina, não é? – a médica ouviu as fofocas, mas preferia escutar a versão de sua própria amiga.
Emma rosnou e cerrou os punhos, reagindo agressivamente à menção ao outro alpha.
– Ei, calma – Lily pediu em seu tom mais comedido – Não precisa dizer nada, já entendi tudo.
A sheriff continuou rosnando baixo por mais um tempo até voltar a se tranquilizar.
– O que eu vou fazer, Lily? – seus olhos mostravam tristeza – Ela disse que ele a atraía – voltou a rosnar com expressão infeliz, mas, desta vez, mais controlada.
A médica suspirou, penalizada pelo sofrimento de sua melhor amiga. Lily acompanhou de perto o início do romance entre Emma e Regina, por ser amiga de infância da sheriff. E sabia que, mesmo antes de Emma apresentar-se como alpha aos 16 anos, ela já estava completamente apaixonada pela beta.
O que Lily, assim como todos que conheciam o sistema ABO a fundo, não entendia, era como uma alpha tão forte como Emma, que poderia reivindicar qualquer ômega disponível, continuou querendo estabelecer um vínculo com uma simples beta.
– Não sei, querida – Lily balançou a cabeça exibindo um ar de tristeza – Mas vamos dar um jeito de descobrir, não se preocupe – inclinou-se para frente, buscando as mãos da amiga sobre a mesa para lhe transmitir algum consolo.
– Obrigada! – Emma deixou algumas lágrimas caírem.
Lily lhe sorriu com carinho, antes de soltar suas mãos e se recostar novamente em sua cadeira.
– Como sua alpha está lidando com a possibilidade de Regina estar em perigo? – Lily perguntou displicentemente, pensando que a amiga já soubesse do episódio com uma das ovelhas de Regina.
Os olhos de Emma ficaram subitamente mais atentos e Lily percebeu a reação dela.
– Você não estava sabendo disso? – arrependeu-se instantaneamente do que havia falado, pensando que acabara de agir como uma fofoqueira igual os outros cidadãos daquele povoado.
– Não – os olhos de Emma escureceram.
– Droga!
– Por que Regina está em perigo, Lily? – persuadiu em seu tom mais alpha, tornando impossível para a outra, uma alpha menos poderosa, não lhe dizer a verdade.
Lily engoliu em seco.
– Ouvi dizer que uma fera invadiu o rancho de Regina e atacou uma de suas ovelhas. Parece que o tal Arthur encontrou o animal morto ontem quando foi devolver o carro dela.
A médica mal conseguiu terminar de falar. Emma já havia se levantado e saiu do consultório apressada, batendo com força a porta atrás de si.
α β Ω
Naquela tarde, Regina fechou a quitanda, onde vendia os orgânicos que produzia em sua horta, mais cedo. Precisava passar na loja de ferramentas da família West, pois, desde a conversa com Arthur decidiu reforçar as armadilhas em volta do cercado das ovelhas para protegê-las do possível predador que andava rondando sua propriedade.
Além do mais, na noite anterior, Regina acordou com os berros agitados de seus bichos, mas quando saiu para verificar o que acontecia, não viu nada. Mesmo assim, achava melhor se prevenir antes que outra ovelha fosse morta.
A beta entrou na loja e logo avistou Chad, o ômega acasalado com a alpha Zelena West, atendendo uma cliente. Aproximou-se do balcão e esperou sua vez.
Olhou para as espingardas no mostruário de armas na parede atrás de Chad e pensou que talvez fosse melhor levar uma. Emma lhe ensinou a atirar anos antes e, mesmo que já tivesse perdido um pouco a prática, era possível que aquela arma lhe fosse útil em algum momento.
– O que vai levar hoje, Regina? – Chad lhe sorriu simpático, depois de terminar o atendimento da outra cliente.
Regina lhe passou a lista do que precisava e pediu para o ômega incluir uma espingarda e munições também.
Chad começou a empilhar em cima do balcão todos os itens que Regina precisava e, quando ele se virou para pegar a espingarda na parte de cima do mostruário, a beta observou a barriga mais protuberante do homem.
Esperou ele se aproximar novamente.
– Você está esperando um bebê? – Regina não conteve a curiosidade.
Chad sorriu orgulhoso.
– Sim.
– Zelena deve estar muito feliz – ela comentou, sorrindo de volta.
O ômega mostrou uma expressão feliz.
– Ah, sim. Ela liga para mim a toda hora para saber como estamos e está mais superprotetora do que nunca.
Regina mostrou um sorriso meio triste, lembrando-se de suas duas gestações perdidas. De como Emma teve o mesmo comportamento de Zelena naquela época.
– Fico feliz por vocês – a beta expressou, tentando não transparecer sua tristeza, pois não queria que isso afetasse negativamente o ômega.
Ômegas masculinos não eram tão comuns quanto Alphas femininos, o que tornava aquela gravidez ainda mais especial e delicada.
– Obrigado. Nós já estamos planejando o chá de bebê e gostaríamos muito que você fosse – Chad comentou gentil – Ainda vamos enviar os convi... – O homem parou de falar quando a porta da loja foi aberta bruscamente e uma alpha emitindo feromônios possessivos e irritados entrou ali.
– Quando você ia me contar que está em perigo, Regina? – Emma Swan falou em seu tom alpha mais dominante, fazendo os pêlos da nuca da beta se arrepiarem, e o ômega atrás do balcão se encolher com medo.
~
Chad é o noivo de Zelena na 7ª season de OUAT.
No universo ABO, ômegas masculinos são capazes de engravidar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vínculo [SwanQueen - Universo ABO]
Diversos[TERMINADA] Regina Mills está separada de Emma Swan há mais de nove anos, porém elas mantém um vínculo praticamente inquebrável. Mas essa ligação é ameaçada quando o misterioso Arthur Pendragon chega a cidade. ⚠️NÃO AUTORIZO ADAPTAÇÕES/TRADUÇÕES DAS...