39 - Karina

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Acordei confortavelmente no meio do abraço de Cobra, sentindo sua respiração em meu pescoço e seu peito subindo e descendo em minhas costas. No meio da noite, ele havia me tirado do tatame, me pegado no colo e me colocado em sua cama. Apesar de estar completamente nua, era como se eu não me importasse com pudor algum.

Mas estávamos tão exausto que adormecemos juntos, cobertos por um lençol, sentindo o calor e o cheiro que se misturava com todo o formigamento dos nossos corpos depois de nos amarmos daquela maneira.

Agora, acordada, com a mão enlaçada a dele, fechei os olhos e sorri. Eu tinha nítida consciência do que eu estava sentindo. Física e emocionalmente. Sorri primeiro pelo modo como ele havia me desejado. Como se eu fosse única. Depois sorri ao me lembrar do momento em que nos conhecemos. Cara nojento! Eu dissera para Bianca. Apertei os olhos ali mesmo com aquela lembrança.Não era tão claro que ele seria o único para mim.

Cobra sempre fora um cara enigmático, magnético, elétrico. Todo mundo sabia disso. Jade soube mais do que qualquer uma. Revirei os olhos, tentando afastá-la dos meus pensamentos. Era difícil. Não era só ela. A cabeça de qualquer uma das garotas se virava quando Cobra chegava. Ele é como um híbrido. Descobri isso naquela noite. Aquele misto de homem que não conseguia se conter e uma pessoa totalmente boa que estaria disposto a perder todas as oportunidades que a vida lhe ofereceria por um único propósito.

Fui seu propósito naquela madrugada.

Beijei seu pulso, mas ele não se mexeu. Meu polegar desenhou pequenos círculos por cima de suas veias.

Eu conseguia compreender tudo agora.

Passamos por momentos que nos fizeram descobrir certas coisas. E a principal delas é que eu o amava. E Cobra parecia sentir a mesma coisa. Logo eu tão perdida, encoberta por uma escuridão que eu achava que não teria fim.

Seus lábios alcançaram meu ouvido. Encolhi levemente com o toque, deixando um sorriso imenso escapar. Senti quando a boca dele também se arrastou em um sorriso.

― Estou ferrado. ― Ele sussurrou.

Escorreguei por entre seus braços, virando-me até nossos narizes se chocarem.

― Por quê?

― Por onde começo essa extensa lista? ― Nós sorrimos. ― Número um: estou apaixonado. O cara mau nunca se apaixona. ― Deixei uma risada escapar. ― Número dois: há vergões vermelhos e arroxeados por toda a extensão do seu pescoço e clavícula e aposto como há mais desses hematomas espalhadas por aí. O cara mau deixou marcas horríveis em você.

Mordi o pescoço dele com força, o que fez Cobra sorrir de forma arrastada, tentando controlar seus instintos.

― Estou descontando!

― Você não viu as minhas costas ainda! ― Ele me beijou rapidamente tentando se livrar de novas mordidas.

― Número três?

― Você tem dezesseis anos!

― Dezessete.

― Quando eu perdi um ano da sua vida?

― Ontem. ― As sobrancelhas de Cobra se ergueram. ― Eu não gosto do meu aniversário. É difícil ter que comemorar o dia que a minha mãe morreu. Ninguém lá em casa comemora. Ninguém me dá os parabéns. Porque eu realmente pedi que eles parassem quando eu finalmente entendi o que havia acontecido. Parabéns! Nessa linda data você matou a sua mãe!

― Você não matou a sua mãe. ― Os dedos dele subiram e desceram pela minha nuca. Sua expressão de preocupação pela minha dor era inebriante. ― Feliz dezessete anos, Karina. Devia ter me dito.

― Número três?

― Número quatro! Dezessete anos ainda é um problema.― Esqueci mus argumentos quando ele fez uma expressão assustada que me arrancou outra risada. ― Seu pai é o meu novo mestre e ele não vai gostar dessa coisa se repetindo. Eu me lembro quando eu cheguei o que ele fazia com o Duca e a sua irmã.

― Número quatro é problema resolvido. A gente mantém em segredo por enquanto. Somos bons amigos, acima de tudo. ― Cobra concordou com um meneio de cabeça que fez seu nariz empurrar o meu. ― Número cinco: quantos anos você tem?

― Ai! ― Ele fingiu uma expressão de dor. ― Vinte. E um.

― Quatro anos, Cobra? Quando isso é um problema?

― Pergunta ao mestre!

― Cala a boca. ― Escorreguei minha mão para seus cabelos e puxei seu rosto. A última coisa que eu queria era imaginar o meu pai ali naquele momento. A sorte de ter as mãos de Cobra me segurando e seus lábios macios conduzindo os meus fazia meus pensamentos vagarem longe. ― Sem lista de problemas. Você é minha solução, Cobra.

A palma da mão dele no meio das minhas omoplatas foram as responsáveis para me empurrar de encontro ao seu peito. Minha respiração acelerou involuntariamente enquanto eu fechava os olhos para sentir sua língua novamente deslizar pelos meus lábios.

Empurrei o corpo dele para trás. Minhas pernas enganchando ao redor de seu corpo. Sorri antes de beijar a linha do seu maxilar. Apesar das mãos firmes de Cobra em minhas costas eu ia mostrar para ele que também sabia mandar naquele jogo.

Era a minha vez de dominá-lo.

Olhos de Cobra (Fanfic Cobrina)Where stories live. Discover now