40 - Cobra

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Se havia algo mais bonito do que ver Karina lutando freneticamente era vê-la na cama dormindo. Ela ficava linda sob a bonita luz pálida do amanhecer, os cabelos espalhando-se dourados no travesseiro, seus dedos segurando os lençóis da minha cama. O lugar ao qual ela pertenceria enquanto eu vivesse.

Enquanto ela lutava comigo na academia do pai, não conseguia parar de pensar no quanto eu ficava feliz de vê-la acordar quase sempre que podia. Quando ela conseguia escapar no meio da noite e fugir para o QG.

Karina acordava de um modo diferente. Com olhos sonhadores e contentes. Duas joias azuis embaçadas de sono, carregando um sorriso suave no rosto. Como se estivesse grata por ter conseguido seguir por outro caminho. O nosso caminho.

Ela tentou me acertar no queixo, mas me esquivei, atingindo-a por baixo e a erguendo em um dos meus ombros.

― Golpe baixo! ― Ela gritou, debatendo-se. ― Você está desclassificado!

― Foco! ― Gael gritou. ― Coloca ela no chão. Seu chute está ruim, Cobra.

― Vamos lá, Cobreloa. ― Karina abriu os braços. ― Você sabe que pode chutar melhor do que isso.

Passei a mão pela testa, empurrando os cabelos para trás. Karina usava uma bandana vermelha para prender sua franja. A deixava ainda mais linda. Pequenos detalhes que pareciam imensos diante dos meus olhos.

Fui para cima dela. Karina estava cada vez mais rápida. Ela conseguia deter quaisquer movimentos meus, mas eu também podia interromper qualquer menção de ataque dela.

― Mais cinco minutos e você vai lutar comigo, Cobra. ― Gael foi se afastando. ― Parece que já decoraram o jeito um do outro.

Dei uma olhada rápida pela academia. Não havia aula na Ribalta. Duca estava dando aula longe de onde estávamos. Karina avançou. Segurei o pulso dela, virando seu braço e seu corpo, prendendo-a pela cintura e ofegando em sua nuca. Ela riu.

― Isso já está muito batido.

― Vou falar com ele. ― Não resisti em acariciar as linhas suaves de seu rosto.

― Falar o que com quem?

― Com seu pai. ― Karina empurrou a minha perna, usando a minha força contra mim e se livrando do meu cerco. ― Preciso dizer a ele que estou apaixonado...

― Parou! ― Gael gritou saindo do aquário. ― Vai levar umas porradas minhas agora, Cobreloa! Karina, flexão. Não pare até eu nocautear esse preguiçoso aqui.

Ela franziu o cenho com medo que eu começasse a gritar a plenos pulmões sobre nós dois. Balancei a cabeça negativamente. Gael se apoiou nas cordas e nos analisou.

― Qual é a de vocês? Já tô sacando que tem alguma coisa aí.

― Não tem nada, mestre. ― Recuei.

― É, pai. ― Karina começou a tirar as ataduras.― Nada.

Gael apertou o vinco entre as sobrancelhas. Antes que ele pudesse subir ali e me forçar a confessar, uma legião de pessoas vestidas com roupas escuras e engravatadas invadiu a academia. Todos nós nos voltamos para aquelas pessoas. Elas vieram caminhando diretamente para o mestre.

― Karina Duarte?

Olhei rapidamente para Karina. Ela me devolveu o olhar apreensivo.

― Da parte de quem? ― Gael cruzou os braços, impedindo que eles avançassem ainda mais.

― Da parte de uma equipe de investigação.

― O que eu fiz dessa vez? ― Karina ergueu os braços. ― Ainda é por causa da Jade? Claro! Ela disse que não ia ficar daquele jeito, que ia ter volta.

Olhos de Cobra (Fanfic Cobrina)Where stories live. Discover now