25 - Karina

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― E alguém daqui vai participar? ― Perguntei a Duca. Ele estava terminando de guardar alguns equipamentos quando sacudiu a cabeça negativamente. ― Por que o Gael não inscreveu ninguém? Por que eu não soube disso?

― Porque é um campeonato de grande porte. Ninguém aqui está muito apto a competir. Perdemos um lutador importante quando o Wallace foi pra Khan.

― Vou convencê-lo a voltar.

― É mais complicado do que você imagina, Karina. ― Os lábios de Duca se arrastaram pela força que ele fez ao carregar alguns pesos. ― Wallace entrou em uma cilada do doutor Heideguer. ― Suspirei. ― Como tá o seu pé?

― Bom.

Dei uma olhada para baixo. Já havia passado uma semana desde o acidente. Naquele sábado eu me sentia ótima. Ainda havia uma mancha arroxeada ali horrível, mas eu estava começando a gostar dela. Era um sinal do que eu compartilhava com Cobra.

― Não vou pra Ribalta direto. ― Duca informou. ― Falei com a sua irmã e disse a ela que queria ver algumas lutas desse campeonato. ― Duca deixou uma risada escapar. ― Vestida de galinha ela nem fez questão da minha presença na estreia.

―Duca. O Cobra vai lutar hoje?

― Provavelmente.

Dei uma olhada para as escadas. Levei a mão ao bolso me esquecendo que ainda estava sem o celular. Eu havia prometido a Pedro que iria na estreia dele em um papel principal na Ribalta. Mas um campeonato importantíssimo estava me fazendo mudar de ideia.

― Você não tem a grade de lutas? ― Voltei-me para Duca. ― Só para eu saber se dá pra ir até lá e voltar para pegar um pedaço da peça.

― Você e o Cobra se aproximaram muito, não é? ― Duca me entregou o celular.

Ignorei aquele tipo de comentário. As lutas de Cobra seriam as primeiras, mas eu perderia mais da metade da peça.

― Você pode me esperar? Vou falar com o Pê e vou com você lá pro campeonato.

Ele assentiu. Subi as escadas de forma tão enérgica que me surpreendi por não estar mais sentindo dor na perna. Encontrei Pedro com a cara pintada e orelhas de cachorro no meio dos bastidores. Aquela figura me fazia querer rir a qualquer momento. Ele se virou assim que me viu.

― Esquentadinha! Você chegou cedo! Eu nem preguei o meu rabo ainda.

Seus lábios pressionaram os meus. O afastei.

― Vai me sujar de maquiagem. Preciso dizer uma coisa. ― Pedro esperou. ― Vou com o Duca assistir uma parte do campeonato.

― Ah não!

― Eu volto antes da peça acabar. E virei amanhã. Eu prometo.

― Vai atrás do Cobra, machinho? ― Jade apareceu totalmente deslumbrante. Revirei os olhos. ― Tomara que aquele vagabundo quebre a cara. Você sabe que ele não ganha nenhuma luta sem o amuleto da sorte dele. Que no caso sou eu. Que no caso estarei aqui brilhando como a gata.

Jade estava insuportável desde que voltara de São Paulo sem Henrique. Segundo Bianca, o pai dele não gostara nenhum pouco do envolvimento do filho com a gata dos saltimbancos e ele nem voltou para o Rio. Ignorei-a, voltando meus olhos para Pedro. Segurei em suas orelhas.

― Eu não iria se não fosse importante. Cobra me deu força quando precisei. Quero dar uma moral pra ele agora.

― Só uma moral! ― Pedro colocou uma tiara de orelhinhas em mim. ― E tem que prometer que vai voltar pra gente brincar de cão e gato.

Olhos de Cobra (Fanfic Cobrina)Where stories live. Discover now