11 - Zoe

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Assim que Nancy recebeu alta eu estava indo vê-la em casa, foi bom ter ficado mais algumas horas longe de August. Eu estava decidido a ser o mais profissional possível, eu não ia deixar meus sentimentos por ele ou meu bom coração comandar minhas ações.

Eu o encontrei sentado no sofá com Nancy no colo, ele sorria para ela enquanto ela lhe mostrava seu gato de pelúcia. Um aperto no peito me fez engolir em seco, era algo tão bonito de se ver, porém ele havia demorado demais para começar a valorizar sua benção.

— Zozo!

Nancy gritou assim que me viu e tentou sair do colo do pai, eu a encontrei no meio do caminho e a ergui nos braços sorrindo para sua risada gostosa, feliz e emocionada por ela parecer saudável novamente.

— É tão bom ver você bem, minha princesa. Eu devia estar com você, me desculpe.

A abracei apertado mas logo ela esperneou querendo ir ao chão, assim que ela conseguiu o que queria, seu pai estava na minha frente, olhei para cima encontrando seus olhos que me encaravam como se quisesse desvendar meus segredos.

— Eu sinto muito por tudo o que disse.

Arqueei as sobrancelhas por suas palavras me chocarem, eu nunca esperava ouvir ele dizendo aquele tipo de coisa e me afetou mais do que eu poderia imaginar. Eu não sabia que precisava tanto ouvir aquilo, e senti a sinceridade em cada sílaba.

— Eu... Eu não deveria ter feito toda aquela festa, eu sinto muito.

— Não, você só estava tentando fazer eu enxergar a vida como ela é. Eu só... É uma data difícil, foi um dia de merda, eu acabei descontando em você. Isso nunca deveria ter acontecido.

Assenti com um sorriso trêmulo desviando o olhar para Nancy enquanto afastava alguns cachos do rosto.

— Eu vou ser mais profissional, prometo.

— Zoe, eu queria que pudéssemos...

Ele foi interrompido pela campainha e eu suspirei de alívio e frustração, parte de mim querendo saber o que ele iria dizer e a outra temendo. Meu coração iludido já começando a saltar, piorou quando ele colocou a mão na minha cintura e me desviou do caminho para que pudesse ir até a porta. Dei atenção a Nancy que queria me mostrar todos os seus brinquedos espalhados no chão da sala.

— Eu não quero você aqui.

— August, ela é minha neta. Eu fiquei preocupado. Quero vê-la, também estou preocupado com você.

— Nós estamos bem, não precisa se preocupar com nada.

— Filho...

— Não!

Não precisei olhar para eles para saber que se encaravam em desafio, nenhum deles precisou desistir pois o interfone tocou fazendo August praguejar, mas foi seu pai quem atendeu.

— Nicholas? Furioso? Bem, nós estamos aqui. Vamos recebê-lo.

Ouvi passos e enfim ergui a cabeça para encontrar com August e seu mais novo olhar doce para mim. Ele não estava facilitando nada para mim dessa forma.

— Você pode subir para o quarto com ela? Meu irmão não parece bem.

— Claro, eu vou preparar algo para ela comer primeiro.

— Deixei suas coisas no escritório, espere um segundo.

Fiquei olhando para ele enquanto partia, quando me virei seu pai estava na minha frente, sorrindo para a neta.

— Deixe-me pegar ela um pouco antes que ele volte.

Ele já foi tirando ela do meu colo e eu só pude ensaiar um sorriso antes que ele fosse até a porta conversando com Nancy. Resolvi ficar por perto e pegar os brinquedos espalhados no chão. Eu estava descendo a escada quando vi Nick atacar August e os dois saírem na mão. Gilbert rapidamente me entregou Nancy e ficamos olhando assustadas para os três homens a nossa frente.

Nada mais importou depois que ouvi a confissão de August. Olhei para ele sabendo que choque estampava meu rosto, minha garganta secou ao mesmo tempo que meu estômago virou do avesso. Só pude continuar a olhar para August e ter certeza de que eu deveria me afastar, ir para bem longe dele por que ele era um monstro. Ele tinha atacado Chloe. Tudo estava explicado agora, todo seu rancor, sua raiva, seu desprezo e todas aquelas perguntas para mim. Ela tinha razão em pensar o que pensava de August, que tipo de bom homem tenta violar uma mulher? A questão é que eu não estava me enganado, eu já tinha tomado a dica quando uma vez atrás da outra ele me mostrou que não gostava da própria filha. Eu só estava atraída pelo mal, mas ciente o bastante de que tanto mal não me faria bem, ao que tudo indicava, August era o mal encarnado, não era esse o seu nome de estrada, afinal?

Peguei minha bolsa no sofá depois que Nick partiu, Gilbert Grayson já voltava da cozinha com um saco de gelo entregando para August.

— Não posso acreditar que fez isso e achou que ela nunca contaria para seu irmão. Logo ela August? Tinha que ser Chloe?

Olhei horrorizada para o pai de August. Ele estava mesmo dizendo que o erro dele foi ter tentado violentar uma mulher conhecida deles? Então tudo bem se fosse uma qualquer? Ele provavelmente pagaria pelo silêncio de tal pessoa, isso me fazia pensar se Gilbert Grayson já havia feito isso um dia. Eu estava mal, eu precisava sair dali naquele momento.

— Pai, vai embora! Zoe, você está bem?

Olhei para August sentindo minha garganta secar ainda mais. Nancy esperneou querendo ir ao chão e quando a deixei ela correu para o pai que imediatamente a abraçou de volta.

— Eu... Eu preciso sair daqui.

— Espere. Não vá.

Não me importei com o quanto ele me pediu para ficar enquanto me seguia até o elevador, continuei olhando para o chão até às portas se fecharem, continuei a caminhar sem realmente ver o caminho quando saí do prédio e segui assim até meu apartamento. Eu estava debatendo se mandava uma mensagem para Chloe, então eu comecei a me sentir doente, apenas por ter revelado a ela que eu estava começando a ter sentimentos pelo homem que com certeza habitava seus pesadelos. Que espécie de amiga eu era por não ter ligado os pontos?

Aparentemente eu não era nada boa em ler as entrelinhas, tanto com o ódio de Chloe por August, quanto pelo que falaram de seu aniversário e deu no que deu. Mas eu era boa em tomar tequila até que meu problemas estivessem distantes. Fui direto para o armário tirando a garrafa de tequila, um copo não foi necessário, virei a garrafa direto do gargalo e balancei a cabeça para a bebedeira vir mais rápido.

Tirei minha calça e soltei meus cachos me jogando no sofá enquanto dava um gole atrás de gole e me deixava afundar em lágrimas por ser tão estúpida, tão terrivelmente ingênua e principalmente por não conseguir deixar de gostar de August imediatamente depois de tudo que já havia acontecido.

Doía, então eu bebi e bebi mais até que não houvesse lágrimas e eu estivesse dançando no meio da minha sala sem música. Minha campainha tocou e quando olhei pela janela vi que o céu já estava escuro, engoli em seco achando que fosse August, ele não tinha ligado ou mandado uma mensagem no entanto.

Pelo olho mágico eu pude ver que não se tratava de August, abri a porta para ver melhor do que se tratava. Ryan segurava um buquê com peônias. Ele estava diferente, roupas passadas, cabelo penteado e agora só havia uma pequena sombra das olheiras de antes, seu rosto até estava enfeitado com um sorriso hesitante.

— Apenas me ouça, sim? Eu sinto muito por tudo o que disse, tudo o que fiz. Eu estava perdido sem você, Zoe. Eu acabei conosco, eu sei que devia ter ficado do seu lado sempre e assim íamos lidar com a dor. Eu só... Eu também estava perdido. Mas eu amo você, amo tanto, eu jamais quis perder você. Eu gostaria de me desculpar e te provar que podemos ser felizes novamente se você conseguir me perdoar. Não como um casal, se você não quer isso, podemos ser amigos. Será o suficiente para mim.

Inclinei a cabeça para ele enquanto abria a porta ainda mais e pegava o buquê de suas mãos. Suas palavras não tiveram nenhum impacto em mim. Eu já o havia perdoado, eu acho, e ele só tinha que seguir em frente, assim como eu. No entanto, eu não estava sendo esperta naquele momento, e eu já estava sozinha por tempo demais. Havia passado o dia inteiro me lamentando por gostar de um cretino, mas naquele momento, não havia nada que importasse, eu estava na cansada de tanta melancolia e queria algo que o homem na minha frente era capaz de dar.

Um passo a frente e deslizei minhas mãos em seus ombros, ele sentiu meu hálito quando respirei pois se afastou um pouco, mas eu não podia me importar menos, nas pontas dos pés eu toquei seus lábios com os meus e colei meu corpo no dele.

Ryan foi fácil e logo estava me beijando de volta, suas mãos deslizando por meu corpo como ele conhecia bem. Ele fechou a porta com o pé e passou a beijar meu pescoço enquanto eu tentava tirar sua camisa.

— Eu quero tanto você agora, Zoe, mas precisamos conversar.

— Não precisamos. Não agora.

O beijei para calar sua boca, muito ciente da pessoa horrível que eu estava sensor por usá-lo daquele jeito, talvez eu tenha aprendido algo com August. Levei Ryan para meu quarto e me despi enquanto ele fazia o mesmo, revelando seu pau pronto para mim, como sempre esteve. Sentei em seu colo e o beijei enquanto me encaixava e começava a cavalgar. Suas mãos apertando minhas bunda ditando nosso ritmo enquanto sua língua brincava com um mamilo.

Fechei os olhos e inclinei a cabeça para trás me deixando perder naquela sensação, melhor do que uma garrafa de tequila, mas que estava se mostrando tão ineficaz quanto, no que se dizia me ajudar a não pensar em August. Como eu podia ainda estar pensando nele ou em como me sentia em relação a ele, quando eu estava literalmente cavalgando um homem?
Ryan, certo. Eu iria manter o foco nele, mesmo que a ideia ainda não me alegrasse. Levei minha boca a dele e me obriguei a pensar e me dedicar só a ele, então assim levamos a noite e em todas as pausas, quando ele tentava iniciar uma conversa em instantes eu fazia ele estar dentro de mim.

Eu já estava sóbria quando o sol nasceu, observando Ryan dormir e pensando na merda que havia feito na noite passada, um puta erro consciente e eu ainda não conseguia me importar. Ele se mexeu e abriu os olhos, e então sorriu para mim, aquilo doeu em meu coração. Eu apenas tinha dado esperança para Ryan, eu simplesmente pisei em um homem que já estava no chão.

— Hey, que tal eu preparar seu café da manhã como nos velhos tempos?

Eu suspirei o olhando e ele percebeu algo pois se sentou rapidamente, cobrindo sua nudez com o lençol branco.

— Me desculpe, Ryan. A noite passada foi um erro.

— Não diga isso.

— Eu não devia ter beijado você e te usado daquela maneira. Eu estava mal, mas não há desculpas, você não merece isso.

— Zoe, pare. Não importa que você acha que agiu errado. Ainda foi uma noite incrível, foi prova de que ainda temos uma ligação.

— Não foi assim, eu estava inteiramente bêbada e abusei do seu momento.

— Pare de dizer isso. Olha, eu parei de beber, eu finalmente vou voltar a operar. Aqui mesmo em Nova York, eu sei que você não quer voltar para Sunnyvale, nós podemos recomeçar aqui querida. Você pode ser babá se é realmente o que quer agora, mas temos que manter aquele babaca longe.

Me levantei e enrolando meu robe e pegando as roupas de Ryan do chão para que ele pudesse se vestir.

— Meu pai e os advogados já estão resolvendo tudo sobre ele ter me atacado.

— Ele atacou você? — O olhei preocupada. Tudo envolvendo August só piorava.

— Ele foi até meu apartamento algumas noites atrás, me socou e me disse para ficar longe de você. Foi aí que me toquei. Eu precisava me recompor, voltar a mim e cuidar da minha mulher. Outro homem não precisava tomar a sua defesa. Eu fui horrível, mas era eu quem tinha que ser o homem a manter quem te magoasse longe. Eu me recuperei e vim reconquistar você, amor. Ou pelo menos nossa amizade. Eu estava esperançoso.

Ryan me olhava com tanto amor e esperança que me feriu na alma. Eu sabia que partiria seu coração, ele ainda era tão apaixonado por mim, como no nosso primeiro ano de casamento, mas eu não me sentia nem um pouco assim. Eu até me apaixonei por outro homem, eu e Ryan não estávamos no mesmo nível, e eu não podia magoa-lo e usá-lo como fiz, sendo essa pessoa horrível. Isso ia acabar imediatamente.

— Eu estou muito feliz que você está bem e retomando sua vida, Ryan. Você realmente precisava. Mas nós não damos mais certo, não podemos retomar nada. Vamos seguir caminhos diferentes. Sinto muito pela noite passada, de verdade. Eu vou me arrumar para o meu trabalho agora e você precisa ir embora.

Olhei em seus olhos uma última vez antes de ir me esconder no banheiro fingindo tomar um banho. Somente quando ouvi a porta bater, e isso aconteceu um bom tempo depois, eu fui para debaixo d'água. Quando estava saindo de casa, vi o bilhete em post-it preso a porta.


Nós ainda não chegamos ao fim.
Eu te amo.
— R.


Amassei o bilhete e o joguei fora, assim como o buquê de peônias, por que se Ryan estava mesmo tentando me ter de volta, oi ser meu amigo, deveria se lembrar que minhas flores preferidas eram os lírios.

Quando cheguei ao apartamento tudo estava em silêncio e subi direto para o quarto de Nancy, ela provavelmente ainda estaria dormindo, mas não a encontrei em seu berço o que me deixou preocupada, onde August poderia estar com ela?

Eu não devia ter deixado ela na noite passada, mas eu não devia ter feito muita coisa ontem e agora eu pagaria as consequências. Quando saí de seu quarto um pouco de alívio caiu sobre mim quando a vi deitada nos braços de August, que saía de seu quarto sem camisa.

— Zozo.

Ela disse assim que me viu e sorriu. Eu imediatamente a peguei e enchi seu rosto de beijos.

— Me desculpe por ter ido embora, princesa. Eu nunca mais vou fazer isso, eu prometo.

Ela me deu um beijo molhado na bochecha enquanto sorria. Já era a segunda vez que eu prometia isso, esperava cumprir dessa vez.

— Estou feliz que tenha voltado, Zoe.

O alívio se tornou um sentimento rígido assim que ouvi August. Olhei para ele achando melhor encerrar qualquer assunto pendente e deixar claro como íamos seguir dali para frente.

— Nunca mais vá atrás de Ryan. Deixe-o em paz, você me entendeu?

Ele encostou na parede de braços cruzados e ficou me olhando com o maxilar se contraindo.

— Ele quem precisa deixar você em paz, Zoe.

— Você não tem nada a ver com minha vida August, eu não deveria ter te contado aquilo.

— Mas você contou.

— Adicione isso a lista dos meus maiores erros.

Ele balançou a cabeça como se não acreditasse no que estava ouvindo. Nancy continuava a beijar meu rosto e brincar com meus cachos.

— Vamos fazer como você queria antes. Eu sou apenas a babá de sua filha e falo com você apenas o necessário.

— Zoe...

— Eu não posso ter qualquer outro tipo de aproximação com você depois de saber o que você fez.

— Você não pode ou você não quer?

— Não importa, Chloe é minha amiga e você... Você agiu como um monstro. E o que seu pai disse...

— Não fale dele. Não mencione esse cretino na minha casa, porra.

— Você deve ter aprendido a ser um cretino com ele, não é?

August me olhou arqueando suas sobrancelhas enquanto eu não acreditava no que tinha acabado de dizer.

— Dizer isso não é ser profissional como você quer que seja, Zoe.

— Me desculpe. Eu... Eu vou preparar o café da manhã de Nancy.

— Theodora acabou de devorar uma mamadeira.

Olhei surpresa, mas desviei o olhar rapidamente para a garotinha em meus braços lhe dando atenção.

— Então vamos ver o que fazemos no dia de hoje Nancy.

— Acho que você precisa saber que eu vou passar muito tempo com minha filha, então você terá um bom tempo se quiser aproveitar de folga, Zoe.

— Você vai ficar com ela? — Perguntei surpresa próxima a escada.

— Nicholas colocou minha suspensão em vigor ainda ontem. De qualquer forma eu já estava querendo compensar o tempo perdido com ela.

Só pude assentir e descer as escadas em choque e pensando como seria aquilo, quando eu estava planejando ficar ainda mais afastada de August.

Passar o dia foi fácil, a maior parte eu passei observando August descobrir coisas sobre a filha, como seus horários para comer e dormir, o que me surpreendeu ele ter tanta técnica, mas eu sabia que apenas por querer aquilo vinha como instituto. Para Nancy tudo estava perfeito, ela adorava receber atenção de August e passar tanto tempo com ele estava sendo ótimo para ambos.

Ele ainda não se dava bem com a troca de fraldas e o banho, foi o único serviço que ficou para mim além de sua alimentação. Suas tentativas de aproximação não era algo que eu poderia reclamar, ele até mesmo assistiu com ela seu desenho musical favorito e riu de gargalhar a vendo se balançar para dançar e tentar cantar junto.

Eu poderia levar aquilo como estava, eu só não sabia como olhar para Chloe depois de tudo, eu estava morrendo de vergonha por ter admitido gostar de August. Ela poderia precisar de um tempo agora que muitas pessoas estavam sabendo o que houve. Eu procuraria falar com ela na hora certa.


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A Filha Rejeitada do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora