8 - August

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É meu aniversário amores.
Deixem votos como presente 🎁⭐

Olhei para o teto do meu escritório enquanto juntava uma porção de cabelos em minha mão, sentindo a boca me engolir até a base. Não era o melhor dos boquetes, mas ultimamente nada estava me satisfazendo. Deixei que a mulher terminasse seu serviço, pelo menos ela conseguiu me levar até o fim.

— Me ligue novamente.

Ergui uma sobrancelha para ela quando ela levantou começando a se arrumar. Não disse nada ao levantar e fechar meu zíper. Estava de costas quando a porta se fechou e eu soube que ela havia partido.

Eu não estava sendo eu mesmo desde a noite de ano novo, quando Zoe me contou sua triste história. Eu não fazia ideia de que ela havia passado por tanto e algo em minha cabeça fazia com que eu me perguntasse se era saudável ela estar tão próxima assim de Theodora, então tudo ficava claro. Era melhor que Zoe desse isso que Nancy precisava, por que eu realmente não era capaz.

Não importava o que Debbie me dissesse, ou mesmo se fosse minha mãe presente, tudo havia sido desligado de mim anos atrás. Eu cresci assim e continuaria vivendo assim.

Peguei em minha mesa algumas das correspondências que havia chegado para mim, a maior parte sobre nossas campanhas de sucesso, outras sobre nossas franquias, principalmente a que trabalhei na Filadélfia, e então não surpreendente um cartão de aniversário. A Grayson Piblicities tinha seu próprio pombo correio de aniversário e não esquecia de nenhum funcionário, o que era um pesadelo para mim.

Nada tinha a ver com ficar mais velho, eu estaria completando 41 em breve e ainda estava ótimo, eu fazia questão de me manter. A parte ruim desse dia eram todas as lembranças que vinham, todas as causas dos meus pesadelos e o motivo do rancor em minha vida, meu sangue. Era uma tortura por si só.
Joguei as correspondências em minha bolsa carteiro e saí do escritório encerrando meu dia.

Dirigi direto para casa pensando em tomar um bom uísque e relaxar um pouco minha mente, encontrar um motivo para eu não estar no meu lugar.

Assim que abri a porta ouvi um grito e então a risada de Zoe. Ela estava com Nancy no chão enquanto a menina dava seus passos com as perninhas gordinhas. Ela havia crescido e estava cada dia mais esperta e linda, isso eu tinha que admitir.

— Papapa!

Ela disse assim que me viu e começou a andar na minha direção. Rapidamente a sensação de desespero tomou conta do meu corpo. Balancei a cabeça e saí de seu caminho, jogando minha bolsa no sofá, não me importando com ela se abrindo. Fui direto ao bar me servir de um drink.

— Papapa?

Nancy já estava perto de mim novamente, olhando para cima com as mãozinhas juntas.

— Quando você vai aprender a dizer algo importante, Theodora?

Ela riu quando ergui uma sobrancelha, logo Zoe estava com ela no colo e me olhando curiosa.

— Ela está quase lá, August. Você está bem?

— Estou ótimo.

Ela balançou a cabeça me olhando por inteiro e tive que me servir de outra dose. Desde que Zoe se abriu para mim ela estava mais mansa. Não falava com seu tom debochado, ou me repreendia, ou ficava irritada com nossas conversas. Eu tinha a sensação de que ela esperava que eu também fosse me abrir, mas não havia nada que eu pudesse dizer, nada que valesse a pena ou fosse consertar alguma coisa. E eu queria falar sobre o meu passado tanto quanto queria um enxame de abelhas no meu pau.

Subi para o meu quarto indo tomar um banho e caindo na cama decidindo ficar por ali e ser esquecido. Eu não conseguia mais ficar tanto tempo perto de Zoe sem lembrar de quão doloroso era sua voz quando me contou sobre sua perda, e toda vez que eu lembrava de Ryan Muller em sua porta, raiva fervia meu sangue.

Naquela noite eu saí do quarto de Zoe somente depois que ela adormeceu, o que foi tarde, mas Jeremy, seu pai, estava me esperando para conversar.
Eu esperava manter o bom negócio com o homem, as Indústrias Grayson tinham trabalhado com a publicidade hospitalar de sua esposa desde sempre e eu estava mesmo querendo me envolver nos negócios de advocacia daquele homem, mas aquela conversa não seria nada profissional, ficava nítido somente em olhar em seus olhos e ficou mais claro quando ele compartilhou comigo uma dose da bebida que eu havia lhe dado.

— Vocês estão dormindo juntos?

Ele foi perguntando diretamente, se esperava que eu me engasgasse com a bebida e desse um show, deve ter ficado decepcionado, eu apenas dei um gole e balancei a cabeça.

— Não há nada nem perto disso entre nós.

Eu estava mentindo, pelo menos eu estava pensando em algo a mais. Lembrei de todas as vezes que desejei seus lábios, como naquela mesma noite quando os fogos estouravam no céu e sua pele se iluminava, a deixando ainda mais perfeita. Naquele momento eu não desejei outra coisa além de ser o homem daquela mulher maravilhosa, foi bom o choro de Thedora interromper meus pensamentos, eu peguei ela no colo para distrair tanto ela quanto a mim.

— O que você estava fazendo com ela em seu quarto então?

— Eu estava ouvindo sua filha, ela parecia precisar depois que aquele filho da puta apareceu aqui.

Jeremy suspirou de olhos fechados, então fez uma expressão que lhe fez parecer mais velho do que era.

— Não há nada pior do que você ver sua filha sofrer e você não poder fazer nada. É ruim quando você consegue resolver tudo ao seu redor, mas então quando a única coisa importa você não poder fazer absolutamente nada para melhorar a situação, é como ter uma faca cravada em seu coração. Eu espero que você não tenha que sentir isso um dia.

Desviei o olhar. Eu não tinha nenhuma intenção de deixar que algo de ruim acontecesse com Nancy Theodora, ela me tinha presente em sua vida, o que já era ruim o bastante, com o tempo ela iria aprender a viver longe de mim, ela seria muito mais feliz assim.

— Eu já vou indo. Onde está Nancy?

— Miriam a colocou para dormir.

— Diga para Zoe que nos vemos em casa, vou levar a menina esta noite.

Eu liguei para Samuel perguntando se ele estava livre para me levar até a Fábrica. O carro que ele dirigia era o único que possuía uma cadeirinha, Wild e Lory estavam muito insistentes ultimamente para que eu levasse ela para a verem, então decidi fazer isso aquela noite para que Zoe pudesse aproveitar algum tempo com os pais.

Naquela noite todos no clube ficaram felizes em ter uma criança para mimar enquanto eu fiquei com uma garrafa de cerveja relembrando as palavras de Ryan e o modo como Zoe ficou.

Só de voltar a lembrar daquela noite e daquele cara, fez meu sangue ferver. Eu levantei da cama e me vesti. Mandei mensagens para meu advogado pedido algumas informações. Nancy e Zoe ainda estavam na sala de estar, agora a garotinha estava comendo o que me fez lembrar da bagunça que fizemos quando dei a salada de frutas para ela.

— Estou saindo, volto tarde.

— Uh... Ok.

Eu parei ao abrir a porta, também estranhando minha explicação. Eu nunca dava satisfação de nada, no entanto como eu disse, eu não estava sendo eu. Me sentia completamente deslocado, mas estava indo fazer algo que me colocaria no lugar novamente. Disso eu sabia.

Eu estava no elevador quando recebi uma mensagem com a informação que pedi para Edgar. Um endereço, era uma boa região na cidade e muito próximo ao apartamento de Zoe. Dirigi até lá pensando em tudo o que faria, deixando a raiva tomar conta do meu corpo.

Consegui fazer com que não interfonassem para avisar sobre minha chegada, a porta se abriu depois que toquei a campainha mais de duas vezes.

O homem ainda estava com o cabelo bagunçado e a barba por fazer, olheiras profundas e olhos vermelhos. Não era a melhor das aparências para ninguém, mas não me importei com o quão acabado ele estava.

Não dei tempo para ele falar nada, segurei em seu ombro e o empurrei para dentro do seu apartamento.

— Oi Ryan.

— Me solta!

Eu dei um risada e bati suas costas contra a parede, apertando minhas mãos. Ele tentou me socar mas desviei rapidamente.

— Vou apenas te dar um recado, Ryan. Fique. Longe. Dela.

Soltei ele bruscamente e dei um passo atrás quando ele tentou me acertar novamente. Era um homem derrotado e patético.

A Filha Rejeitada do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora