14 - August

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Olhei para cima assim que a porta da minha sala abriu e meu pai surgiu vindo diretamente até mim. Não era uma boa hora, eu tive que manter uma reunião depois que Nicholas nos abandonou, era uma reunião importante e foi difícil manter as aparências para os presentes na sala. Agora eu tinha que montar uma estratégia para não deixar isso acontecer novamente.

— O que você faz aqui pai?

Ele passou a mão na boca e ergueu as sobrancelhas para mim, se balançando em seu modo agoniado.

— Apenas recebi uma ligação hoje dizendo que seu irmão abandonou uma conferência sem explicações. Não é algo bom eu ter que sair de casa para vir resolver algo com vocês dois aqui.

— Então pode voltar para casa, nós vamos dar um jeito. Estamos bem.

— Não, não. Esse era um cliente antigo, ele se sentiu desrespeitado. Vamos dar um jeito nisso agora. Nicholas não está em condições. Você assumirá tudo.

— Pai, Nicholas está passando por muito. Ele precisa de um tempo, só isso.

— Exatamente. Ele vai tirar alguns dias para por a cabeça no lugar. Você assume ou eu volto pra cá.

— Você não pode fazer isso.

— Vocês dois são amigos agora? Ele não está bem. É ruim o que aconteceu com Chloe, mas ele precisa se erguer.

— Sua mulher grávida desapareceu. Como você espera que ele reaja? — Me levantei encarando o homem a minha frente.

— Agindo desse modo, ele vai acabar com a empresa. O império da família. O que sua mãe criou. Você quer mesmo que isso aconteça? Não é pra manter o sonho da sua mãe que você tanto luta?

Inclinei a cabeça sentindo meu maxilar enrijecer. Ele não podia usar a memória da minha mãe assim. Ele também não podia confiar tão pouco assim em Nicholas. Não era surpresa para mim esse modo de agir do meu pai, mas eu sabia que isso iria quebrar Nicholas ainda mais. Pela primeira vez eu estava dividido entre a empresa e ficar ao lado do meu irmão caçula. Ele precisava de apoio.

Se em alguma coisa, eu concordava com meu pai que não era bom para os negócios manter Nicholas por perto com sua aparência. Concordei com meu pai pensando que seria bom que ele ficasse em casa e cuidasse de si mesmo enquanto a busca por Chloe continuasse, embora a esperança morresse a cada dia.

Pela primeira vez eu odiei ficar acima de Nicholas. Meu pai não foi nada gentil em dispensa-lo, e eu resolvi que não falaria nada com ele para que a situação não piorasse. Então fiquei calado todo o tempo o observando, enquanto o posto de chefe interino era passado para mim. Não senti a euforia e alegria que achei que viria quando eu tomasse a cadeira da frente na empresa. Era um clima opressor e nada daquilo veio por merecimento. Finalmente fui capaz agora de entender por que realmente Nicholas foi escolhido em meu lugar.

Já fazia muitos dias que Chloe havia sido levado e eu só podia imaginar como aquilo estava rasgando o peito de Nicholas, ainda mais com ela grávida. Em casa as coisas não estavam perfeitas. Zoe sentia falta da amiga. Estávamos sendo mais amigáveis depois que contei a ela parte do meu problema. Ela descobriu sozinha então eu só esclareci. Ainda assim não queria ela sentindo pena de mim, e eu nem havia contado toda a história. Se ela soubesse tudo que ocorreu após o acidente ela perderia a cabeça.

Era como se tivéssemos dado uma pausa em nossos dramas, ou talvez tenha ficado claro que não ficaríamos juntos. Eu respeitava sua decisão, entendia seus argumentos e estava tentando me manter em meu lugar, mesmo que eu só conseguisse pensar em seus lábios tentadores e em como cheguei tão perto deles. Uma pena ela ser a mais racional naquele momento. Havia sido um dia de merda e foi bom não ter estragado as coisas. Eu tinha certeza que havia apavorado ela naquele noite em que soquei a parede. Mas ela era surpreendente em tudo e não correu, apenas tentou me entender.

Alguém bateu em minha porta e sorri quando Debbie apareceu mostrando um garrafa de champanhe. Assim que todos estavam cientes de que eu estava assumindo, liguei para contar a novidade a ela. Eu não poderia deixar de estar empolgado em tudo.

— Sei que ainda é um momento de merda, mas você é o chefe agora. Ainda temos que comemorar.

— É um cargo interino.

— Você ainda vai tomar as decisões por sabe-se lá quanto tempo.

— Na sua casa ou na minha? — Perguntei decidindo que minha prima estava certa.

— Na minha, é claro. Não vamos beber na frente da minha sobrinha.

Sorri para Debbie passando meu braço por seu ombro e deixamos minha sala.

— Você sabe se os detetives tem alguma informação sobre esse cara? Eddy? — Perguntei enquanto ela dirigia.

— Eu não estou sabendo de nada. Nós podemos perguntar para Dean se quiser.

— Isso parece bom.  — Concordei.

Eu me preocupava com Chloe, saber o que houve com ela me deixou apavorado e continuar sem notícias mexeu comigo. Eu soube o que meu irmão estava se envolvendo só depois quando Dean e Debbie me contaram. Era a porra de uma rede de traficantes, as pessoas mais desprezíveis do mundo.

Eu podia não estar mais apaixonado por Chloe, talvez eu nunca fui e só me enganei, mas eu senti algo por ela e me preocupava o bastante para ficar acordado na noite procurando um jeito de ajudar de alguma forma. Meu irmão não falava comigo e Debbie era meu único meio de saber mais já que ela era mais próxima de Dean.

Ficamos na sala de descanso tomando um café enquanto Dean terminava uma reunião com os agentes federais que trabalhavam no caso contra Eddy Bittencourt. Apertei a mão de Dean quando ele apareceu dizendo que os agentes estavam em ligações privadas.

— Então, o que você pode nos dizer? — Perguntei olhando diretamente para ele.

— Não muito, cara, é uma investigação federal. Mas eu não tenho certeza se estão tendo um bom sucesso. Os sequestradores não entraram em contato, não houve pedido de resgate... Eles estão correndo em círculos.

— É uma merda. — Murmurei balançando a cabeça.

Minha prima e seu cunhado concordaram. Nós continuamos conversando sobre qualquer outra coisa, e nesse meio tempo os agentes foram embora. Não gostei em nada da vibração deles e depois de meia hora descobri o porque.

Eles simplesmente eram corruptos e estavam trabalhando juntos com o homem que levou Chloe. Depois disso foi tudo uma correria. Dean estava irritado e berrando com seus homens sobre conseguir mais provas daquilo, ele tinha uma equipe excelente de hackers. Minha prima até mesmo ligou para John, o advogado de Nicholas e todos os três estavam discutindo sobre como contar isso a meu irmão.

Eles decidiram que seria imediatamente e enquanto eu estava no carro com minha prima a caminho de sua casa eu tomei uma decisão. Eu podia ter ferrado com Chloe uma vez, mas eu faria de tudo para ajudar no que fosse preciso. E eu conhecia as pessoas que fariam qualquer tipo de serviço. Pelo que eu imaginava, eles iriam agir contra os federais, eu não queria eles sujando as mãos e estragando tudo. Eu sabia exatamente quem seria a pessoa certa para o serviço.

— Diga a Dean e a Nicholas que além dos contatos financeiros para recursos, eu conheço os homens que topariam entrar com eles.

— De quem você está falando exatamente? — Ela me olhou com o olhar de quem já sabia. — Você está mesmo disposto a envolver eles?

— Atlas está me devendo uma visita, depois que eu conversar com ele a respeito de tudo, ele vai ajudar. Você tem apenas que convencer Nicholas.

— Ele vai querer a sua ajuda?

— Ele terá opção? Ele vai precisar de quantos homens for necessário. Ele está mexendo com gente da pesada, ele vai ter que deixar esse rancor de lado e aceitar a ajuda que estou oferecendo.

Debbie ficou muda o resto da caminho. Eu saí do carro e fiquei olhando para eles quando meu irmão abriu a porta. Senti seu olhar em mim e quando eles estavam fora de vista peguei meu celular para fazer a ligação.

— Meu garoto mal. Quanto tempo.

— Atlas, talvez seja hora de você vir visitar o clube.

— Certo. Eu estava mesmo pensando em ir visitar e ver a bagunça que vocês estão fazendo. Nossas motos também precisam de uma calibrada.

— Na verdade, eu preciso só de você por enquanto.

Ele ficou mudo na linha, ouvi um suspiro e tinha certeza que ele estava soltando a fumaça de um cigarro.

— O que está acontecendo, Evil?

— Um problema dos grandes. Vamos precisar do seu pessoal. Eu posso arranjar um voo rápido e fácil para você vir aqui. Você também pode ter a chance de conhecer minha filha. — Sorri ao imagina-los juntos.

— Uma filha? Isso é uma baita novidade. Bem, uma viagem de graça para Nova York? Eu estou dentro. Devo me preocupar?

— Não é nada comigo, mas alguém da família.

— O desgraçado do seu pai está com problemas? Dane-se!

— Atlas, não é com ele. Eu realmente não posso falar sobre isso por telefone. Eu vou preparar as coisas e te passo as informações do voo.

— Ok. Estou feliz que vou ver você garoto mal.

— Também estou contente por isso, Atlas. Obrigado.

— Pode sempre contar comigo.

Fiquei em silêncio depois que minha prima voltou para o carro e disse que Nicholas havia concordado em aceitar a ajuda dos meus conhecidos, mesmo assim eu estava decidido a envolver Atlas eles aceitando ou não. Quando cheguei em casa, Theodora estava dormindo então gastei boa parte do meu tempo fazendo ligações para conseguir que um jatinho saísse com Atlas naquela noite e ele estivesse em Nova York pela hora do almoço.

A Filha Rejeitada do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora