you are the best thing

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Teddy me olhava nervoso. Eu toquei em seu braço, ele virou o volante de forma violenta.

- Como foi o seu dia? - ele perguntou.

- Divertido. Organização de eventos sempre é divertido. - falei sorrindo.

Sua expressão ainda estava tensa.

- E o seu?

- Normal.

Comprimi os lábios. "Como sempre", pensei. Encarei a rua, estava desértica, os postes com luzes amareladas preenchiam a paisagem. Virei para Teddy depois de ele suspirar pela terceira vez.

- Você está bem?

- Como ousa?

Franzi as sobrancelhas confusa.

- Você nem consegue se defender.

- Do que está falando?

Ele começou a rir, parecia um maníaco.

- Eu fico imaginando porque seu dia foi divertido.

- Eu já disse que foi pela organização. Por que você está agindo assim?

- Então é normal? Desde quando você está fazendo isso?

Pisquei rapidamente.

- Fazendo o quê? Do que está falando?

Ele parou no meio da rua. Suas veias da testa estavam saltadas. Não parecia o bom namorado que eu conhecia.

- Qual é Amy, eu vi vocês dois.

Senti um caroço formar na minha garganta. Ele estava falando de Jake, o meu Jake. Tentei me manter calma, não havia feito nada de errado.

- Ele me surpreendeu. - minha voz quase não saiu. - Não sabia que o melhor amigo de Gina seria ele.

Fui cuidadosa com as palavras. Evitei citar seu nome, que parecia mel na minha boca.

- Não aconteceu nada, eu juro. - me expliquei.

- Você jura?

Assenti. Teddy desabou em meus braços, ele chorava como um bebê. Me surpreendi com sua atitude.

- Eu não quero te perder. Eu te amo tanto.

Forcei um sorriso.

- Não se preocupa.

Ele abraçou a minha cintura. Não queria me soltar. Temia que eu fugisse.

- Você é a melhor coisa que já me aconteceu.

Eu mexi em seu cabelo. Sabia que estava falando a verdade. Sua vida era bem entediante. Não respondi, permaneci em silêncio até uma buzina nos assustar. Um carro tentava passar por nós.

- Bom... - ele limpou as lágrimas. - Para casa?

Assenti colocando o cinto de volta. O restante do caminho foi bem silencioso. Teddy sorria. Eu encarava minha janela. Não conseguia parar de pensar em Jake e como ele tinha mudado. Balancei a cabeça. Eu estou com Teddy, só de pensar em outro é traição. "Não, isso não é verdade", a voz da Gina surgiu na minha cabeça, me lembrei de uma conversa recente. "Traição pode ser platônica. Por exemplo, se Rosa gostar de outra pessoa enquanto estiver comigo, eu mato ela." Não sei se concordo. Gina é persuasiva mas minhas convicções são quase imutáveis.

"Pra mim é algo carnal.", disse Rosa me tirando dos meus pensamentos. "Os sentimentos são incontroláveis, o ato é perfeitamente controlável". Me lembro de Gina a encarando, os olhos brilhando. Ela prestava atenção em todas as palavras da namorada e por mais que não concordasse, permanecia apaixonada. O amor delas foi capaz de passar por inúmeras provas, nenhuma duvidava do que sentia. A freada do carro me fez voltar à realidade. Lá estava eu, duvidando do meu amor pelo meu namorado.

O homem ao meu lado passou noites em claro comigo no hospital quando me acidentei a 3 anos atrás. Em todos os natais, fazia questão de providenciar pilsner como bebida. Seus feitos pela minha família eram incontáveis, como a vez em que viajou 8 horas com minha tia, só porque ela tinha medo de avião e depois voltou para NY. Ou quando andou à cavalo para fazer companhia ao meu avô. Além disso, Teddy era companheiro, sempre me acompanhava onde eu ia. Fazia questão de se certificar que eu estava bem. Meu cérebro não parava de listar suas qualidades. Era o cara ideal.

Por que eu não o amava?

Amor é uma construção. A convivência e o companherismo marcam esse sentimento. Assim, conclui que amava Teddy. Eu o encarei, minha mão apoiada no queixo. Ele virou rindo.

- O que foi?

- Eu amo você.

Ele sorriu.

- Eu também te amo, muito.

Ele entrelaçou nossos dedos. Sua mão estava fria, mas mesmo assim não recuei.

- Já disse que você é a melhor coisa que já me aconteceu? - eu assenti. - Vou repetir. Você é a melhor coisa que já me aconteceu.

Ele sorriu, seus olhos brilhavam. Eu tentei imaginei como os meus estariam. Se brilhavam como os seus.

the way i loved you {peraltiago}Onde histórias criam vida. Descubra agora