Deixei o prato na mesa. Teddy me olhou, seu semblante irritado, resolvi esquecer as batatas e sentar ao seu lado.
- Pode pegar. - falei comendo.
Seu andar estava duro, com raiva. Não era o mesmo certinho que colocava um pé atrás do outro e isso me preocupava. Meu celular vibrou, não chequei até terminar de comer meu temaki.
J: pegou as balizes?
A: Jake, do que está falando?
J: batata + feliz = baliz
J: o plural você já sabe. Parece uma professora de portuguêsA: Não peguei, mas vou pegar!
A: Estão boas?J: bastantão
A: Essa palavra não existe.
J: ok fessora
Revirei os olhos e guardei o celular. Teddy sentou ao meu lado. Seu prato estava branco. Não estava vazio, apenas branco. Arroz, palmito, couve flor e rabanete.
- Com quem falava?
- Rosa.
Felizmente, ele deu de ombros e começou a rir sozinho.
- Você acredita que tem batatas com rostos?
Eu sorri.
- Quem é o idiota que come isso?
O meu sorriso se desfez.
- Batatas fritas sem rostos são muito boas, obrigado. - continuou rindo consigo. - Você acredita nisso amor?
- Não.
- Eu entendo crianças comerem, mas não tem nenhuma aqui e o recipiente está quase vazio, enquanto a outra está cheia.
Continuei comendo e assentindo. Para o bem da minha sanidade mental, Teddy parou de falar assim que as carnes começaram a passar.
- Aceitam beber algo?
- Uma água com gás, por favor.
O garçom anotou o meu pedido e olhou para Teddy. Apertei minha mão por baixo da mesa.
- Pilsner , por favor.
O garçom se afastou. Como eu não pude ver isso antes? Teddy não me deixa confortável, ele não deixou e nunca deixará. Eu só me sentia bem ao seu lado porque ele se dá bem com meus pais, a dupla impossível de impressionar. Ambos se impressionaram com meu namorado, agora sei o porque. Ele sempre será o mesmo, nunca me proporcionará novas experiências. Ficando com ele, eu sempre serei a mesma. Viverei os mesmos dias por décadas, sairei nos mesmos encontros milhares de vezes e terei uma vida entediante.
No nosso terceiro encontro perguntei porque gostava tanto de pilsner e desde então ele não se calou sobre. A leveza que seu sabor proporciona e blá-blá-blá. Como pude me relacionar com alguém como ele? Como pude tentar preencher o buraco que Jake deixou com Teddy? Jake é engraçado, me fazia rir até eu fazer xixi nas calças. Se eu mencionasse o ocorrido, ele me faria rir mais ainda, até me compraria calças novas. Não sei de onde tirei que Teddy era o melhor cara para mim e aceitei me noivar com ele daqui a 3 meses. Até o nosso noivado tem data para acontecer. Nada é espontâneo. Eu mereço alguém espontâneo, alguém que me faça rir até eu fazer xixi nas calças.
- Quero terminar.
Ele tirou o garfo da boca e me encarou. Não consegui ler sua expressão.
- Pode repetir, por favor, você sabe que quando eu como perco audição...
- Quero terminar.
Ele abriu e fechou a boca. Nada saiu.
- Por quê?
- Porque sim.
- Amy, você não é assim.
- Você não me conhece. - falei cantado.
- Foi por causa da batata? Se foi você, eu não me importo...
- Não. Eu só quero terminar.
- Amy, nós podemos...
- NÃO PODEMOS. - elevei o tom de voz. - Não tem nada de errado comigo. O problema é com você, você é o cara mais chato que já conheci.
- O quê? - minhas palavras o surpreenderam.
- Você... - apontei para ele. - Chatonildo.
- Essa palavra nem existe.
- Agora existe.
Ele juntou as mãos na frente do rosto.
- Podemos conversar em um lugar privado? Tem pessoas olhando.
Olhei ao redor. Algumas mesas nos olhavam. Procurei por Jake, não o encontrei.
- Não tem nada para conversar. Acabou. Adios.
Dei as costas e não olhei para trás. Peguei um uber e dirigi para o apartamento de Rosa, não podia ir para o meu, sabia que ele acamparia lá. As horas se passaram e nada da morena chegar, sentei em sua entrada e coloquei os fones de ouvido.
Acordei com um tapa na cara.
- AI. - reclamei.
- Acorda.
Me levantei.
- Posso ficar aqui?
- O que aconteceu com a sua casa?
- Longa história.
- Desde que não use a minha escova de dentes...
Eu a abracei.
- Você é a melhor.
- Me solte ou você morre.
Eu a soltei e a segui. Sua casa estava organizada e com um forte cheiro de desinfetante. O de sempre.
- Gina, vai surtar.
- Ela realmente te transformou em maria fifi.
- Cala a boca.
- Jake imitou a morsa? - mudei de assunto.
Ela assentiu.
- Eu filmei se quiser.
Eu inclinei para frente, depois ajeitei a postura.
- Não, garota. Não quero. Puff.
- Para de agir estranho e vê logo.
Odeio admitir, mas corei o vídeo inteiro. Jake usava os hachis como presas e batia suas mãos, a risada de Gina era a trilha sonora. Não pude evitar de sorrir ao reparar no prato vazio. Ele gostou das balizes.
- Você devia falar com ele.
- Com quem?
- Jake. - disse com certa obviedade. - Dar a boa notícia.
Dei um soquinho em seu braço.
- Eu e ele somos amigos.
- Por enquanto...
Autora: muito obrigada pelas 100 leituras <3
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the way i loved you {peraltiago}
FanfictionAmy e Jake eram a perfeita dupla de detetives, trabalhavam juntos como ninguém. A aposta aumentou o número de prisões e destruiu a harmonia do casal. As brigas obrigaram Amy a mudar de precinto e começar uma nova vida, até que em uma quarta-feira el...