the bet part 2

185 16 19
                                    

Jake me ignorou na segunda.

Na terça.

Na quarta, ele bateu em minha porta.

- Ames, eu não quero desistir de nós.

Eu sorri pela primeira vez em um mês.

- Nem eu.

Ele sorriu.

- Podemos tentar de novo?

Eu assenti. Ele me abraçou, eu sentia falta de seu toque, de sua mão envolvendo meu corpo de forma tão suave.

- Me desculpa. - falei. - Eu me deixei levar e foi injusto com você.

Ele sorriu aliviado em ouvir as palavras.

- Tudo bem. Só me prometa que nunca mais vai ficar sem falar comigo.

Ele estendia o mindinho, meu dedo foi de encontro ao seu. Eu sorri.

- Prometo.

Ele beijou nossos dedos.

- Estou selando sua promessa.

Eu ri.

- Senti sua falta.

- Eu sei.

Bati em seu ombro.

Na quinta, eu me sentia nas nuvens. Eu e ele trocávamos bilhetes durante o trabalho, Holt não parecia perceber ou simplesmente não se importava. Jake me elogiava. Eu escrevia piadas sem graça, as quais faziam ele gargalhar e mostrar para Charles. Ele tem orgulho em namorar comigo.

Eu sorri, não sabia que seria a última vez que sorriria em meses.  Quarta era o céu azulado, sem nuvens, ninguém desconfia que irá chover, mas quando a chuva vem, ela destrói tudo pela frente. A chuva veio na semana seguinte. Seu pai estava na cidade, ele não queria correr o risco de encontrar com ele, por isso não parava de trabalhar. Ele não falava comigo, não me notava, havia esquecido da minha existência.

E doía, como doía. A dor era maior ao pensar que eu o fiz sentir assim por um mês inteiro. Ele pediu minha atenção, mas mesmo assim, eu o ignorei. Parece justo eu estar sendo a ignorada agora.

- Boa noite, Jake.

Ele não levantou a cabeça, continuou lendo seus papéis, como se tudo que lhe importasse fosse os malditos papéis.

- Temos que fazer alguma coisa. - Boyle entrou no elevador comigo. - Ele está fazendo hora extra sem ser pago, tem alguma coisa muita errada aí.

- O pai dele está na cidade. - expliquei. - Ele não quer encontrá-lo por acidente.

- Pera, ele te contou isso?

Assenti.

- Arranquei dele enquanto ele dormia.

- Menina esperta!

Mesmo a situação não sendo apropriada, eu ri. Essa seria a minha última risada verdadeira em meses.

- E aí? O que faremos?

- Nada.

- Nada? - perguntou incrédulo. - Ele é o futuro pai dos seus filhos!

Preferi não contrariar Charles, não quando ele parecia frágil. A porta do elevador abriu, nós saímos.

- Vamos respeitar o espaço dele.

Ele discordou e disse que sou uma péssima namorada, que Jake merece alguém que dê valor a ele.

Quinta doía.

Sexta doía.

O final de semana sem ele me matava aos poucos.

- Vamos sair? - perguntei na segunda.

Ele negou com um simples balançar de cabeça. Nem me olhou, estava ocupado demais ignorando seus problemas com o trabalho.

- Quer ir em casa ver um filme? - perguntei na terça, ele negou com um post-it, escrito: qualquer pergunta que tiver feito, a resposta é não.

- Jake. - chamei sem esperança na quarta, por sorte ele me olhou. - Quer ir no Shaw's?

Ele assentiu.

Nós terminamos na quarta.

♤♡◇♧

Eu queria ser capaz de voltar no tempo e nunca ter aceitado aquela aposta. Eu também tentaria ser uma namorada melhor para Jake. Charles o levava todas as refeições e tudo o que eu fazia era olhá-lo comer. Eu estava em casa, jogada na minha cama. O teto tinha uma infiltração no formato de Jake, as cortinas cheiravam como ele, o ventilador ria igual a ele. Eu levantei da cama. O que havia no sorvete?

Peguei um livro, tentando tirar Abacaxi da minha cabeça. Jake não gosta de livros sem figura, então peguei Tempestade de Guerra, o mapa conta como figura, não? Eu não consegui prestar atenção, o calor de Cal me lembrava o calor de Jake. Tão perto, mas tão longe. Guardei o livro, claramente isso não estava funcionando, eu precisava vê-lo. Peguei um casaco, pois a previsão do tempo disse que iria chover, e abri a porta. Jake estava parado na minha frente, ele sorriu sem graça.

- Eu ia tocar a campainha.

Ele não soou convincente, mas fingi acreditar.

- Aonde vai?

- Mercado. - menti. - Quer ir?

- Mercado soa legal.

the way i loved you {peraltiago}Onde histórias criam vida. Descubra agora