the way i loved you {peraltiago}

dad's house

- Charlize Wiest.

- O quê?

Olhei para Jake. Ele colocou uma cerveja em minha frente.

- O nome de drag do Boyle. Charlize Wiest.

- Você mandou mensagem para ele?

Ele negou.

- Foi ele quem mandou. "Se prepare para quando chegar conhecer Charlize Wiest".

Eu ri.

- É um belo nome.

- Como yeast. - ele começou a rir sozinho.

- O quê?

- Piada interna. - ele olhou ao redor. - É tão estranho esse lugar continuar idêntico.

- Algumas coisas não mudam.

Eu o encarava, ele me olhou e sorriu sem mostrar os dentes. Meu rosto virou um pimentão. Dei um gole para disfarçar a vergonha.

- Tive uma ideia. - disse ele rompendo o silêncio.

- Isso nunca é bom.

Ele riu.

- O que acha de visitar o Holt?

- Continue.

- É isso. - ele deu um gole em sua cerveja. Meus olhos fixaram-se em sua boca. - Só quero vê-lo.

- Não acho que seja uma boa ideia, Jake. É final de semana, ele deve estar descansando com Kevin.

Ele fez uma careta de desaprovação, como uma criança mimada.

- Quer apostar?

Não. A nossa última aposta não deu certo. Mas, a minha competitividade respondeu mais alto.

- Sempre.

Seu sorriso voltou aos seus lábios. Ele fica tão bonito sorrindo, queria que ele soubesse disso.

- Estou brincando. - disse com o tom de voz diferente. Ele se lembra. - Não vamos apostar.

- Está com medo? - provoquei.

Seus olhos escureceram. Ele engoliu a seco e voltou a olhar para mim.

- Não.

Era mentira. Ele estava com tanto medo quanto eu, só não queria admitir. Nós somos muito orgulhosos para isso. Forcei um sorriso.

- Vamos para a casa dele. Se ele não nos receber bem, eu ganho. Caso contrário, você ganha.

- Qual o prêmio?

- Decidimos depois.

Ele assentiu.

- Preciso tomar coragem. - apontou para sua cerveja.

Eu ri e dei um gole na minha.

♤♡◇♧

Cambaleamos até a porta de Holt.

- Shiu. - pediu Jake. - Não podemos acordá-lo.

Eu assenti. Ele tocou a campainha.

- Isso é uma péssima ideia. - falei.

- Foi sua ideia.

- Não foi. Foi?

Ele deu de ombros.

- Eu nem me lembro como chegamos aqui.

- De uber.

Ele assentiu lentamente. Talvez, tenhamos bebido mais do que deveríamos. A porta abriu, revelando um capitão de pijamas.

- Santiago? O que está fazendo aqui?

Ele olhou para a minha direita. Seu rosto mal se mexeu, estava surpreso em ver Jake.

- Peralta, quanto tempo.

- Eu senti tanto a sua falta.

Jake jogou seus braços ao redor de seu ex capitão. Aquilo não deveria ser chamado de abraço, estava mais para um envolver de dois pedaços de pano ao redor de Holt. Jake havia alegado que não sentia seus braços, apenas pedaços de pano no lugar deles. Olhando para aquela cena desconfortável, um homem bêbado abraçando seu antigo chefe, meu coração aqueceu. Talvez fosse o álcool.

- Eu senti tanto a sua falta. - repetiu Jake.

- Eu também, Jacob.

Ele passou minutos jogado em Holt. Meu capitão tentava tirá-lo, mas Jake era mais rápido e já o envolvia novamente. Agora, ele apenas soltava grunhidos. Estava muito bêbado para formar frases completas.

- Vocês beberam?

- O QUÊ? NÃO! QUE ABSURDO, RAY!

- Vou considerar isso como um sim.

Jake virou-se para mim e murmurou algo, que não compreendi.

- Entrem.

Holt levou Jake, já que o homem não soltava de seu corpo. Eu os segui. Ajudei o capitão a deitar meu ex no sofá.

- Beba. - ele me entregou um copo d' água.

Eu agradeci e bebi lentamente.

- Posso dormir?

Holt assentiu e me indicou o quarto de hóspedes no andar de baixo. Coloquei um pijama e cochilei.

Acordei e espreguicei. Ainda estou com sono, deve ser por isso que sinto minha cabeça latejar. Olho ao redor. Tudo muito arrumado, sem muita decoração ou informação nas paredes de cores frias. Pisquei tentando me lembrar do dia anterior. Sem muito sucesso, chequei as horas no celular; 21h. Meu deus, ainda é o dia anterior. Sai andando pela casa até trombar com Cheddar. Meu deus. Meu deus. Meu deus. As lembranças piscaram, como um flash diante de meus olhos.

Procurei por Jake. Ele ainda estava jogado no sofá. Pelo menos estava acordado.

- Jake, precisamos ir.

- Calma Ames. - o uso do apelido me fez corar. - Holt já está dormindo, temos a casa só para nós.

Ele riu travesso. Ao ver minha expressão tensa, seu sorriso sumiu.

- O pai saiu, a casa é só nossa. Por que não está comemorando?

- Eu não quero perder o emprego! - alterei o tom de voz, estava desesperada.

Seus olhos transpareciam compaixão, ele sabe o quanto eu amo esse trabalho.

- Não vai. Você é a garota dourada, Holt nunca a deixaria ir.

Eu sorri.

- Mas, temo informar que você perdeu.

Eu pisquei confusa.

- A aposta. - sorriu vitorioso. - O que eu ganho?

- O que você quer?

Ele sorriu. Você ainda vai me arruinar com esses sorrisos, Jake.

- Um beijo.

Engasguei. Ele riu da minha reação.

- Estou brincando. Quero um sorvete.

- Só vou te pagar agora.

- Tudo isso para sair daqui?

Assenti. Ele riu.

- Ok então. Aceito seu sorvete.

Eu sorri. Pelo menos, essa aposta não nos custou nosso relacionamento.

Autora: próximo capítulo é flashback da aposta. Tô ansiosa pra vocês lerem.