Décimo Terceiro Capítulo

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– Zulema, vamos diga-me - Macarena pergunta após longos segundos de silêncio no apartamento.

– Apenas, deixe-me ver - Zulema pega o papel da mão de Macarena e começa a ler atentamente cada palavra.

– Zulema... - Macarena tenta novamente - O que está acontecendo? Você está me deixando nervosa.

– Está tudo bem Maca, de verdade, não se preocupe - Zulema diz mas no fundo, não estava nada bem - Eu preciso sair, não vou demorar.

Mas antes de ir, Macarena a puxa para um beijo na qual ela nunca havia dado em ninguém. Aquele beijo era diferente, era desesperado e ali havia sentimentos por parte de ambas.

Quando se separaram, Zulema grudou sua testa com a de Macarena fechando os olhos, apenas ouvindo a sua respiração e como isso a tranquilizava.

Após a morena abrir os olhos novamente, a loira pôde ver seus olhos um pouco marejados, mas antes que ela pudesse ter certeza, Zulema deixou o apartamento rapidamente.

[...]

Zulema já tinha estacionado o carro na vaga permitida da calçada, e estava a um bom tempo dentro do carro quando viu uma figura conhecida - para ela - vir em direção ao seu carro e abrir a porta e se sentar no banco do passageiro.

– Zahir! Quanto temp-

– Eu quero sair, não posso continuar com isso - Zulema diz firmemente olhando para frente e para os carros que atravessam a rua, de onde o carro estava estacionado.

O homem de cabelos grisalhos e barba da mesma cor - ele não parecia ser tão velho - mal havia acabado de fechar a porta do carro de Zulema quando foi surpreendido pela sua resposta.

– Foi pra isso que nos chamou?... Você quer sair? Tudo bem, porém você precisa concluir a sua missão para poder sair.

– O que vocês querem que eu faça, é impossível para mim. Eu simplesmente... não posso.

Zulema estava quase implorando com as mãos juntas, mas ela era Zulema Zahir, não faria isso. Então ela apenas falou quase em um sussurro, sentindo um nó na garganta.

– Não Zahir, como nós havíamos dito meses atrás na sua carta, você tem que matar a futura rainha. Só assim você se livra disso tudo.

–  Apenas me diga... Quem foi que solicitou para que isso seja feito?

O homem pensa entre contar ou não, Zulema era a melhor do SIGE, não haveria problema se ele contar, assim ele pensou.

– Victor Ramala.

Zulema bufa com as mãos no volante e respira fundo, buscando algum plano mas não havia o que fazer, ela teria que concluir.

– Ok, irei matar a futura rainha, de acordo com a sua carta enviada meses atrás. Agora saia do meu carro e me deixe em paz.

Zulema ao caminho todo de volta para casa, teve uma grande vontade repentina de chorar, ela nem se conhecia mais, ela consequentemente teria que reencarnar a antiga Zulema que havia enterrado meses atrás.

[...]

– Você tem relógio ou não? Onde você esteve o dia todo? - Macarena pergunta da cozinha após ver Zulema entrando no apartamento e se dirigindo para sala.

A árabe antes de voltar para casa, resolveu ir a um parque não muito movimentado para tentar pensar no que fazer antes de voltar à realidade. E acabou perdendo a hora e voltando só a noite.

– Eu não tenho que te contar tudo, tenho? - Zulema debocha e dá de ombros enquanto responde - Não somos casadas Macarena, não te devo satisfações do que eu faço ou deixo de fazer e não se meta nas minhas coisas.

- Eu sei - Macarena respondeu cabisbaixa, tentando não sentir o efeito das palavras de Zulema - Eu só pensei que, isso que nós temos juntas - Aponta para si mesmo e para a mais velha - Havia algum tipo de confiança, mas me equivoquei porém não seja assim - Macarena revira os olhos.

– Não sou divertida quando estou por perto. Posso ser boa na cama, mas é tudo o que tenho a oferecer.

– Isso não é verdade - Macarena rebate - E eu gosto de passar tempo com você. Eu não gosto apenas de você porque é boa na cama.

Zulema aperta um botão no controle remoto e a TV liga, reproduzindo o noticiário da noite.

– Não podemos ficar juntas - Zulema diz sentada no sofá - Tenho lhe dito isso desde o início.

– Mas por que não? - A loira pergunta da cozinha, enquanto ela coloca um pouco de água no copo para beber. Tentar evitar uma briga com a morena é uma coisa difícil de se conseguir.

– Porque... -  Zulema começa - Como você acha que podemos ter um relacionamento significativo se temos outros relacionamentos, e mesmo se tudo isso acabasse... e se eu não puder confiar em você?

– Como você saberá se não me der uma chance? - Macarena rebate novamente.

Zulema apenas desvia o olhar fingindo prestar atenção na notícia, mas a loira não desistiria tão fácil assim, ela termina de beber a água e caminha em direção à morena no sofá.

– Eu não vou dar uma chance a isso - acrescenta Zulema.

E dói, ela tem que admitir que dói muito, porque goste ou não, o rosto de Macarena cai quando ouve suas palavras, o que a faz querer engoli-las de volta de onde saiu.

Ela não quer machucar a loira, mas essa é a única maneira de afastá-la, de mantê-las seguras para que tudo não vá por água abaixo.

– Estou tão cansada da sua besteira! - Macarena explode - Você já considerou meus sentimentos? Você já pensou em como tudo isso me faz sentir? Nós nos beijamos e depois você foge. Você me fode e se distancia novamente. Não posso continuar fazendo isso. Não posso continuar vivendo com esperança, apenas para que ela seja destruída novamente. Eu não posso.

– Então vá embora - Zulema diz simplesmente sem olhar para a loira.

Há silêncio por alguns segundos em que Macarena por fim decide o que fazer.

– Tudo bem, estou saindo.

Zulema mantém os olhos vidrados na televisão até ouvir a porta da frente fechar inundada de pensamentos.

O amor dói.
E não pergunte como eu sei, existem coisas que apenas sabemos.

Eu nunca pensei que diria isso, mas o amor é um ciclo vicioso de fantasias criadas pela idiota expectativa de ter uma família e um felizes para sempre não se engane eu ainda quero me viciar em borboletas na barriga em me agarrar a beira do precipício sem me importar com a queda. Mas pensar nisso me assusta.
Assusta pensar que eu não ligaria para os efeitos colaterais de um coração partido, de como eu me jogaria de corpo e alma em uma vala vazia. E pior ainda em sentimentos que eu idealizei.

É... o amor dói como um vulcão se dispersando em lava.

God Save The CrownOnde histórias criam vida. Descubra agora