Observo o professor explicando a matéria, começo a juntar minhas coisas quando vejo que o horário do fim das aulas está chegando.
Exatamente na hora toca e eu pego minhas coisas para ir embora.
Coloco a bolsa mas costas e caminho pelo corredor vendo ele ficar cheio e os outros alunos saindo de suas respectivas salas.
Coloco os abafadores para não escutar o barulho de várias vozes juntas, saio do campus e começo a ir em direção aos dormitórios.
Pego minhas chave e abro a porta do dormitório suspirando ao ver o chão cheio de roupas novamente.
Respiro fundo e saio chutando tudo para debaixo da cama dele, ao menos para mim não fica aparente.
Coloco minha bolsa no lugar, retiro meu sapatos e coloco no canto, tiro as roupas e deixo elas no cesto, pego meus produtos de higiene e entro no banheiro para tomar banho.
Após terminar o banho saio do banheiro, pego uma roupa e volto para ele e visto, quando saio novamente vejo meu colega de quarto entrar agarrado com uma garota e os dois se beijam.
Limpo a garganta e vejo os dois me olharem assustados.
- Puta merda, você já está aqui? - ele questiona passando as mãos nos cabelos.
- Sim - falo sério, não gosto de ver as pessoas demonstrando afetos, me deixa confuso com tanta informação.
- De dou cem se você sair - diz e franzo o cenho.
- Cem o que? - questiono.
- Cem em dinheiro, agora mesmo - diz tirando uma nota do bolso e caminhando até mim - Pow cara, quebra essa aí, eu lutei para conseguir essa gatinha.
- Você participou de um duelo? - questiono confuso.
- O que? - ele também parece confuso agora - Cara vamos lá, eu arrumo uma para você também, mas me ajuda aí.
- Sinto muito, vou estudar agora, vocês dois podem ir a outro lugar - falo e vejo ele bufar e virar para a menina que parece com vergonha.
- Sinto muito gatinha, hoje não dá mais - diz e ela assente fazendo um bico e saindo do quarto - Eu te daria um soco se não soubesse pelos professores que você é autista e as coisas são diferentes para você.
Me movo olhando para ele que parece tranquilo com o que aconteceu.
- Tenho uma irmã que é autista também, ela não é bem minha irmã, na verdade meus pais adotaram ela - diz e se deita na cama - Por isso que me colocaram aqui, porquê eu ia entender os tics e manias que você tem.
Assinto e me sento na cadeira de frente ao notebook.
- Quantos anos você tem Ravi? - ele questiona.
- Dezoito - respondo olhando para tela do notebook.
- A origem do amor? - ele lê o que está na tela e solta uma risada - Você está tentando entender o amor Ravi?
- Estou confuso quando algumas coisas - falo suspirando.
Desde aquele dia o garoto da oficina não sai da minha mente, eu fiquei pensando nele e em algumas coisa, mas entendi muito bem o que estava sentindo, fiz perguntas e mais perguntas, pesquisei e não sei, tudo que me restou foi isso, talvez eu esteja apaixonado (o que duvido muito, é impossível se apaixonar por alguém que você só viu uma vez, ao menos foi isso que li em minhas pesquisas).
- Se estiver confuso então está apaixonado - diz sentando ao meu lado.
- É impossível, eu só vi uma vez - falo me mexendo na cadeira - Impossível existir amor a primeira vista.
- Não é, eu sou apaixonado por alguém e eu acho que foi a primeira vista, porquê desde o começo eu só tenho aquela pessoa na minha mente e coração - diz suspirando e tocando um anel no dedo mindinho, vejo que tem uma flor pequena nele.
- É aquela garota que entrou aqui com você? - questiono.
- Não, é alguém com quem não posso ficar - diz suspirando - As garotas que eu fico é só para esquecer, nunca dá certo, mas não estou aqui para falar do meu e sim do seu, então, porquê está confuso e quer saber sobre o amor?
- Eu não sei, fiquei intrigado com algumas coisas depois que vi essa pessoa - falo - Na hora que eu olhei para ela senti tudo confuso dentro de mim.
- Mas confuso de que tipo? - questiona.
- Do tipo azul - falo e ele franze o cenho - Azul é uma cor confusa para mim, ela tem muitos tons diferentes que até parecem outras cores, muitos nomes, não sei explicar por isso acho que é igual ao sentimento que o garoto me causou.
- Hum, safadinho - diz me abraçando e me afasto - Desculpe, esqueci.
- Por exemplo, o sentimento que tenho pela minha família e amigos é amarelo, porquê é uma cor quente, aconchegante e acolhedora igual minha família é comigo - falo e suspiro esfregando o rosto - Como alguém que eu só vi uma vez por ter feito tudo ficar azul?
- Não há explicação meu caro - diz - Procura o garoto e tenta ser amigo dele, talvez comece a entender e se torne amarelo ou qualquer cor que você achar, mas pare de pesquisar sobre isso, não vai achar nada e só vai focar mais confuso ou azul, como preferir.
- Ok - suspiro desligando o notebook e olhando para ele que tem uma foto na mão - Esses são meus pais e minha irmã.
- Você parece com sua mãe - diz - E sua irmã também.
- Somos gêmeos - falo.
- Entendi, olhar essa foto me deu saudades da minha família, faz tempo que não os vejo - diz sentando na cama dele e pegando um porta retrato na mesinha de cabeceira.
- Por que? - questiono.
- Porque eu não tive coragem de ir para casa por conta de algumas coisas, mas não vem ao caso - fala e assinto - Acho que eu posso gostar de você Ravi, parece ser legal.
- Você é laranja - falo e ele franze o cenho - Laranja é uma cor legal, mas ainda precisa de algumas coisas acrescentadas para ficar amarelo.
- Entendi, não sou seu amigo, mas posso me tornar é isso? - assinto e ele sorri - Estou ansioso, e curioso, pode me contar mais sobre sua analogia das cores?
- Claro - começo a contar a ele sobre as cores, seus sentimentos e simbologias para mim.
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Azul É A Cor Do Amor
RomanceRavi sempre ligou os sentimentos a cores. Como por exemplo para ele amarelo simboliza o amor da família, algo quente, aconchegante e acolhedor. Mas ainda há algo sem cor e definição específica. O amor. Mas isso logo acaba quando ele encontra Eros e...