Algum tempo depois...
Me jogo na cama cansado e ouço Yllian começar a chorar outra vez, esses dias ele está manhoso pelos dentinhos já estarem nascendo, eu o levei na pediatra e ela disse que é normal algumas crianças nascerem os dentes antes de outras.
- Por favor só dois minutinhos sem chorar - peço choramingando, mas ele não para, me levanto e pego ele no colo o balançando.
Tenho estado cansado ultimamente, não imaginava que cuidar de um bebê fosse ficar mais trabalhoso do que já era.
- O que você quer meu amor? Eu não sei mais o que fazer - falo, o vejo colocar o dedo em sua boca e ficar quieto por um tempo.
Coloco a boca dele no meu peito e ele começa mamar mas ainda resmunga, suspiro de alívio e me sento no sofá.
- Só fica quietinho enquanto mama ok? - falo e fecho os olhos relaxando, sinto meus olhos cansados e quando estou cochilando batidas começam na porta, quase choro.
Me levanto e abro já sabendo quem é, vejo Ravi sorri e entrar dentro de casa, ele tem uma caixa nas mãos.
- Oi, como você está? - questiona - A minha mãe mandou docinhos da confeitaria dela.
- Coloca no balcão - falo e ele assente, suspiro e me sento no sofá tentando relaxar outra vez, sinto Ravi sentando ao meu lado.
- Você não me respondeu se está bem - diz.
- Estou - falo no automático, Yllian solta meu peito e eu o coloco para arrotar, enfio a chupeta em sua boca e ele fica quieto, mas logo chora também - Por favor não.
Ele leva as mãos a boca e fica choramingando e esfregando o local, suspiro balançando ele de um lado para o outro, mas não há jeito.
- Ele está chorando, não gosto de pessoas chorando - Ravi fala com as mãos nos ouvidos, tento acalmar Yllian e vejo Ravi ficando agitado - Faz ele parar!
- Estou tentando porra! - exclamo irritado e Yllian começa a chorar mais alto - Para de chorar pelo amor de Deus.
- Eu odeio choro, faz parar! - pede novamente.
- Se odeia essa merda vá embora porra, estou cansado! Cansado de ter que cuidar de tudo sozinho, cansado de não saber o que fazer! - exclamo alto - Tem o Yllian doente, tem a porra do trabalho que está me desgastando, tem o aluguel atrasado porquê gastei em uma consulta com o Yllian, tem você! Porra estou cansado, eu só queria ser a porra de um jovem normal sem ok problemas nas costas!
Me sento no chão e começo a chorar ouvindo o choro do Yllian ficar mais alto, coloco o bico do meu peito na boca dele sentindo o mesmo apertar com a gengiva me causando uma dor, mas nem ligo, ouço a porta ser aberta e então fechada, abaixo minha cabeça e choro.
Eu só queria meus pais aqui sendo os responsáveis por tudo e não que tivesse tudo isso em minhas costas.
Suspiro após colocar o Yllian para dormir, vi um doca na internet para aliviar os dentinhos que é picolé de leite, ele pareceu gostar e ficou sossegado depois.
Me jogo na cama e fecho os olhos pensando se Ravi está bem, eu gritei com ele e sei que pode ter interpretado de maneira errada, mas eu não ando bem ultimamente, são muitas coisas e responsabilidades sobre mim, vou o procurar e pedir desculpas depois.
Sinto o sono chegando e quando estou cochilando ouço batidas fortes na porta, suspiro e choramingo colocando o travesseiro no rosto e soltando um grito se frustração.
Levanto e caminho até a porta, vejo um homem alto e tatuado do outro lado da porta, Engulo em seco e ele bate novamente, o que será que esse homem quer batendo as onze da noite na minha porta?
- Eros Castillo, abra a porra da porta ou eu vou derrubar! - ouço uma voz grave e brava, engulo em seco e com as mãos trêmulas abro a porta vendo o homem me olhar avaliativo antes de dar um passo em minha direção e segurar o colarinho da minha camisa - Me dê a porra de um motivo para não deixar sua cara espalhada pela porra desse cubículo agora.
- Eu... Eu... - gaguejo sem saber o que falar, sinto minha boca seca e engulo em seco.
Fecho os olhos com medo quando Yllian começa a chorar, me matar tudo bem, encostar no meu irmão não.
- Quando meu filho chegou em casa chorando dizendo que um idiota havia dito estar cansado dele só veio em minha mente eu o jogando para que minhas piranhas comessem, e eu deixaria a porra do sangue lá para lembrar, mas ele como sempre quis contar tudo e eu entendi o motivo - diz com o rosto próximo ao meu - Mas posso não entender da próxima vez, há limites para tudo, foda-se que você está sobrecarregado, jamais, em hipótese alguma grite com meus filhos, não faça nada que vai os deixar triste, principalmente com o Ravi, ele não entende as coisas e muitas vezes interpreta errado, ouviu bem?
- Si-sim - falo quase sem voz, ele me solta e sinto minhas pernas bambas, mas ele mesmo me segura, sinto meu corpo tremer de medo e sou colocado no sofá ainda sem forças para levantar, vejo ele caminhar até o quarto e me desespero - Não toca nele!
O homem não me dá ouvidos e pega meu irmão no colo, tomo forças e me levanto correndo para o quarto, mas ele me impede, sinto meus lábios tremendo de medo e vejo ele balançar Yllian colocando o bico da chupeta em sua boca e o fazendo ficar quieto.
- Os dentes dele estão nascendo, é bom comprar um mordedor, assim alivia a coceira que dá quando estão saindo - diz, Yllian olha para ele com curiosidade enquanto siga a chupeta.
- Me dá ele - peço chorando e ele me olha de olhos cerrados.
- Eu vou colocar esse bebê para dormir e nós vamos conversar - diz sério e assinto sem tirar os olhos do meu irmão.
Tadinho do meu neném Eros, é cansativo tudo isso...
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Azul É A Cor Do Amor
RomanceRavi sempre ligou os sentimentos a cores. Como por exemplo para ele amarelo simboliza o amor da família, algo quente, aconchegante e acolhedor. Mas ainda há algo sem cor e definição específica. O amor. Mas isso logo acaba quando ele encontra Eros e...