ANDEI TÃO distraída que esbarrei em alguém no corredor dos quartos.
— Ah! Desculpe, não estava...
— Oi, Dary. — Drystan sorriu em sua magnífica calma, abriu os braços e me envolveu, ele sequer sabia da existência da tradição, ninguém o contaria até o dia da coroação, ele não poderia saber. — Quanto tempo não vejo você! Como vai? Acho que você cresceu, você já está tão alta... Estavam jantando? — Minha garganta fechou e eu não consegui responder, apenas retribuí o abraço e consegui me acalmar, mas meus olhos ainda estavam vermelhos e eu não consegui esconder isso dele. — Você está bem? Estava chorando? — Ele olhou para frente, como se procurasse alguém pelos corredores. — Mamãe fez algo à você?
— E quando que ela não faz algo? — Ele estalou a língua e pensei em contar sobre a história da coroa.
Mas minha língua enrolou, eu não poderia jamais revelar isso à ele, seria egoísmo meu preocupá-lo com isso.
— O que ela fez? — Meneei a cabeça, senti que se abrisse a boca jogaria todo meu estresse nele. — Você está bem? Está bem, mesmo?
— Estou bem, sim. — Soltamo-nos e ele bagunçou meus cabelos, passou o polegar em minhas bochechas, ainda preocupado. — Mamãe... Mamãe sempre tem algo pra falar, não é? — Tentei sorrir mas não passou de um soluço reprimido.
— Quer dar uma volta de cavalo?
— Agora? — Ele acenou. — Perdão, Drys, agora não posso... Podemos ir amanhã... ou... que tal fugir do palácio e ir passear de madrugada? Nunca mais vi o sol nascer perto do...
— Eu não posso sair de madrugada, estou tendo pouco tempo para dormir ultimamente, desculpe. — Ele pareceu triste, eu também estava triste, mas não quis demonstrar. — E tenho uma reunião amanhã bem cedinho...
— Podemos jogar cartas com Dan e Dareen antes de você ir deitar...
— Drystan! Meu filho! — Ouvir a voz doce e melosa de mamãe no fim do corredor me fez congelar por inteiro, ela sabia o que estava fazendo e eu odiava isso.
O enjoo em meu ventre quase me fez vomitar, não quis enfrentar os nervos de vê-la mais uma vez na mesma noite então beijei a bochecha do meu irmão, fingindo que não queria chorar. Ele não sorriu ao ver mamãe, manteve-se parado.
— Vejo você mais tarde! — Despedi-me e ele beijou minha testa.
Corri direto para o meu quarto. Eu perderia completamente a postura se tivesse de ouvi-la falar, tão alegremente, sobre a coroação dele.
Assim que fechei a porta atrás de mim, deixei-me cair em desespero.
— Você perdeu, Princesa?
— Ah! — Cobri minha boca com as mãos e arregalei os olhos de susto, tinha esquecido que Castiel, meu guarda, aguardava-me voltar do jantar. Acalmei meus nervos e assenti. — Sim, Cassy, eu perdi.
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A Coleção do Príncipe
Romance"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...