DIA TRÊS
ALGUMAS HORAS de viagem e nenhum de nós abriu a boca desde o momento que saímos.
O céu estava nublado e o frio congelante da noite passada não se dissipou nem com a tímida chegada do sol.
Enrolada em meu casaco grosso e com um cobertor que roubamos da casa da mãe de Castiel — com um singelo cartão de desculpas — não consegui arranhar meu antebraço e só percebi que tinha tentado quando uma de minhas unhas ficou presa nos fiapos da coberta. O frio avermelhava meu nariz e àquela altura eu conseguia ver o ar que saía de minha boca quando respirava, não tive dúvidas, o inverno tinha chegado.
Nuvens e nuvens infinitas cobriam o céu como um cobertor chuvoso e de várias camadas. Grandioso trotava com calma e usualidade nas estradas de pedra. Ouvíamos apenas o vento batendo em nossos rostos e bagunçando nossos cabelos e o som dos cascos do cavalo. Vez ou outra, embora não muito comumente, ouvíamos pássaros cantando e se parássemos para prestar atenção talvez, em algum lugar não muito distante, ouviríamos os latidos de um vira lata idoso.
Uma dúvida ainda feria minha garganta.
— Castiel.
Tínhamos saído às pressas noite passada e por isso dormimos na casa da mãe dele. Quando o questionei a respeito, Castiel apenas disse que responderia depois, mas no fim, não lembrei de perguntar e até agora não sei o que aconteceu.
— Diga.
— Você não falou o porquê de termos saídos às pressas ontem.
Castiel não abriu a boca e seus olhos permaneceram fortemente fixados no horizonte a nossa frente, o silêncio, embora incômodo, não era constrangedor. Ele não queria falar e talvez não fosse a hora.
Mas meu coração estava apertado.
Amargava minha língua aquela impotência.
— Eu entreguei as cartas — Castiel falou e fui puxada para fora de meus pensamentos, quando percebeu que eu estava prestando atenção, ele prosseguiu — e a carruagem de Dareen estava lá. — Engasguei e apertei as mãos no tecido grosso do casaco. — Dareen não estava.
— Vá direto ao ponto antes que eu morra.
— Eram salteadores, vários deles. Dareen não estava na carruagem, nem ele nem seu cavalo. Ele sempre viaja com Lúcio, seu motorista e as vezes com a dama. Tanto Lúcio quanto a Dama estavam feridos... Aparentemente estão procurando você.
— E Dareen? Onde está?
— Não sei! — Ele se exaltou e pigarreou logo depois. — Só sei que ele não estava lá, não deixei que me vissem, fugi logo.
— Não... Não estou entendendo.
— O mundo e os homens estão ficando violentos. Quem é que não quer achar a princesa? Quem não quer ficar rico? Ou pior... — Ele revirou os olhos e não se deu ao trabalho de finalizar sua sentença, fingi entender e não ousei perguntar.
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A Coleção do Príncipe
Romance"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...