ENTRAMOS NO palácio quieto, cada passo era ouvido, cada respiração. Ainda era manhã e a prioridade era não acordar o rei nem a rainha, silêncio total. Ninguém quer estar ao alcance dos olhos de um soberano de mal humor.
Subimos a escadaria lado a lado e passamos pelo corredor monótono dos quartos, Castiel abriu a porta e eu entrei primeiro, ele veio logo depois e quando fechou a porta eu já tinha me jogado na cama.
Ao contrário do que ele faria, Castiel não abriu a boca e não se sentou em sua poltrona. Ficou parado à porta, encarando-me e aguardando eu começar a falar.
Suspirei e me sentei, tirando o cabelo do rosto olhei para ele de volta. As cortinas estavam abertas e o brilho dourado dos olhos de meu amigo, pela primeira vez, amedrontaram-me.
— Vai começar? — Perguntou ele.
— Você sabe da coroação, não sabe? — Ele assentiu e descruzou os braços, mas não relaxou a postura. — Na noite da praia, quando eu parei de gritar... — Parei de falar e fiquei em pé quando percebi que sua respiração estava pesada. — Olha, está tudo bem comigo. Aquela noite não vai se repetir, você não precisa ficar nervoso sempre que falarmos disso.
— Não enrole, fale logo.
Castiel baixou o olhar e sentou-se na poltrona, cruzou as pernas e arrumou a barra da calça. Fiquei em quieta, incerta se devia esperar ou não que se arrumasse.
— Pode continuar.
— Enfim. — Prossegui. — Quando eu parei de gritar, um homem de olhos coloridos apareceu lá e me "livrou" dos outros dois...
— Eram quantos? — A voz dele era grave e eu sabia que demoraria um tempo para superar o acontecido.
— Dois... Digo, com ele, o dos olhos coloridos, três.
— Ele livrou você?
— Não exatamente... — Eu não tinha considerado, na verdade, o quão difícil seria essa conversa. — Acho que era um escravocrata... Que achou que eu era uma escrava, ele me comprou e quando eu pude joguei terra no rosto dele e corri, foi aí que nos encontramos... Eu e você. — Castiel suspirou e eu voltei a me sentar na beira da cama. — No outro dia, mamãe me acordou com aquele sino, me levou para o salão e me maquiaram e me vestiram.
— Alguém viu seu estado?
— Você acha que alguém comentaria? Posso listar a você as pessoas que perceberam meu estado e mesmo assim não fizeram nada.
— Liste. — Era um aviso, fingi que não o tinha ouvido.
— Então fui a Calanthe com Ana, que mamãe mandou que me acompanhasse, não sei qual motivo. Ana ainda é bem inexperiente como dama de companhia... Confesso, Cassy, foi estressante demais lidar com ela. — Tirei as mechas de cabelo do rosto.
Castiel vez ou outra assentia para me confirmar que estava ouvindo.
— Fui recebida pela rainha Cristina e seus filhos. E... — Pigarreei. — O mais velho... Bem...
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A Coleção do Príncipe
Romance"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...