MEUS PAIS entraram na sala lado a lado com a Rainha Cristina e o Rei Luís, seu marido. Eu e meus irmãos fizemos uma breve reverência aos governantes de Calanthe, e Clarine e seu irmão curvaram-se aos meus pais. Eu detestava essa clássica e longa reverência que tínhamos que fazer sempre que encontrávamos os reis de Calanthe.
Sentamos à mesa e eu observei o relógio dourado do outro lado da sala, meio dia e quinze. Clarine puxava conversa com Dareen, que já estava perto de chorar porque teve de sentar vizinho a ela. Damir e eu evitávamos rir quando a princesa o lançava olhares que ela considerara adequados ao flerte.
Honestamente, a cena era um pouco trágica.
Mamãe olhou para meu vestido de cara feia, achei que o azul tinha sido uma péssima ideia, meu coração apertou porque talvez eu devesse ter escolhido o rosa claro ou o florido, mas antes que eu me perdesse muito nos pensamentos ela abriu a boca e li em seus lábios pintados de vermelho "você está perfeita", meu rosto corou e eu não soube dizer se havia entendido errado, se ela estava mesmo me elogiando.
Não consegui deixar de sorrir durante a refeição inteira.
Começamos a comer e me serviram um pedaço incrivelmente cheiroso de lasanha. Enquanto os governantes conversavam eu apenas comia do jeito que tinha sido ensinada, fazendo silêncio e mantendo a postura, nenhuma expressão muito forte, nenhum movimento muito rígido.
Papai olhou para mim e sorriu aprovando meu comportamento. Eu estava radiante, estava fazendo tudo certo.
— Daryia cresceu e virou uma mulher lindíssima, Rubi. — Disse Cristina dirigindo-se a minha mãe que raramente era chamada pelo nome.
Senti minhas bochechas corarem e meu peito se encher de alegria, o sorriso repuxava meus lábios contra minha vontade e colocar uma colher na boca era uma cena engraçada.
— Digo o mesmo de Clarine, é certamente encantadora. — Respondeu mamãe com um meio elogio, mas a princesa de Calanthe estava determinada demais a arrumar o decote para prestar atenção nas conversas a sua volta.
Se Clarine abaixasse mais as mangas do vestido ela acabaria ficando nua ali mesmo, na mesa.
Meu pai não falava e o Rei Luís também não. O almoço continuou quase fúnebre e estranho, tirando Clarine que hora ou outra puxava assunto com meu irmão e não se dava ao trabalho de sussurrar suas investidas românticas.
— Está gostando da carne? — Disse ela inclinando os ombros para frente de maneira que seus seios fartos ficassem mais expostos.
Dareen pareceu enojado.
— Perdoe-me, Alteza... É que eu sou vegetariano... Não gosto... de carne.
— É verdade, Dareen? — Damir provocou e Drystan soltou uma risada abafada.
— Sou católico, não como carne às sextas feiras... — Ele tentava se inclinar para longe.
— Ah é? — Perguntou Clarine. — Gosta de freiras?
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A Coleção do Príncipe
Storie d'amore"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...