QUARTO DIA DE VIAGEM PARA CALANTHE
SONHEI COM Castiel e percebi o quanto sentia saudades.
Quando abri os olhos percebi que ainda era cedo, o céu ainda estava um pouco escuro e a brisa gélida indicava que não deveria passar das cinco da manhã.
Cocei os olhos e bocejei, ouvi o ranger da porta e me encolhi. Era o príncipe.
— Já está acordada?
Meu rosto tomou a cor dum tomate maduro e, quase em desespero, enrolei-me nas cobertas.
— As meninas não sabem nada sobre corpetes, então eu pedi que trouxessem um vestido simples... Algo que desse pra você vestir e tirar sozinha. — Eu apenas assenti com a cabeça e mantive meu olhar distante. — Está na caixa... E aqui é o café da manhã, almoçaremos no caminho, mas se tudo der certo chegaremos ainda cedo em Calanthe e comeremos lá... — Ele pigarreou. — Arrume-se logo, sairemos em meia hora no máximo, seus irmãos já foram avisados sobre seu retorno.
Assenti e suspirei, estranhando o sentimento que tomava conta de meu estômago e me fazia tremer.
Tirei as vestes da caixa e as observei, a parte superior do vestido era de seda perolada e dois pequenos e delicados laços de fita de cetim branca marcavam a curva da cintura, a saia era longa, renda subia pelo pescoço e também me cobria os braços. Era um tecido fluído que me fazia sentir um ser marinho andando pelo mar sempre que me movia.
Também me prepararam uma tiara diferente, mais delicada, que combinasse com o vestido. Mas a joia era igual, os cristais e pedrarias eram roxos.
Vesti-me com facilidade e comi os sanduíches com cuidado, preocupada se sujaria ou não minha roupa. Se eu chegasse em Calanthe com o vestido manchado, Deus sabe o que Rubi seria capaz de fazer.
Ouso dizer que as coisas não correram como eu esperava, não que eu esperasse algo mas foi... diferente. Eu não senti que estava roubando uma coroa, também não tive a sensação de que corria perigo, era estranho... Algo parecia fora do lugar e eu sentia que estava diante de meus olhos, logo embaixo de meu nariz, mas eu não conseguia dizer o que era ou apontar o que estava de diferente.
— Acorda! — Koyran exclamou e meus olhos lacrimejaram quando a luz do sol aqueceu meu rosto. — Já chegamos... Você dormiu o caminho inteiro.
— Já... — Bocejei. — Chegamos? Eu estava no quarto ainda agora... — Ele assentiu e segurou minha mão para me ajudar a descer da carruagem que nem lembro de ter entrado.
A primeira pessoa que vi foi Dareen. Ele estava de terno branco, cabelos lambidos para trás — desengonçadamente arrumado, do jeito que ele amava — e os sapatos estavam tão lustrados que refletiam a luz do sol. Dareen tinha ficado nervoso com meu sumiço, e tinha mania de engraxar seus sapatos quando estava ansioso, os lustrava tanto que só se sentia satisfeito se pudesse ver seu próprio rosto no couro.
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A Coleção do Príncipe
Romance"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...