Capítulo Seis

2K 242 12
                                    

ENTREI NA água limpa depois de esvaziar a banheira, emburrada, e me lavei com as pétalas de rosas e os óleos corporais que costumo trazer em minha bolsa, estava sempre cheirando à peônias e gostava de imaginar que essa era minha característica fav...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

ENTREI NA água limpa depois de esvaziar a banheira, emburrada, e me lavei com as pétalas de rosas e os óleos corporais que costumo trazer em minha bolsa, estava sempre cheirando à peônias e gostava de imaginar que essa era minha característica favorita, uma essência apenas minha, um cheiro totalmente meu.

Não molhei os cabelos porque já tinham sido lavados no dia do jantar em que fizemos o sorteio... ah.

Eu tinha esquecido da coroação, do terrível peso em minhas costas.

Deixei-me distrair enquanto me secava e vestia as roupas de baixo com certa pressa, assim que corri para o quarto, já mais calma, fiquei aliviada ao ver que o vestido estava pronto e perfumado da maneira que deveria estar, ao menos algo estava feito.

— Vou ensinar você os deveres de uma serviçal e acompanhante. — Ela assentiu e veio até mim de cabeça baixa, colocamos as primeiras camadas da saia e eu voltei a falar. — E uma das coisas que você deve saber, caso minha mãe coloque você para cuidar de algum dos meus irmãos, ou da noiva de Damir, ou quem sabe até dos visitantes de Anwar, é que, quando pedimos que prepare água, é para o pedinte se banhar... Não você.

— Entendo, Alteza.

Ela começou a amarrar as fitas de seda perolada das costas do vestido, percebi que suas mãos tremiam e ela tentava disfarçar, se viu os hematomas fingiu que não os vira, e eu não precisaria pensar em uma ideia mirabolante para fugir do assunto.

— Acompanhantes não podem ser escandalosas e devem andar no mesmo ritmo de suas Senhoras... Bem, não saia por aí dançando em varandas e sacadas que não sejam as da sua casa, ou que não seja uma festa, um baile... Embora eu não goste do termo... — Pigarreei. — Você precisa ser como uma sombra quando estiver andando com qualquer nobre por aí, caso não seja uma.

— Sim, Alteza.

Ela subiu as mangas transparentes pelos meus braços sem feridas e ajustou a costura em minhas costas, vi que reprimia os lábios, continha um sorriso divertido, fiquei surpresa por isso não me estressar, a situação parecia um pouco cômica se pensássemos com calma.

— Durante o almoço você ficará sentada ao fundo do que imagino que será um salão e não poderá conversar a não ser que puxem conversa com você. Você pode observar Vitoria, acompanhante do príncipe Koyran e fazer o que ela faz. Creio que ela não recusará em lhe ensinar algumas coisas e ficará feliz se quiser ser amiga dela. — Ana tirou as mãos do meu vestido e apressou-se para soltar meus cabelos e fazer uma pequena trança de cada lado da franja e atá-las com um laço em um tom mais escuro de azul, bem atrás de minha cabeça. Ana podia ser desajeitada, mas era ótima como cabelereira. — Enfim, acho que manterei você comigo, se não se importar... Ao menos os nós que você dá em meu corpete não me impedem de respirar como os que Kalyn, cruelmente, dá.

Ana esboçou um sorriso tímido e pintou meu rosto. Meus lábios foram tingidos com uma pastinha doce e rosa coral, ela também passou um pó rosa e levemente brilhante em minhas bochechas, e a única coisa que fez em meus olhos foi passar o mesmo brilho laranja em minhas pálpebras. Levantei-me sentindo leve, mas a leveza foi embora no momento que vi a hora.

A Coleção do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora