ACORDEI OUVINDO o canto de pássaros e algumas risadas infantis. Encolhi-me nos lençóis e bocejei, meu raciocínio ao acordar era sempre um pouco lento, mas estranhei o lugar que estava. Era um quarto escuro, as cortinas estavam fechadas e só uma vela fraca clareava uma pequena parte de uma mesa de escritório rústica no canto do quarto, eu estava deitada numa cama relativamente dura se comparada com a de casa, mas não importava, eu não sabia que lugar era esse e nem quando tinha chegado aqui.
Sentei na cama com um sobressalto e procurei, por todos os lados, os meus amigos. Não os vi... Na verdade não vi quase nada naquele escuro.
— Castiel? Ana? — Falei baixo, tive medo de estar sozinha num lugar completamente desconhecido.
Saí da cama com cuidado e o chão de madeira reclamou com o peso de meus pés, fiquei paralisada quando ouvi, do outro lado da porta do quarto, passos pesados se aproximarem, pelo som que fazia, não era alguém de porte pequeno.
Com o medo me corroendo os ossos tentei procurar, com minha baixa visão, algo afiado que eu pudesse usar para me defender, mas não havia nada, contentei-me em agarrar os dois travesseiros delgados em minhas mãos. Eu não sabia ao certo o que fazer, mas planejava jogá-los em quem quer que estivesse indo até o quarto, se desse errado eu aceitaria morrer.
O par de pés parou na porta, ouvi o baixo ranger da maçaneta e apertei com mais força o travesseiro nas mãos, a tensão me fazia tremer as pernas, pensar racionalmente era uma enorme missão.
Silêncio.
A maçaneta girou e a luz invadiu o quarto, o clarão cegou meus olhos e, respondendo unicamente aos meus instintos, joguei o travesseiro na porta, ele bateu na parede e só vi uma silhueta parada. Meu olhos ardiam e eu mal conseguia abri-los, mas sabia que não conseguiria passar pela muralha humana que estava na porta, eu não seria capaz de lhe escapar. Fui na direção da janela e me apoiei no batente para pular, empurrando as cortinas para longe, mas antes que eu sequer desse impulso para saltar, duas mãos fortes me seguraram pela cintura e tiraram dali. Em Dominada pelo medo, comecei a espernear.
— Daryia! Daryia! — Eu estava gritando, tentando desesperadamente me desvencilhar daqueles braços, sentia como se estivesse fora de mim, muito longe. — Sou eu! Castiel!
Foi como se tivessem jogado água gelada numa panela quente, meus braços descansaram e minha cabeça silenciou por alguns segundos, estava tudo bem, era Castiel.
Ele folgou os braços ao meu redor e recuperei o fôlego, lentamente voltando a mim.
— Eu não quis te acordar enquanto viajávamos até aqui, seu sono estava bem pesado, você parecia completamente exausta... Na verdade, parecia um defunto. — Ele respirou fundo. — Dormia feito pedra.
Não falei nada e pisei no chão barulhento uma segunda vez, respirei fundo e virei o tronco para me certificar da cor de seus olhos, ter certeza que era ele que estava comigo. Eu me sentia sobrecarregada, muitas coisas tinham acontecido em pouco tempo, era difícil lidar.
Castiel permaneceu em silêncio, a confusão formava linhas em sua testa.
Ele continuou segurando minha mão, acariciando a palma com o polegar, estava mais que claro que estava preocupado.
— Desculpe... Eu arrumo a bagunça. — Tossi e tentei soltar-me dele, mas Castiel permaneceu firme, forcei-me a sorrir mas minhas bochechas doíam. — Eu juro... Eu arrumo.
— Não, não precisa.
Ele abriu as cortinas e vi que o quarto era realmente simples, pela janela vi grandes pastos e colinas e mais casas perto. Casas que se estendiam até uma espécie de comércio, um pequeno vilarejo.
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A Coleção do Príncipe
Romantik"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...