SEGUNDO DIA DE VIAGEM
TENHO A sensação que Castiel se sente pressionado a conversar e eu não lhe dou nenhum abertura desde que mandamos Ana retornar para casa. Sei que, tanto física quanto mentalmente, estávamos exaustos.
Manter um diálogo seria cansativo e envergonho-me em dizer que o silêncio não me está sendo incômodo, muito pelo contrário, é até preferível.
Não sei dizer a quanto tempo estávamos aos galopes ininterruptos porque fiquei tão imersa em meus pensamentos que não vi a noite cair. Não vi as primeiras estrelas começarem a brilhar e nem vi quando o sol desapareceu na linha do horizonte, dizendo adeus novamente, como fazia sempre ao fim do dia.
Também não percebi quando Castiel puxou meu pulso e afastou minha mão do meu braço, ele não abriu a boca mas, pelo seu olhar, eu sabia que estava angustiado.
— Se continuar assim seu braço estará sangrando em poucos minutos.
Desci o olhar e vi do que se tratava, engasguei quando tomei consciência do que estava fazendo. Vários ferimentos recentes, bolinhas vermelhas e arranhões em meu antebraço. Eu sentia o calor e sentia o ardor nos arranhões e beliscões, mas não passava disso, não era uma sensação incômoda... Não até eu perceber que doíam.
— Vamos parar um pouco.
Eu queria dizer que não. Que precisávamos continuar a viagem para chegarmos lá o mais rápido possível. Queria lhe dizer que não tínhamos duas semanas para desperdiçar viajando.
Mas apenas acenei e ele me ajudou a descer, nenhuma pergunta, nenhum protesto.
Minhas pernas fraquejaram mas consegui me manter de pé, estiquei os braços e dei pequenos pulinhos para acordar o corpo. Castiel, por sua vez, não tardou a alimentar o cavalo. Não sentei, não queria dormir.
Tinha medo de dormir e acordar no palácio... Tinha medo de sonhar com minha mãe novamente.
— Cassy. — Ele apenas olhou de soslaio enquanto Grandioso preparava-se para deitar, não disse nada e por poucos segundos me arrependi de ter aberto a boca, meneei a cabeça e acenei e virando as costas para observar a floresta à nossa frente, Castiel não fez menção de perguntar o que era.
Tão de surpresa, meu coração ficou apertado.
— Fique aqui um pouco, vou mandar as cartas para os entregadores, devem estar passando pela estrada a essa hora. — Franzi o cenho e ele sorriu de maneira doce. — Não demorarei mais que cinco minutos, Princesa.
Concordei e o vi sumir no escuro noturno, ele foi andando até sua silhueta misturar-se com as sombras das árvores e tudo que eu podia ouvir era o respirar pesado de Grandioso e o farfalhar das folhas das árvores.
Sentia dor de cabeça e não sabia dizer se era fome, sede ou estresse... talvez os três juntos numa mistura infernal de infelicidade e descontentamento. Não senti vontade de comer e tampouco de beber água, não queria levantar ou me mover, queria virar uma estátua e me manter estática até meu último dia de vida nesta terra.
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A Coleção do Príncipe
Romance"Não tinha como me esconder dos olhos de minha mãe. Eles estavam por todos os lados. Eles viam todos os meus movimentos. Ela sabia onde eu estava." Princesa miserável, minúscula, ansiosa e surpreendentemente pobre. Após uma...