Capítulo Vinte

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NÃO TIVE sonhos e acordei com a voz de Ana um pouco distante, mandando-me levantar

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NÃO TIVE sonhos e acordei com a voz de Ana um pouco distante, mandando-me levantar.

O quarto ainda estava escuro e meus cabelos, embaraçados na trança deformada feita pouco antes.

Reconheci o tecido macio de minha cama e passei a mão pelo colchão em busca dos travesseiros, suspirei aliviada porque estava de fato em meu quarto.

— Posso abrir as cortinas? — Perguntou ela e assenti voltando a deitar, encolhendo-me. — Nós vamos viajar... — Repreendeu-me e abri os olhos, ainda muito sonolenta.

— Agora? — Sentei num sobressalto e tudo ficou escuro. — Vamos a Calanthe? — Ela confirmou com um aceno de cabeça. — O baile é hoje?

— Não.

Minha mente ainda estava confusa, pensamentos que se cruzavam e se contradiziam me distraíam o tempo inteiro. Exausta, apenas assenti novamente e fui até a penteadeira para que Ana começasse a desfazer a atrocidade que era aquela trança em meus cabelos.

Minha vista estava embaçada e minha voz não passava de um ruído soturno.

Ela colocou meus densos cabelos na palma da mão e passou a escova lentamente para baixo, ela o desembaraçava com tanta delicadeza que me senti no céu, quase voltando a dormir e sonhando com filhotes de capivara. Com Clarine e seus decotes horrendos... Com o príncipe Lucas e seus quadrúpedes deformados, com a Rainha Cristina e sua voz solene... E com o demônio de seu primogênito, que me infernizava até quando eu estava só.

Ana não disse nada enquanto trabalhava e eu apenas me deixei fechar os olhos e cochilar uma segunda vez.

— Bom dia. — Reconheci a voz de Dareen, olhei pelo reflexo do espelho e o vi apoiado no batente da porta, minha resposta foi um bocejo exausto.

Ele apenas meneou a cabeça e entrou de vez no cômodo, fechando a porta. Só aí que percebi o real tamanho do meu irmão, ele parecia grande demais para o meu quarto. Em dois passos, o príncipe alcançou minha poltrona e sentou-se nela, observando os jardins do palácio pela janela da mesma maneira que Drystan tinha feito.

— A vista do seu quarto é a mais bonita. — Bocejei de novo e ele sorriu.

Ana colocou as fitas em meu cabelo e saiu do quarto depois de cumprimentar meu irmão com uma reverência.

— Vou buscar os perfumes, Alteza. — Eu assenti e ela deixou o quarto.

— Ela sempre foi assim? — Dareen me olhou e eu soube naquele momento de quem ele falara. — Drystan mudou o que pensava dela depois que você nasceu, pareceu ter deixado de gostar dela... Eu não entendo, Dary. — Ele arrumou a postura e pareceu incomodado com o tamanho da poltrona.

— O que você não entende? — Procurei um par de brincos com muito interesse na mesa, não conseguiria olhá-lo nos olhos ao falar dela, da nossa mãe.

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