14. Assombro.

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DEVON.

— Feliz ano novo! — A cobertura ecoou. Eu me virei para Liam e o puxei para um canto mais afastado, o beijando sob os fogos de artifício que brilhavam e ensurdeciam. Seus lábios macios eram a perfeição; eu poderia passar horas e horas apenas o beijando, sem querer mais nada, sem parar. Ele segurou minha nuca, os dedos trilhando meus cabelos logo em seguida. Eu o amava. Porra. Como eu o amava. Não havia outra explicação. Ele era a coisa mais importante da minha vida, meu maior tesouro, a jóia rara que conquistei naquele ano fodido. 

Ele era o amor da minha vida, mesmo que não fosse o amor para minha vida. 

Eu o amaria até meu último suspiro mesmo sabendo que não abandonaria a vida ao seu lado. 

— Feliz ano novo. — Sussurrei contra seus lábios. Liam sorriu, um sorriso grande e genuíno que aqueceu cada célula do meu corpo. Ele colocou a palma da mão direita sobre meu corpo e eu tornei a repetir aquilo que eu esperava ser uma declaração de amor. — Tudo que tiver aí dentro, é teu. 

E era. Cada pedaço do meu coração destruído pertencia a ele e continuaria pertecendo até que eu beijasse a morte, dançando com ela em direção ao inferno.

— Você é tudo para mim. — Liam murmurou com um sorriso de orelha a orelha. Eu o beijei de novo e de novo. 

Não lembrava muito bem do que havia acontecido, mesmo fazia ideia de como cheguei em casa. Tinha alguns vislumbres de um taxi, de Liam me dando um beijo no rosto e se despedindo de Jhenifer. 

Mas mesmo sem saber como, lá estava eu, atravessando os jardins da mansão em passos cambaleantes, com minha irmã gêmea, a porra do meu maior amor, rindo como uma idiota enquanto entravamos em casa. Ela foi para a cozinha e eu segui para as escadas. 

Eu estava muito bêbado. Santo Protetor Das Armas Bem Polidas, eu estava bêbado pra caralho. Mal conseguia subir as escadas, dando um passo de cada vez. Suspirei resignado, mas congelei quando ouvi a voz dele. Olhei para o lado, prendendo a respiração quando o vi. Vestido com uma camisa branca de mangas enroladas até os pulsos, calça de moletom cinzas e pés descalços, papai passou por mim, apertando meu ombro.  

Seu toque enviou um formigamento estranho por meu corpo; algo familiar e muito bem vindo. 

— Feliz ano novo. — Papai disse em seu habitual tom formal que me dava nos nervos. 

— Feliz ano novo, pai. — Dejesei endireitando a postura para tentar parecer mais como o herdeiro que ele esperava e não como o adolescente bêbado que eu realmente era. Papai franziu as sobrancelhas. 

— Como foi a festa? — Papai perguntou parecendo até mesmo interessado. 

— Boa, eu acho. — Minha voz falhou e eu quis me matar por um momento; se papai percebeu, ele não comentou. Seu rosto estava impassível como sempre. Os olhos azuis sem nenhuma emoção. — Sei lá. Foi estranho passar o ano novo sem… Vocês. 

— Também foi estranho por aqui. — Ele disse com um brilho nos olhos e então deu de ombros.  — Vá deitar, você parece bêbado. 

Eu assenti, mas não consegui me mexer. 

— Devon? — Papai chamou dando um passo em direção a escada, se aproximando de mim com um quê de preocupação nos olhos idênticos aos meus. — O quanto você bebeu? Você precisa de ajuda para subir? 

Eu desci o último degrau da escada, o único que tinha conseguido subir, e abracei meu pai, caindo com tudo sobre ele. Seu corpo ficou tenso por um segundo, mas então ele me abraçou de volta, tão apertado que o ar me faltou. Seu cheiro era o mesmo desde quando eu era criança; uma mistura de limpeza e um perfume caro. Eu amava seu cheiro. Eu amava quando ele me abraçava. Eu passava o ano todo esperando para o ano novo porque era o único dia que ele me dava real carinho, sem forçar, sem que eu implorasse. Papai enterrou o nariz nos meus cabelos e respirou fundo. 

DESTRUA-ME. - Saga Inevitável, Segunda Geração: Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora