33. Perspectiva.

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DEVON.
penúltimo capítulo.


Nem mesmo todas as estrelas da via láctea juntas somariam mais do que a felicidade que eu estava sentindo. Liam abriu a porta com um suspiro extasiado, encarando sua casa depois de dois meses e onde dias longe dela. Eu observei conforme ele andava pela casa, passando a ponta dos dedos pelos móveis, suspirando em alguns momentos. Eu observei ele se jogar na cama e rir sozinho. Tirei o celular do bolso e abri a câmera, tirando uma foto enquanto ele estava distraído. Eu vinha fazendo isso por muito tempo, criando um álbum de recordações para quando ele se fosse. Eu tinha medo de que com os anos esquecesse seu rosto, mesmo que jamais fosse esquecer o quanto eu o amava. 

Eu sabia que em cinco ou sete anos eu estaria casado com uma mulher italiana e sequer poderia o visitar mais. Mesmo sabendo que seria um casamento de aparências, eu já havia prometido para mim mesmo que seria fiel a ela como meu pai tinha sido a minha mãe. 

— Tenho uma surpresa para você. — Eu disse quando ele voltou para a sala. 

— Tem? — Liam abriu um sorriso curioso. — O que? 

— Vamos para minha casa. — Eu não diria a ele exatamente o que teria na minha casa porque sabia que ele não iria caso eu contasse. — Se arrume. 

Mesmo desconfiado, Liam fez o que pedi. Nós saímos de sua casa e meia hora depois chegamos na minha. Se eu soubesse que teria sido tão fácil que meu pai fizesse algo que pedi, teria pedido mais coisas antes. 

— Você está estranho. — Liam comentou enquanto caminhava com ele em direção a porta de entrada. 

— Eu te amo. — Disse a ele porque depois daquilo talvez ele precisasse lembrar dos meus sentimentos para que não me matasse durante o sono. 

— Também te amo. — Ele respondeu confuso. 

Abri a porta de entrada e a música foi ligada no mesmo instante. 

— SURPRESA! — Kely conseguiu gritar mais alto que a música, correndo em direção a Liam. 

Liam que estava de olhos arregalados, congelado no hall de entrada conforme percebia todos nossos colegas do terceiro ano em uma puta festa de formatura atrasada na mansão Rizzi. Nossos colegas gritaram, ergueram os copos, alguns já bêbados e animados. Kely se jogou sobre Liam e o abraçou apertado. Eu quase não senti ciúmes. 

— Sua festa de formatura. — Disse no ouvido dele. 

— Vem comemorar! — Kely gritou o puxando para o amontoado de corpos dançantes. Liam a seguiu mesmo de olhos arregalados e com o corpo tenso. 

Até ele abrir seu primeiro sorriso, eu estava convencido de que aquilo havia sido uma péssima idéia, mas então ele riu de algo que Kely disse e até mesmo abraçou algumas pessoas; todo mundo no colégio sabia que Liam estava internado em um estado avançado do câncer e ao contrário do que eu esperava dos adolescentes supérfluos e idiotas, eles ficaram arrasados quando a notícia começou a circular, postando diversas mensagens em sua página do Facebook, o marcando em correntes de oração no Instagram que os professores organizaram. #PrayForLiam foi a hashtag mais levantada das últimas semanas na New York Prep School. E quando ele entrou na festa e foi recebido com gritos felizes e emocionados, eu percebi que não havia sido falsidade. Eles realmente se preocuparam e agora estavam felizes. Enquanto Liam conversava com um grupo de garotas do time de vôlei, eu puxei Kely para um canto. 

— Está tudo bem? — Ela perguntou franzindo as sobrancelhas. 

— Você queria Harvard, mas não passou, certo? — Eu perguntei conforme caminhavamos para a cozinha cheia de adolescentes bebendo o whisky caro do meu pai. O rosto de Kely murchou, a felicidade caindo. — E eu sei que você gostaria de morar em Cambridge.

DESTRUA-ME. - Saga Inevitável, Segunda Geração: Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora