DEVON.
O restaurante de comidas diversas no fim de uma rua pouco movimentada de New York estava abarrotado de gente. Literalmente. Eu suspirei desgastado ao notar que pela primeira vez na vida, justo quando saí com Liam, o estabelecimento estava lotado. Cocei minha cabeça tentando bolar uma solução, pensar em outro restaurante, quando Liam deu um tapinha no meu braço com os nós dos dedos.
— Porque você não compra o que quer comer e a gente vai pra algum lugar? — Ele perguntou com um sorriso honesto, uma expressão que dizia saber exatamente o que eu estava pensando.
Não pela primeira vez, eu pensei em como queria beijar aquele garoto.
Assenti tentando manter um sorriso no rosto, mas ele escorregou assim que entrei no restaurante e rumei até o balcão. A atendente foi mais simpática que o habitual, mas eu estava tão irritado e com tanta pressa que sequer a notei. Fiquei apoiado contra o balcão pelos mais longos vinte minutos da minha vida e quando ela por fim voltou com duas sacolas de papel e uma de plástico, eu agradeci e paguei a conta rapidamente aproximando meu cartão da máquina.
Liam estava encostado na porta do carro quando voltei, encarando suas unhas roídas.
— Onde a gente vai? — Ele perguntou quando já estávamos dentro do carro, comigo dirigindo feito um maluco nas pistas enormes de New York.
— Você vai ver.
Trinta minutos depois eu estacionei num parque de diversões fechado. Havíamos conseguido entrar depois que subornei o guarda da entrada com quinhentos dólares. Liam saiu do carro, olhando os brinquedos desligados com adoração, parecendo um menino entusiasmado com o pescoço elegante inclinado para cima conforme apreciava a vista. Segurando as sacolas, fui até ele.
— A gente pode voltar quando abrir no final de semana. — Era uma sugestão e uma promessa. Sugestão porque eu simplesmente não conseguia ser mandão e autoritário com Liam, promessa porque eu estava disposto a fazer o que ele quisesse. Queria lhe mostrar o mundo, dar-lhe coisas boas já que ele parecia só receber as ruins. Céus, eu queria cuidar dele.
— Seria legal. — Liam disse parando de olhar ao redor para caminhar ao meu lado. Estava tudo escurecido e silencioso, nada como nos dias movimentados, e eu apreciei aquilo.
Depois de uma caminhada rápida, abri um sorriso. Eu amava aquele lugar. Uma enorme extensão de grama ao redor de um lago. A água parecia prata sendo iluminada pela lua e eu coloquei as sacolas na grama e me sentei; Liam fez o mesmo, ficando de frente para mim.
Era engraçado observar aquilo. Nós dois sentados na posição de índio, com sacolas de comida em nosso meio.
E foi incrível. Liam riu descontraído, comeu e fez cara feia para comidas italianas que eu amava, se apaixonou por falafel's e bebeu coca cola diet, me contando que eu acertei em cheio porque ele era diabético. Ele também me contou que era um cara de exatas, que apesar de gostar de escrever, se dava melhor com os números, com a exatidão de não existir “e se…” e eu disse a ele que gostava de todas as matérias, exceto por física. Ele também não gostava muito de física, mas ligava isso ao fato do professor ter sido incompetente e péssimo para explicar antes de se tornar um assassino. Por fim eu fiz uma piada com o tiroteio e ele se indignou tanto que me deu um tapa; eu segurei a mão dele antes que ele conseguisse e inexplicavelmente terminados deitados no chão, olhando as estrelas, de mãos dadas. Havia um braço de distância entre nós, mas quem se importava? O toque suave de sua mãos contra a minha já era o suficiente para aquecer meu coração.
Liam girou o corpo até se deitar de lado, olhando para mim, e eu fiz o mesmo, não soltando sua mão. Me recusando a quebrar aquele contado que aquecia minhas células e a porra do meu coração.
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DESTRUA-ME. - Saga Inevitável, Segunda Geração: Livro 2.
Storie d'amoreO mundo da máfia era construído por honra e dever. A honra ditava os princípios, o dever dizia o que você faria. Devon Rizzi sempre soube seu lugar, o que era, e o que seria no futuro. o próximo Capo da Cosa Nostra nasceu e foi criado para ser o fut...