31. Mãe.

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DEVON.

— Harvard, hum? — Eu o lembrei com um sorriso. 

Liam havia sido autorizado a andar pelos jardins do hospital e estava há vinte minutos deitado na grama, tomando sol. O sol já estava começando a me irritar, mas eu continuei ali porque ele não o via há mais de um mês. 

E eu estava profundamente feliz. 

Havia um rubor em suas bochechas, um leve vermelho que eu não via há semanas. Ele não corava mais desde que a leucemia piorou, e agora por um milagre, o sangue tinha voltado ao seu rosto. Ele estava vermelho. 

Eu nunca pensei que ver suas bochechas vermelhas me traria tanta satisfação. 

— Parece um bom plano. — Liam disse ainda de olhos fechados. — Você vai me visitar? 

— Claro. — Eu disse baixinho. Liam assentiu com um sorrisinho e continuou de olhos fechados, deixando sua pele absorver o sol. — Medicina, né?

— Posso ser sincero? — Liam perguntou baixinho. 

— Claro. 

— Eu coloquei medicina porque era o curso mais difícil de ser aceito e eu tinha certeza de que não iria passar. — Ele riu. — Mas nesses últimos dias no hospital, é o que eu quero fazer. Quero ajudar as pessoas. 

— Isso é bom. — Respirei fundo quando o vi começar a suar. — Liam, vamos entrar. Você já está suando. 

— Eu quero ser curado e ajudar a curar também… — Ele cantaralou numa língua que eu não conhecia, algo parecido com italiano ou espanhol. Português, quem sabe? — Eu quero dar valor até ao calor do sol…

— Você canta bem pra caralho. — Eu elogiei. Era verdade, a voz dele era melódica e suave, destinadas a canções gentis. — Mas você precisa sair do sol agora. 

Eu ajudei Liam a se levantar e o apoiei para voltarmos para o hospital. Sua pele estava quente e suada, ele não deveria estar aqui fora por tanto tempo. 

Eu quero ser melhor do que eu nunca fui, fazer o que eu posso para me ajudar, ser justo e paciente como era Jesus… — Ele continuou cantando em sua voz melódica enquanto andávamos pelos corredores do hospital; eu não estava entendendo nada, mas era bom de ouvir. — Eu quero dar valor até ao calor do sol, que eu esteja preparado para quem me conduz, que eu seja todo dia como um girassol, de costas para o escuro e de frente para luz…

— O que a música diz? — Perguntei quando entramos no quarto. 

— Um dia eu te conto. — Liam disse caminhando em passos lentos até a cama, um sorriso suave em seus lábios. 

Meu celular começou a tocar e eu pensei em ignorar até perceber que meu celular estava no silencioso para todos os contatos, exceto para papai e Jhenifer. Tirei o celular do bolso vendo a foto da minha irmã aparecer na tela e o levei até a orelha. 

O bebê está vindo! — Lorenzo gritou do outro lado da linha. — Estamos em New York, indo para o hospital!

— Se isso for uma brincadeira… 

— MEU FILHO VAI NASCER! — Lorenzo gritou tão alto que afastei o celular do ouvido. 

— Puta merda! — Liam arregalou os olhos quando viu minha expressão. — NewYork-Presbyterian? 

Sim, sim. — Eu ouvi o grito da minha irmã no fundo da ligação e algo como: eu tô parindo e você no telefone????? — Vou desligar! 

DESTRUA-ME. - Saga Inevitável, Segunda Geração: Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora