17. Oral.

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LIAM.

— Por favor! — Kely exclamou unindo as mãos frente ao rosto. — Vai ser legal! 

Devon encolheu os ombros como se dissesse que a decisão era minha. 

— Por favor! — Kely implorou outra vez. Estávamos sentados no refeitório há vinte minutos e pelo mesmo tempo ela implorava para que eu fosse para sua festa de aniversário. 

— Tá, tudo bem. — Acabei cedendo por fim. Kely bateu palmas de seu jeito animado que eu não conhecia antes do tiroteio e eu pude apostar que ela só não me abraçou porque Devon lançou a ela seu olhar de “ele não gosta de ser tocado, mas eu também não gosto que toquem nele e me aproveito disso para fingir que não sou ciumento mesmo que você seja uma garota e ele cem por cento gay.” 

— Vejo vocês às dez! — Ela exclamou se levantando, já correndo para convidar outra pessoa. Uma menina sardenta que ela ignorava antes do tiroteio, mas agora havia passado a conversar. Kely era uma verdadeira surpresa. Assim como a grande maioria das pessoas que estudavam na New York Prep School, ela se tornou melhor depois daquela tragédia, tornando o ambiente muito mais agradável. Eu gostava daquela nova escola, com aquelas pessoas que tinham visto que se fossem gentis a vida toda, não teríamos perdido tanto. O tiroteio era uma memória distante para mim, eu me esquecia quase o tempo todo, exceto quando algo me lembrava do corpo morto, mas para meus colegas, aqueles que perderam os amigos que amavam, era uma memória fresca e dolorosa. 

— Você vai? — Perguntei a Devon estreitando os olhos. 

— Tenho uma reunião com meu pai às dez e meia. Te deixo lá e volto mais tarde, pode ser? — Devon perguntou e afirmou ao mesmo tempo. Revirei meus olhos. 

— Você não precisa me levar para todo canto. — Ele não respondeu, apenas me lançou um olhar que dizia que eu não precisava tentar convence-lo, sua decisão já havia sido tomada. 

Eu me perguntava como eu tinha conseguido tanto. Devon era indescritivelmente bonito com sua pele branca e lisa, olhos azuis de Centaurea e aparência confiante. Mas não era o mais óbvio que me encantava. Seus olhos azuis eram bonitos no geral, mas quando ele sorria e pequenas rugas apareciam nos cantos, era ainda mais. Assim como sua boca delineada e carnuda; era linda em qualquer momento, mas quando ele estava se aproximando para me beijar se tornava maravilhosa. Eu amava cada parte dele, até mesmo o mais idiota, como suas mãos longas e elegantes e o anel de pedra escura no dedo anelar da mão direita. 

— Ah, Liam! — Kely voltou a nossa mesa com um sorriso hesitante. — Eu escolhi usar preto no meu vestido e pedi aos convidados para usarem qualquer cor exceto por essa. Você se importa de usar outra cor, por favor?

— Claro. Sem problemas. — Eu disse com um sorriso que caiu assim que ela virou as costas. — Devon, eu não tenho nenhuma roupa que não seja preta! 

— Para. — Ele disse com uma risada e então avaliou meu rosto com mais atenção. — Sério? 

— Sério! — Exclamei aturdido. — Todas as minhas roupas são pretas. Todas! 

— Como diabos isso é possível? — Ele perguntou chocado. Devon, apesar de preferir tons escuros, tinha uma coleção imensurável de roupas de grife entre várias colorações. 

— Ninguém percebe que você não tem dinheiro para comprar roupa nova se você usa roupas iguais sempre. — Eu dei de ombros. 

— Porra. — Ele parecia mais chocado com o fato de eu não ter roupas coloridas do que com o fato de ser pobre, mas o último ele sabia há mais tempo. — Ok. Eu te empresto umas camisas. 

DESTRUA-ME. - Saga Inevitável, Segunda Geração: Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora