• Capítulo 07 •

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Dou um gole na minha cerveja e em seguida ou mais um. Quando a latinha acaba, peço outra.

Está nisso a pelo menos duas horas. Cada vez que acaba a cerveja, eu peço outra, e outra, e outra, e outra, e outra... Nem sei mais, já perdi completamente a linha, pô.

E sabe porque? Tudo isso pra esquecer a porra da Luana, aquela filha da puta que não sai da minha cabeça. Qual é o meu problema, caralho?

Aquela garota é feiticeira, fez bruxaria e os caralha quatro, porque não é possível! Nunca fiquei tanto tempo pensando em uma mina que nem só tô pensando nela.

Nós se conhece faz nem uma semana e já tô encantado com as poucas vezes que a gente se falou, tá ligado. Essa parada tá começando a me assustar demais...

WJ: Me surpreendi com você hoje, Falcão.

Olho pra ele, passando a mão nos olhos pra tentar desembaçar a minha visão, mas só piora. Nem vi esse maluco se sentando do meu lado, pô.

Falcão: Colfoi? Tá falando de que?

WJ: Pode ficar tranquilo, eu não ligo de tu comer as minhas sobras. - ri dando um gole na sua cerveja - Mas cuidado com aquela garota, ela é traiçoeira demais...

Minha visão parece se focar automaticamente quando me toco de quem ele tá falando. O que na verdade demora uns segundos, porque ainda tô meio bêbado.

Tento não parecer incomodado, mas a raiva que sobe pelo meu peito é impossível de engolir.

Falcão: Aquela mina tá mais pra prato intocado do que sobras. - nego com a cabeça sorrindo de lado.

WJ: Só fica esperto, tô passando a visão, parceiro. - coloca a mão no ombros, apertando de leve - Aquela vagabunda só tem a cara de santa, porque é golpista pra caralho.

Falcão: Não sou teu parceiro. - digo seco, tirando sua mão de mim - E deve ser realmente fácil falar esse monte de merda enquanto ela cria teu filho sozinha.

WJ: Cê acreditou no que aquela puta disse? - ri, jogando a cabeça para trás - Ela só quer achar um que a sustente, já que eu não cai no golpe da barriga. Te liga, Falcão!

Nego com a cabeça, apertando meus dedos na latinha de cerveja e fico quieto. Eu com certeza não deveria estar sentindo essa parada que eu tô sentindo.

Eu não deveria tomar as dores de outra pessoa. Eu não deveria estar querendo matar o WJ. Eu não deveria confiar no que a Luana diz sendo que eu nem conheço ela, porra!

Mas eu confio, confio pra caralho. E por isso que agora eu só quero me desculpar por avançar pra depois dispensar ela.

WJ: Se quiser tanto comer a Luana, é só dar uma graninha. - da de ombros e minhas narinas se dilatam - Aquela puta abre as pernas em dois segundos com o incentivo certo.

Eu solto a cerveja com tanta força que ela se derrama toda pela mesa, mas eu tô pouco me fodendo pros caras que estão sentados ali também me xingando. Saio voado do bar, tirando meu celular do bolso enquanto ando pela rua.

Chat on;
Luana

Falcão: Onde cê ta?
Falcão: Preciso trocar um papo contigo, pô.

Espero uns segundos e logo Luana fica online e visualiza a mensagem. Fico mais aliviado do que deveria. Ela não me odeia.

Mas então eu espero alguns segundos pela resposta. Depois muitos segundos. Depois minutos. Depois muitos minutos.

Ela me deu vácuo. Ela me odeia sim, caralho.

Falcão: Desculpas pelas merda que eu disse hoje cedo, Luana.

Ela visualiza, mas ainda não responde.

Falcão: Me responde, pô. Só quero conversar.

Luana: Tô em casa. - meu celular vibra com essa mensagem e eu sorrio.

Falcão: Manda o endereço. - digito na mesma hora.

Luana: Não, fala por aqui.

Falcão: Quero falar olhando no teu olho. Tu vai achar que eu tô mentindo se falar por mensagem.
Falcão: Por favor, passa o endereço.

Espero longos e eternos minutos. Chego a pensar que ela não vai mandar, mas então, meu celular vibra de novo com notificação de uma mensagem dela. É a porra do endereço e logo embaixo está escrito:

Luana: Me espera no beco que da minha janela. Não bate na porta!

Chat off;

>>><<<

Entro no beco que Luana pediu para eu estar e a vejo sentada na janela mexendo no celular. Assobio para chamar sua atenção e ela me encara lá de cima.

Suspirando, ela some da minha visão, mas logo volta vestindo um casaco de moletom bem grande. A janela é no máximo três metros do chão, mas por ter tipo uma construção de escada mal acabada pro terraço da casa, ela consegue descer bem de boa.

Luana: São 23h da noite, Falcão. - diz de cara, enfiando as suas mãos no bolso do casaco.

Assinto com a cabeça e fico mais perto dela, pensando no que eu vou dizer. Ela começa a bater o pé no chão com uma impaciência do caralho, me olhando já puta.

E eu já olhando encantado pra beleza dessa garota, todo bobão. Na moral, quando digo que Deus tem seus preferidos, tô me referindo a Luana inteira, pô.

Dos pés a cabeça essa mina é gata, não consigo olhar nada nela que eu não goste. Então me leva a teoria de que ou ela é a preferida suprema de alguém lá em cima, ou ela foi feita pra mim. Só pode ser um dos dois!

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora