• Capítulo 11 •

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Luana: Eu odeio a Tamires. Odeio! - bufo, passando a mão pelo rosto - Como alguém pode ser tão mal amada? O que eu fiz para aquela mulher me destratar tanto?

Falcão: Ela fala porque sabe que não é nem metade do que cê é, garota. - se senta no banco do motorista, tocando minha perna e nega com a cabeça - Fica suave, não te deixa abalar por essa gente.

Reviro os olhos e ajeito o bebê conforto no meu colo, vendo Falcão ligar o carro sem se tocar que eu tô com raiva dele também agora.

O que eu quero mesmo fazer, é mandar ele pra puta que pariu e ir caminhando até um restaurante só de birra. Mas como eu não sou louca o suficiente e eu tô com fome, fico apenas emburrada igual criança.

Luana: Só pra deixar claro, a possível briga que iria rolar não tem nada haver com você. - cruzo os braços e ele me olha de canto - Não ligo se quiser ficar ou ela ou sei lá.

Na real, eu ligo mais do que devia, mas se ele quiser pegar ela, que não seja eu a pessoa pra ficar atrapalhando.

Essa palhaçada dele com esses papos de querer me conhecer, é caô. Daqui a pouco o Falcão vai cansar de ficar brincando de casinha e vai querer uma mulher de verdade, não tem porque eu me iludir pensando o contrário.

E eu sinto como se ele soubesse exatamente o que eu tô pensando, porque me olha negando com a cabeça antes de ligar o carro e dar partida.

Falcão: Legal saber disso, mas não quero ficar com ela não. - ri de lado, apertando levemente minha coxa - Eu só me impressionei com o que ela disse e como disse. Ela nem te conhece pra falar aquele monte de merda. 

Luana: Exatamente por isso que falou, porque se me conhecesse não acreditaria em nada do que dizem por aí. - solto meu corpo no banco, dando um suspiro cansado - Bom, não sei se me conhecer iria fazer diferença, porque meus pais foram as pessoas que mais me julgaram quando engravidei.

Falcão: Eles sabem que é do WJ? - olha rápido para mim, já voltando a olhar para a estrada.

Luana: Sabem e mesmo ele sendo um pai de merda e nada presente, eles acham que eu devo a minha vida pela pensão, que diga-se de passagem, paga a maioria das nossas contas.

Falar disso é meio difícil pra mim, na verdade, é humilhante. Tento me fazer de forte por fora, fingindo que eu não ligo para nada e que sou auto-suficiente, mas a realidade, é que eu me tornei insegura pra caralho. Tudo na minha vida já era uma merda, mas depois da gravidez, desandou de vez.

Minha relação com os meus pais só ficou pior, perdi todos os meus amigos, passei por uma gravidez sofrendo por um amor perdido e a minha confiança com o meu corpo, acabou.

Então pseh, não consigo olhar pro Falcão, ver tudo que ele está fazendo e pensar que é porque ele quer. Só consigo pensar que tem alguma aposta envolvida ou sei lá, sabe.

Tô tentando agir como se isso não fosse nada, para quando ele dar para trás de novo, eu conseguir proteger meu coração. O problema é que ele está tornando isso muito difícil pra mim.

Falcão: Não achei que fosse tanto que o WJ dava. - fala surpreso e eu suspiro.

Luana: E não é. - nego com a cabeça - Meus pais disseram pra o WJ depositar na conta deles porque eu não tenho conta no banco, então eles gastam a maioria e fica o mínimo pra mim sustentar meu filho. Por isso que eu trabalho.

O dinheiro que o WJ manda seria mais que o suficiente para dar a melhor vida possível para o Miguel, mas como meus pais roubam a maioria, fica difícil dar dignidade para nós dois.

Luana: Tô guardando uma grana faz um tempo, não vejo a hora de sair da casa deles sem olhar pra trás!

Sinto seu dedão começar a fazer carinho na minha perna, me deixando nervosa e fico apenas encarando a mesma.

O certo seria eu tirar sua mão de mim, para deixar claro o patamar em que estamos. Mas não consigo. Não quero, na verdade.

Falcão: Vai continuar morando aqui no morro?

Luana: Pretendo pegar uma casinha bem pequena e com o aluguel bem baixo. Só pra mim e o Miguel.

Falcão: Posso ir atrás disso pra ti, pô. - levanto meu olhar para ele - Eu gerencio o aluguel das casas, posso ver se tem alguma coisa.

Meus braços caem no meu colo, perto da sua mão, simplesmente por eu não conseguir mais sustentar a pose de brava. Tudo seria tão mais fácil se ele fosse feio e babaca.

Luana: Ia ser ótimo, Falcão. - sorrio fraco.

Falcão: Alguma coisa específica que precisa ter?

Luana: O mais bem localizada que conseguir e não tão largada pra eu gastar um dinheirão com reforma. - ele assente, ouvido tudo - Um coisinha ou outra faltando, ou pra arrumar, deixa que eu dou meu jeito.

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora