• Capítulo 05 •

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Com o Miguel no colo e o meu açaí em uma mão, sento em um banco da praça, o ajeitando de um jeito que não consiga enfiar essas mãozinhas gordas no meu doce.

Nunca vi criança mais desesperada por comida! Nunca dei nada além do recomendável nessa idade, mas não pode ver ninguém comendo que chora e quer comer também.

Minha vó diz que eu era igual, não podia ver comida e chorava até me darem.

Dou uma colherada no meu açaí cheio de frescura, quase gritando com a delícia que eu sinto na minha boca. Na moral, açaí é bom demais!

Hoje tá um dia lindo de domingo, muita criança se divertindo e famílias fazendo churrascada... Maior parada gostosinha de ver.

A única coisa que não é tão legal, é algo que eu já esperava. WJ sempre fica na praça nos finais de tarde, mas pelo menos não veio falar comigo até agora, nem olhou pra cá!

Mas deve ser porque está ocupado demais com a loira magra e siliconada que está no seu colo. Tento não olhar na direção deles, mas parece que tem um imã que sempre faz meus olhos pararem naquela cena.

Acho que fico pelo menos 10min encarando e me torturando com isso.

Ela é tão linda com um corpo tão perfeito... talvez Wellinton cumpra as promessas que me fez com ela. Talvez decida assumir se ela engravidar ou... Não, não, não, não! Não vou ficar fazendo isso comigo.

O que ele faz ou deixa de fazer não é da minha conta, não estamos juntos,  então eu não preciso ficar me diminuindo e achando que é culpa minha. Não!

Coloca a porra da cabeça do lugar, Luana. O único sentimento que o WJ merece vindo de você, é ódio puro, além disso, é vetado sentir!

Mesmo repetindo isso na minha cabeça, não consigo parar de olhar para eles dois. Não consigo não me sentir uma merda perto daquela mulher. Não consigo não me sentir humilhada.

Luana: Nunca seja aquele tipo de homem, bebê. - sussurro triste para o Miguel - Cê não precisa ter mais de uma mulher pra ser um cara pica...

Falcão: Verdade isso daí, pô. - sua voz atrás de mim me assusta e ele sorri, sentando do meu lado com maior carinha irritante - Tendo uma que te valoriza de verdade, não precisa ficar dando moral pra piranha na rua.

Luana: Não fala piranha perto do meu filho. - repreendo, seca.

Falcão: Eu não posso falar piranha, mas tu pode falar pica? - ri quando eu bufo e viro o rosto.

Faz dois dias que não nos falamos mais por mensagem e eu mal sai de casa, então nem vi ele por aí. Também, nem faço questão!

Achei realmente que tinha deixado subentendido que eu não tô afim de me envolver com ele e nem ninguém por agora, mas o garoto é esforçado pelo visto.

Luana: O que cê quer?

Falcão: Calma, garota. Só vim aqui te fazer companhia, pô. - levanta aos mãos em sinal de rendimento - Sem maldade.

Luana: Sem maldade... - repito, quase rindo, pegando uma colherada generosa no meu açaí - Fala logo o que cê quer, cara.

Falcão: Não tá na cara? - pergunta como se fosse óbvio e eu fecho a minha cara.

Sim, é óbvio. Mas não vai rolar.

Luana: Não vou dar pra você.

Falcão: Notei sua aversão temporária por mim. - da de ombros - Mas e sair comigo, cê aceita?

Luana: Temporária? - pergunto, ignorando o convite.

Ele apenas sorri, me encarando com uma cara estranha pra caralho. Não gosto tantos dentes assim amostra, ele sorri demais. Porque esse cara tá sorrindo tanto?

Luana: Escuta, Falcão. - começo, respirando fundo pra achar paciência - Eu não sei se você notou, mas eu sou de menor e tenho um filho pequeno. - aponto pro Miguel no meu colo, que está alheio de tudo - Minha vida já tá virada do avesso, não preciso de mais nenhum rolo pra eu me preocupar.

Falcão: Minha intensão é exatamente o contrário, garota. - nega com a cabeça - Não to te pedindo para pular na minha cama, só quero te conhecer.

Luana: Porque? - estreito os olhos, desconfiada - Cê tem fetiche em garota que acabou de ter um filho, colfoi?

Ele ri quando eu falo isso e franze a testa ao mesmo tempo, me encarando como se eu fosse louca.

Falcão: Você chamou minha atenção. - da de ombros - Te achei gata e gostosa, com todo o respeito, claro.

Reviro os olhos e viro o rosto pra não tem que responder, cutucando meu açaí com a colher. Talvez se eu parar de dar corda esse cara desista e me deixe em paz...

Se bem que eu preferia ficar ouvindo o Falcão tagarelar do que ver a cena diante de mim. WJ não está apenas conversando com aquela mulher em seu colo, agora está abraçado nela falando algo no seu ouvido.

Quando os dois estão cheios de risadinhas, o filho da puta me nota. De primeira, ele aumenta o sorriso, deixando claro que sabe que eu estou com ciúmes, mas assim que percebe que Falcão está do meu lado, sua expressão muda.

Eu odeio ele. Odeio esse mulher gostosa e siliconada que eu nem conheço. Odeio eles estarem tão próximos. E principalmente, odeio sentir ciúmes de alguém que só me faz mal e nem merece o meu tempo.

Falcão: Cê disse que tu e o WJ não tem nada, mas... - começa falando e eu percebo como ele está bem mais perto de mim do que estava antes - O jeito que cê olha pra ele me diz outra coisa.

Respiro fundo e viro meu rosto, olhando pro Falcão com a minha maior expressão de tédio que sou capaz de fazer nesse momento.

Luana: É complicado, mas não tenho nenhuma relação com ele... - olho de canto para o WJ e minha voz se torna amarga quando vejo ele beijando a mulher - Isso eu posso te garantir.

No olhar do Falcão consigo ver as milhares de perguntas que ele quer me fazer. E sei exatamente em que conclusão ele chegou.

Miguel e WJ não tem tantas semelhanças se você não souber da história, mas assim que presta um pouquinho mais de atenção e compara as fisionomias, fodeu!

Eles automaticamente ficam igualzinhos, parece maldição essa porra.

Falcão: O Miguel... - começa devagar, mas eu o interrompo no meio.

Luana: Nem termina. - digo baixo, curta e grossa.

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Já peço pra não xingarem a Luana, ela pode parecer meio chata e grossa agora, mas a garota passou por muita coisa...

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora