• Capítulo 12 •

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Falcão: Pode ver dois do dia pra nós. - digo pro garçom enquanto Luana tenta fazer o Miguel parar de chorar.

: E pra beber?

Falcão: Cerveja e uma água pra ela.

Luana: Sem gás, por favor. - diz sorrindo fraco e ele balança a cabeça, saindo de perto de nós.

Apoio meus braços na mesa, vendo Luana desprender o Miguel da cadeirinha e colocar ele em seu colo, deitadinho. Mesmo com o bebê se debatendo e chorando.

Ela do nada levanta a blusa até o pescoço de um lado e tira o peito pra fora. Miguel para de chorar na hora, começando a mamar.

Falcão: Belo peito. - comento sem pensar e quando ela me olha feião, me arrependo - Retiro o meu comentário.

Luana: Você nunca pensa antes de falar, né? - pergunta bufando.

Falcão: Geralmente não. - nego com a cabeça e sorrio de lado - É o meu jeitinho, garota. Posso fazer nada!

Luana: Se fosse uma mina mais louca que eu, tinha te dado um tapa por isso.

Falcão: Mas como é você... - incentivo ela a continuar.

Luana: Mas como sou eu... obrigada, eu acho. - suspira e faz uma careta - Mas não elogia mais meu peito quando eu estiver amamentando meu filho. É estranho pra caralho.

Falcão: Tranquilo. - balanço a cabeça.

O garçom deixa as nossas bebidas ali na mesa e avisa que já vai trazer a nossa comida. Agradeço dou um gole na latinha de cerveja já aberta.

Vejo Luana tomando um pau pra abrir a garrafa de água com só uma mão, então faço isso pra ela, colocando a água no copo que o cara também trouxe.

Ela sorri fraco e agradece baixinho, bebendo a água com o rosto virado para o lado, enquanto Miguel estica as mãozinhas pra tentar pegar.

Falcão: Então, cê já tem previsão de quando vai voltar pra escola? - puxo assunto e ela balança com a cabeça, pondo o copo de volta na mesa.

Luana: Semana que vem.

Falcão: Vai ser puxado, né? - pergunto retoricamente - Já pensou como vai fazer?

Luana: Provavelmente o Miguel vai comigo, não vai a primeira vez que alguma garota assiste a aula com um bebê, então tranquilo!

Falcão: Onde cê estuda?

Luana: Patricio Simão, vou andando sempre. - balança a mão livre como se fosse aqui perto e eu faço uma careta.

Conheço essa escola, pô. É longe pra caralho e tudo uns caminho meio estranho pra ela ir andando sozinha.

Falcão: É longinho pra ti ir caminhando, garota. Estuda em que horário?

Luana: Estudava de manhã antes, mas vou começar na turma de noite quando voltar.

Falcão: Pô, garota... - nego com a cabeça, coçando a nuca - Voltar sozinha lá pelas dez da noite é maior perigo.

Luana: É, mas não tenho muito pra onde fugir. - da de ombros e suspira - Preciso continuar trabalhando e não posso abandonar os estudos.

Falcão: Eu posso te levar. - ofereço e ela arregala os olhos, negando com a cabeça - Não sei se nossos horários vão bater, mas vejo isso depois também.

Luana: Eu agradeço, Falcão, mas não tem necessidade disso. - continua negando com a cabeça sem parar.

Falcão: Tô falando sério, pô. - me inclino na mesa pra ficar perto dela - Tô ligado que não confia em mim, mas tô te oferecendo ajuda de coração mermo.

Do nada a mina fecha a cara, deixando a boca em uma linha reta. Tá seriona mermo. Mas quando vai me responder, o garçom chega com os nossos pratos de comida.

Agradeço sem nem olhar muito pra ele, enquanto Luana força um sorriso pra não ser mal educada.

Luana: Porque? - me desafia assim que ele vai embora - Sem querer ser babaca, mas não tem porque você estar sendo tão prestativo sem um motivo.

Falcão: Meu motivo é que eu tô interessado em tu, garota. - sorrio de lado e ela revira os olhos.

Luana: Achei que eu já tinha deixado claro que eu não vou transar com você.

Falcão: Porque você acha que eu vou bagunçar tua vida ainda mais. Mas não vou e tô tentando te mostrar isso do jeito que eu consigo, truta. Colfoi, da um voto de confiança no pai, vou fazer merda nenhuma não.

Falo isso bem na moral mermo, sem mentir nada. Luana tá tirando a minha razão, pô. Tô ficando louco com essa mina.

Gosto do jeitinho cavala, que me olha com nojo toda a hora, revira os olhos e finge que me odeia. Sei que ela não me odeia, se não eu nem taria aqui almoçando com ela, pô.

Minha coroa sempre disse que eu sou meio doido quando o assunto é mulher, que eu sou igualzinho ao meu pai. Quando mais ela me maltratar, mais eu vou ficar interessado.

Querendo ou não, eu gosto de ser útil, gosto de ajudar e sei que a Luana precisa de ajuda. E eu tô disposto a dar a ajuda que ela quiser, pô.

Com esse silêncio meio ruim entre nós, começo a comer quietinho na minha. Luana tapa o peito com o sutiã e coloca o Miguel de volta no bebê conforto, agora que ele tá bem calminho, e da um chocalho que logo o moleque fica encantado.

Ela ajeita a blusa e tira os talheres do saquinho, comendo a comida na maior satisfação. Assim que ela termina de engolir a primeira garfada, me olha de canto por maior cota.

Luana: Eu aceito a carona nos dias que você conseguir. - murmura baixinho, suspirando.

Na moral, abro um sorrisão e fico encarando a maluca até ela decidir olha na minha cara. Ala, tá toda sem graça, acha que me engana com essa carinha ruim que não assusta ninguém.

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora