— Jisung, sai desse banho, você vai drenar toda a água do camping! — Seu pai gritou da sala.
O garoto loiro ficou debaixo da água fria por uns bons quarenta minutos, deixando rolar sua playlist do artista The Weeknd, talvez na esperança de se perder nos acordes e esquecer o que aconteceu. Estava olhando para o nada, tentando clarear a cabeça. Sentia-se como se estivesse em um estado de ressaca emocional. Não conseguira dormir a noite toda; então, olhou bêbado para o teto de seu quarto e percebeu que já passava de uma da tarde. Um momento específico continuava a passar repetidamente em sua mente, até fazê-lo vomitar de tontura. O momento do beijo de Minho, obviamente.
Saiu do banho e se vestiu, os gritos dos pais o dissuadiram de desperdiçar mais água. Quando saiu para secar o cabelo, viu seus dois pais ocupados preparando uma refeição, fazendo-o sorrir, colocou a mão no prato para pegar alguns petiscos, mas sua mãe deu um tapa em sua mão antes de conseguir.
— É para os vizinhos, eles vêm comer nessa hora do almoço. — A mulher repreendeu, continuando a cortar pedaços de pão amanhecido.
— Ah... que vizinhos? — perguntou preocupado.
— Os mesmos que nos receberam quando chegamos. — respondeu seu pai, levantando uma sobrancelha, parecendo óbvio.
Jisung engasgou com a notícia; o encontro dele com Minho não deveria acontecer tão rapidamente, de jeito nenhum.
— Tenho compromisso à tarde com alguns amigos, não vou poder ir... — bufou, mas seus pais lhe lançaram um olhar duro.
— Não, você irá esta noite ou amanhã, o mínimo que você pode fazer é estar lá para retribuir o favor sendo gentil. — sua mãe falou, dissuadindo-o de contestar com um olhar firme.
Jisung mordeu o lábio enquanto se dirigia para seu quarto, pegou seu caderno da mesinha de cabeceira começando a traçar as linhas de construção de um rosto. Minho não havia abandonado seus pensamentos, então os traços do rosto dele começaram a aparecer entre as linhas do lápis, e foi ao observar seus gestos que o loiro jogou o caderno contra a parede antes de encostar o rosto no travesseiro e bufar. Tinha sido ousado demais; desde quando poderia dizer coisas tão desconcertantes?
Seu pai o havia chamado para forçá-lo a pôr a mesa e, assim que saiu, sentiu o mal-estar tomar conta da ideia de rever Minho. Infelizmente, suas orações pareciam não ter sido atendidas porque viu os três moradores do bangalô ao lado saindo para cruzar os poucos metros que os separavam.
Seu pai havia tirado um prato para colocar lá fora e, assim, notou a presença dos convidados. Os acolheu enquanto na cabeça do loiro um plano de fuga bem pensado começava a se formar em sua mente. Mas só de lembrar da conversa, ele já ficava frenético, convencido de que Minho havia agido sob o controle do álcool. Claro, era óbvio. E se ele estivesse preocupado à toa e Minho tivesse sido vítima de um apagão? Ou melhor, e se ele nem lembrasse?
— Ok, você vai sair! — ditou sua mãe bufando irritada e o puxando do sofá.
Engoliu em seco ao ser forçado a se levantar. Não teria escolha de qualquer maneira, então talvez fosse melhor sair e descansar em paz, quando na verdade estava morrendo de vergonha. Lá fora, ofereceu um sorriso forçado aos pais de Minho e evitou o olhar dele; era mais forte que ele, não conseguiria encarar, pelo menos não agora. Amaldiçoou seus pais uma centena de vezes em sua mente quando percebeu que o único lugar livre ainda era ao lado de Lee; bem, era normal que eles os colocassem ao seu lado já que eram amigos.
Os adultos começaram a conversar sobre a chuva e o bom tempo, falando sobre o parque de campismo, os arredores e as atividades; sempre tinham algo a dizer. Enquanto isso, os dois adolescentes fingiam ouvi-los, bem, até que Jisung sentiu seu celular vibrar em seu bolso.
Minho
Você está ouvindo eles ?
Recebido às 13h15.Jisung franziu o cenho por um momento com a mensagem, antes de digitar sua resposta:
Jisung
Não, por quê?
Enviado às 13h15.Minho
Encontre uma desculpa para sair daqui
Recebido às 13h16
Precisamos conversar
Recebido às 13h16O loiro engoliu em seco ao ler a mensagem, nem ousou se virar para o mais velho que estava logo à sua direita. Poderia ter sido mais expressivo; suas mensagens só serviram para deixá-lo ansioso.
— Mãe. — Jisung a chamou — Vamos sair por uns cinco minutos, Minho queria ver meu violão... — inventou qualquer coisa, e a mulher assentiu, voltando então a se concentrar na conversa que estavam tendo.
Com um nó no estômago, o loiro se levantou, puxando sua cadeira ao ar livre para trás enquanto ouvia Minho atrás dele. Quando segurou a porta para o mais velho, foi a primeira vez desde o incidente que focou seus olhos nos dele. Seu coração deu um pulo. Se antes duvidava que Minho não lembrava da conversa no dia anterior, constatou que não. A negritude nos olhos do Lee provavam isso. Quando fechou a porta, Minho já havia se acomodado no sofá e o aguardava tranquilamente, com um olhar neutro. Não parecia tão ansioso quanto o loiro.
— Você se arrepende? — Minho perguntou de repente, apoiando o cotovelo no encosto e depois apoiando a cabeça na palma da mão. — Bem, não importa. — encolheu os ombros — Se quiser, podemos esquecer e seguir em frente, não precisa se preocupar.
— Mas e você? — Perguntou Jisung, que estava mordendo a parte interna da bochecha, temendo sua resposta. Andava de um lado para o outro no espaço restrito da sala.
— O quê?
— Você não se arrepende? — O outro riu enquanto respondia.
— Não, eu não me importo. — bocejou após a frase, sinal de que sua noite também não parecia ter sido boa.
Jisung ficou atordoado por um momento. Ele foi o único considerando o momento, levando tudo isso a sério? Minho parecia tão calmo, e ele não sabia se isso o tranquilizava ou o desapontava. O mais alto era tão imprevisível que nem sabia o que responder, bufou enquanto passava a mão pelos cabelos.
— E... E o que você quer? — continuou, ainda ansioso com o rumo que aquilo estava tomando, avaliando aquele que o beijou sem fôlego na noite anterior.
Minho riu, levantou-se lentamente, colocando as mãos nos quadris do loiro, um sorriso nos lábios finos. Parecia tão confiante, o que desestabilizou o Han.
— O que eu quero? "Não espere tanto e foda comigo" — respondeu sarcastico, repetindo a frase do mais novo. — É isso o que eu quero.
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Betado por minseonguittal
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CHERRY PIE 🍒 • minsung | TRADUÇÃO
Fanfiction🍒「 EM ANDAMENTO • LONG-FIC 」 quando Jisung se lembrava daquele verão, lembrava-se daqueles beijos lânguidos, daquelas noites na praia, daquele bando de amigos malucos e do cheiro daquela torta de cereja mal assada. Mas e se ele quisesse que seu amo...