O grupo havia terminado o lanche que preparavam, instalados na sala de Hyunjin e Jeongin, conversando sobre diversas coisas até que seus pais se dignaram a ocupar a casa fazendo com que se dispersassem.
Feito isso, os adolescentes tomaram a decisão de irem embora, dois deles se viram lado a lado caminhando em um silêncio mortal. Minho colocou as mãos nos bolsos e Jisung continuou brincando com os dedos, nervosamente. Decidiram se aventurar na cidade, com o objetivo de acharem algum lugar que vendia comida, de longe o mais novo poderia dizer que era um encontro, mas na realidade era mais uma saída entre dois amigos. Ele tinha apenas um desejo: correr na direção oposta, mas queria dar um ponto final de uma vez por todas nessa história.
Pararam em frente a uma pequena lanchonete estilo anos 80, as luzes néon diziam que a placa estava aberta 24 horas por dia, 7 dias por semana, então o Lee se virou para Jisung, parando em frente ao local.
— Vamos comer aqui? — sugeriu incerto, afinal, não conhecia os restaurantes da região.
Jisung deu de ombros e o mais velho abriu a porta, sendo saudado por um cheiro pesado e levemente enjoativo de fritura. Levantou uma sobrancelha, subitamente menos seguro de sua escolha e logo se acomodaram frente a frente em uma das mesas do lugar.
Jisung mordeu o lábio enquanto lia cuidadosamente o cardápio, para ser sincero, também o usava para esconder o rosto por trás dele, era menos embaraçoso assim. Quando uma mulher na casa dos cinquenta anos chegou para anotar os pedidos.
Minho fez sua escolha e quando o loiro entregou o cardápio para a garçonete, ele mordeu o lábio. Era ele e o Lee, cara a cara agora, sem distrações.
— Bom... — passou a mão pelo cabelo cinza, um pouco encabulado — Pare de ficar desconfortável, está começando a me incomodar também... — zombou e Jisung riu, levantando o rosto.
— Ok. — endireitou-se na cadeira com um sorriso que tentou demonstrar uma falsa calmaria — Vamos continuar a conversa do outro dia. — deixou com que uma risada nervosa escapasse.
Minho respirou fundo enquanto descansava os dois braços no banco atrás dele e a perna direita sobre a esquerda, tentando achar uma posição na qual ficasse confortável.
— Não sei dizer com humildade, já falhei com as pessoas, mas com você, realmente não é a mesma coisa. — engoliu em seco olhando nos olhos do loiro.
— Você não precisa sentir pena de mim — soltou uma risada suave que soou involuntariamente mais nervosa — Só... Me incomoda que.. Bom, eu não quero negar, eu gosto de você, isso é uma realidade. — mordeu o lábio agarrando a beirada do banco. Caramba que coragem, estava orgulhoso de si mesmo — Não é mútuo, eu aceito, isso não vai me matar.
— Não é isso, é que... — mordeu a bochecha por um momento, exatamente quando a garçonete apareceu com os salgadinhos, colocando-os sobre a mesa.
— Bom apetite. — ela falou sem um pingo de entusiasmo, virando-se imediatamente para atender outros clientes.
Um breve silêncio se seguiu entre os dois adolescentes. Durante esse intervalo, Jisung nem sequer ousou tocar em seu prato, pois estava ansioso para ouvir o final da frase de Minho.
— É que...? — continuou, com seu coração batendo forte no peito, nutrindo uma pequena esperança.
Minho mudou de posição, aproximando-se do seu prato.
— Nada, não é nada. — suspirou, bagunçando as mechas que caíam na frente de seus olhos, pegando uma das batatas fritas de sua bandeja. — Continuamos amigos? Sem dramas, sem mal entendidos, apenas isso.
O fôlego que prendeu no peito do mais novo liberou-se imediatamente, mas ao mesmo tempo, uma onda de decepção o dominou. Ele não tinha certeza do que esperava, mas doía mesmo assim.
— Sim. — acenou com a cabeça, pegando um dos pedaços de batata, que pingava óleo, sentindo um nó na garganta. Não sabia se conseguiria lidar com aquilo.
— É estranho... — Minho riu, jogando o pedaço de batata meio comido de volta ao prato, antes de secar as mãos oleosas em um pequeno pedaço de toalha próxima — Sabe, Jisung, a pior coisa que você poderia fazer é ficar se lamentando por alguém como eu. Não quero sua pena, sério, odeio que você pense assim. — pegou seu copo de Coca-Cola para tomar um gole, desviando o olhar — Você percebe? Senti que você gostava de mim, e aí eu disse algo típico de um idiota. E agora somos amigos para chupar o pau um do outro no próximo minuto?
Olhando um pouco irritado, Jisung o ouviu. Por sua vez, pegou sua bebida e deu um gole, precisando de um momento para refletir.
— Eu não entendo você. — Disse enquanto colocava seu copo na mesa, sua voz soando um pouco mais irritada — Se você percebe que está agindo como um idiota egocêntrico, por que não para? É humilhante ouvir você admitir o quanto brincou comigo. — ele riu levemente, olhando ao redor, suas palavras soando um pouco duras.
— Isso foi... esse não era o meu objetivo.— Minho engoliu em seco, curvando-se ligeiramente, sua culpa evidente.
Houve uma leve surpresa nos olhos de Jisung; ele não tinha a intenção de ser rude com Minho, apenas achava dolorosa a falta de jeito com a qual o conselho foi dado, percebendo que preferiria ter permanecido ignorante em relação a essas questões. Mesmo assim, enquanto ouvia as palavras de Minho, não pôde evitar considerá-las, tentando compreender esses sentimentos recém-surgidos.
— Eu sei, talvez eu seja ingênuo... — riu levemente, tentando dissipar a tensão entre eles. — Vamos manter a amizade, você está certo, isso não estava indo a lugar algum. Talvez eu tenha sido muito inexperiente para perceber isso. — disse, movendo o canudo novamente para os lábios e fazendo um pequeno bico.
Havia sido o único a acreditar e era assim, não podia culpar Minho por ser honesto. Ele se agarrou a algo que não existia. Essa foi talvez a coisa mais difícil de ouvir e acreditar.
É como diz o ditado: "Pessoas confusas machucam pessoas incríveis."
~
Betado por minseonguittal
VOCÊ ESTÁ LENDO
CHERRY PIE 🍒 • minsung | TRADUÇÃO
Fanfiction🍒「 EM ANDAMENTO • LONG-FIC 」 quando Jisung se lembrava daquele verão, lembrava-se daqueles beijos lânguidos, daquelas noites na praia, daquele bando de amigos malucos e do cheiro daquela torta de cereja mal assada. Mas e se ele quisesse que seu amo...