Capítulo 46

667 55 3
                                    

Corremos por várias ruas até chegar a um beco sem saída. Eu estava ofegante, quase sem ar devido a toda essa movimentação. Kookie por outro lado parecia perfeito, intacto.

— Cadê ele, Kookie? — Pergunto recuperando o fôlego.
— Não entendo, o cheiro some aqui. Não faz sentido.
— Como tudo nessa história. — Respondo no automático.

Começo a olhar ao redor, tem que haver alguma pista. Algumas latas de lixo se encontram no final do beco. Me aproximo delas com cautela procurando o mínimo de confusão.
Ao me aproximar, vejo que uma das latas está amassada, como se algo muito pesado tivesse batido nela com muita força. Chegando mais perto dava pra ver um rastro mínimo de sangue, seja la o que aconteceu aqui, essa pessoa tentou limpar tudo.
O rastro tinha falhas, levava até uma parede, mas não havia porta.

— Kookie, tem sangue aqui, mas ele para nessa parede... — Coloco a palma da minha mão na parede em questão.
— Será que... — Ele fala, mais pra si mesmo.
— Que???
— Olha, lembra quando eu fui atacado, a gente tinha brigado e você foi atrás de mim em um beco parecido com esse.
— Lembro, tinha um tipo de fenda brilhante lá.
— Exato! E se o Taehyung foi levado por essa fenda? Assim como eu naquela noite?
— Poderia? Mas não tem nada aqui. Como isso...
— Alguns portais podem ser fechados, é um meio de manter os humanos longe. Quando vim pra cá a única coisa que me lembrava era de estar fugindo daquele mundo, não sei porque. Daí vim parar aqui e achei você. Foi tudo coincidência mas esses portais existem e se o Taehyung tiver ido pra lá, pode ter certeza que não foi boa coisa.

Senti minha garganta secar, nunca imaginei que o que vi naquela noite fosse de fato real, mas agora não tenho lógica nenhuma para me agarrar e o TaeTae está desaparecido... Não tenho o que fazer além de confiar no Kookie agora... Sinto que estou impotente de novo, e não gosto nada dessa sensação.

— Muito bem, vamos. O que eu faço? — disse decidida.
— Tem um lugar aqui perto que guarda um portal, foi por onde eu passei e fiquei por uns dois dias. É desconfortável mas vai servir.

Concordei com a cabeça e Kookie segurou na minha mão de maneira firme, me guiando novamente. Alguns minutos de caminhada e chegamos em um tipo de estabelecimento abandonado, dentro dele havia um brilho quase imperceptível. O Kookie entrou por um espaço na janela quebrada, me disse pra ter cuidado quando passasse e assim eu fiz.
Não tive muita dificuldade já que tive que fugir do meu pai por janelas assim com mais frequência do que deveria. A fenda estava quase fechada, mas serviría pra passar um de cada vez.
Kookie se aproximou e eu vi seu corpo tremer levemente, sentindo o medo transpassar por nossa ligação maluca, já não sabia se era o meu medo ou o dele que me deixava mais assustada.
Ele se posicionou em frente a fenda brilhante "eu passo primeiro e te espero do outro lado" disse ele e atravessou antes que eu pudesse responder alguma coisa.
Olhei para os lados, confusa, me perguntando se deveria atravessar ou não. Respirei fundo, fechei os olhos e pulei. Era uma sensação horrível, sentía meu corpo girar como em um carrossel descontrolado, era interminável. Meus olhos brilhavam por dentro de tanta luz que havia naquela fenda e, de repente tudo se acalmou, senti braços firmes me envolverem e ouvi o coração de alguém pulsando. Antes de abrir o olho reconheci o perfume, Kookie.
Abri os olhos e o vi, respirei aliviada e retribuí o abraço.

— Então é aqui? — Perguntei confusa.
— Sim... É aqui... Faz tanto tempo que não venho aqui, tudo parece estranho agora.
— Deve ser... — Eu não sabia o que dizer.

Olhei ao redor, as árvores eram enormes, saturadas de um tom de verde azulado assim como a terra, era como um mundo igual ao meu, mas completamente diferente. A ideia de o TaeTae estar por aqui em algum lugar me assustou mais. Sentei no chão tentando me recuperar do choque e esperei até que meu corpo pudesse me responder novamente...

Meu lindo Híbrido... Meu Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora